Diocese cria comissão de combate a abusos contra crianças, adolescentes e vulneráveis

Cerimônia também foi marcada pelo lançamento da Campanha da Fraternidade 2021

A Diocese de Montenegro anunciou na manhã desta Quarta-feira de Cinzas, 17, a instalação da Comissão Diocesana Especial de Promoção e Tutela de Crianças, Adolescentes e Vulneráveis. A cerimônia foi transmitida ao vivo pelas redes sociais da Diocese e do Jornal Ibiá.

Segundo Dom Carlos Romulo Gonçalves e Silva, bispo da Diocese de Montenegro, a criação da comissão foi uma recomendação do Vaticano para todas as dioceses. “Essa comissão quer ser um gesto da nossa igreja de proteger, acompanhar e, se for o caso, até punir situações que atentem contra a vida e a integridade de crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis.” Segundo o bispo, será feita uma ampla divulgação em toda a Diocese para que todos que se sintam lesados por algum membro da igreja possam apresentar denúncia e ter o caso investigado pela comissão.

A comissão será composta pelos seguintes integrantes: Padre Diego Knecht, Maria Alice da Silva, assistente social; Leandro Machado Carpes de Oliveira, policial civil; Leila Regina de Oliveira, conselheira tutelar; e Luciana de Oliveira da Silveira Primas, psicóloga. A coordenação da comissão ficará a cargo do Padre Diego Knecht e a conselheira tutelar Leila Regina de Oliveira será a secretária. Já a sede da comissão será a Cúria diocesana de Montenegro, localizada na rua Assis Brasil, 1167, Centro.

De acordo com o advogado Gabriel Joner, do departamento jurídico da Diocese de Montenegro, a comissão já vinha sendo pensada e elaborada há cerca de um ano. “Essa comissão é fruto daquilo que o Papa Francisco já indicava desde o início do seu pontificado, de realmente dar a devida proteção a essas crianças, adolescentes e todas as demais pessoas em situação de vulnerabilidade”. Segundo o advogado a comissão terá dois propósitos, o primeiro é ter um caráter preventivo, atuando para que qualquer forma de agressão seja evitado. E o segundo é atuar para que todas as denúncias que cheguem até a comissão sejam investigadas e se for o caso aplicadas as devidas punições.

A comissão irá atuar da seguinte forma: o primeiro passo é a apresentação de denúncia, que poderá ser feita através de telefone ou email que ainda serão divulgados. Uma vez apresentada a denúncia, será aberta a investigação que irá ouvir a vítima, eventuais testemunhas e o acusado. Esse processo será feito pelos profissionais que compõem a comissão. “Nós tomamos o cuidado de convidar para fazer parte da comissão pessoas que atuam nas mais variadas instâncias. Então nós temos psicóloga, integrante do conselho tutelar, policial civil, assistente social e religiosos. Se tratando de criança, esse manejo será feito sobre o crivo de uma psicóloga para que ela tenha condições de relatar alguma situação que ela tenha vivenciado”, destaca o advogado.

A comissão não terá nenhum poder legal, por isso no caso de haver a comprovação de algum abuso, o caso será encaminhado para o Ministério Público e a Polícia Civil, para dar prosseguimento às investigações na esfera cível ou criminal. Já no âmbito da igreja, uma vez finalizada a investigação e constatada irregularidade, serão aplicadas as devidas penas relacionadas ao direito canônico. O caso será encaminhado para a Congregação para a Doutrina da Fé, repartição junto ao vaticano, que tem o poder de aplicar sanção ao clérigo, como a perda da sua condição de religioso.

“Nós entendemos que a Diocese deu um passo bastante importante na promoção e na tutela das pessoas em situação de vulnerabilidade. Nosso desejo é que tenhamos esse caminho de acolhida seguro e que todos possam viver o evangelho”, aponta Dom Carlos Romulo Gonçalves e Silva.

Campanha da Fraternidade
Durante a coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, na Cúria de Montenegro, também foi lançada a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021. O tema desse ano será: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, com o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade”.

A Campanha da Fraternidade Ecumênica acontece a cada cinco anos e congrega diversas denominações cristãs, valorizando o que cada Igreja tem de bom. O objetivo geral deste ano é através do diálogo convidar as comunidades que fazem parte das igrejas a avaliar e identificar caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual.

Além de membros da Igreja Católica, participaram da cerimônia de lançamento em Montenegro o Reverendo Ives Vergara, da Igreja Episcopal Anglicana e o Diácono Derio Mielke, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. Para Dom Carlos, bispo de Montenegro, “esse é um momento de comunhão que une as igrejas e essa unidade é que o senhor espera de todos nós”.

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