Dia de Finados foi marcado por lágrimas, carinho e lembranças de quem partiu

TRADIÇÃO. Foi intenso o movimento nos cemitérios de Montenegro

Na manhã dessa terça-feira, 2, seu Adão Paulo Machado, 72 anos de idade, sentava, sozinho, em frente ao túmulo da esposa no Cemitério Municipal de Montenegro. Apesar de a tradição já levar a maior parte das pessoas aos campos santos, anualmente, no feriado de Finados, a presença de Machado ali é bem mais frequente. Nestes seis meses desde quando perdeu a companheira para uma luta contra o câncer, todo sábado ele visita o local onde o amor de sua vida foi sepultado. Foi a alternativa que achou para tentar diminuir o efeito de uma saudade que só faz aumentar.

“Eu conheci ela quando eu tinha quatorze anos de idade. Ela foi a minha primeira namorada e estávamos há 54 anos juntos”, confidenciou ele à reportagem com olhos marejados de lágrimas. Por um ano e sete meses, Adão ficou ao lado da esposa, que lhe deu quatro filhos, brigando contra uma doença que acabou vencendo. “As pessoas dizem que esse é o ciclo da vida, mas não é nada fácil”, desabafou. O aposentado se apega à esperança de que, de alguma forma, a companheira está, hoje, em um lugar melhor. Um dia, quando chegar sua hora, diz que quer reencontrá-la. “Mas isso, só quem sabe é quem já foi”, ponderou.

Visitação é ato de respeito
Se a morte é certa, quase tão certo quanto é o fato de que, pra quem fica, a tristeza pela perda dos entes queridos até abranda com o tempo; mas o carinho e o amor são permanentes. “A saudade do meu pai é demais”, admitiu a aposentada Wally Vera de Souza, de 67 anos de idade. Como muitos fizeram nessa terça-feira, ela foi, acompanhada do companheiro, Vaceli Lopes de Souza, limpar e enfeitar com flores a sepultura da família no Cemitério Evangélico de Montenegro. Além do pai, no mesmo local também estão sepultados a sua avó e bisavó. “Nós viemos, fazemos uma oração. Pedimos para que eles fiquem com Deus, junto ao Pai”, completou ela.

Wally Vera de Souza e Vaceli Lopes de Souza enfeitam a sepultura da família com flores

“A gente sabe que não tem mais nada, mas é um carinho que temos”, avaliou a artesã Rosemeri Maria da Silva, de 54 anos, enquanto trabalhava nos enfeites da sepultura do pai e da irmã no Cemitério Católico de Montenegro. Para o companheiro, Paulo Mattos, de 58 anos, a tradição do dia de Finados também é uma questão de respeito. “Nós vemos que muitos já não dão bola para isso. Mas é como se, na casa da gente, já não cortássemos mais a grama, já não limpássemos mais as calçadas. É um respeito manter”, opinou. Com muitos entes queridos no campo santo, a visita também é momento de recordações. “A gente lembra dos momentos que vivemos com eles”, disse.

Rosemeri Maria da Silva e Paulo Mattos destacam o carinho e o respeito com os que já partiram

“Vamos recordá-los com gratidão”, pede padre
Não só nos cemitérios do bairro Cinco de Maio, o dia de Finados, em Montenegro, também teve intensa movimentação nos cemitérios do interior. No campo santo da localidade de Muda Boi, o fluxo de visitantes foi intenso, especialmente na parte da manhã. Por lá, junto à Cruz das Almas, o padre Pedro Nicolau Schneider conduziu uma celebração. Trouxe uma tocante mensagem sobre lembrar dos bons momentos e dos abraços daqueles que se foram. “Se nós nos recordarmos com ternura e com carinho, vamos recordá-los com gratidão. Vamos agradecer a tudo aquilo que eles deixaram de bonito, de abençoado, e de querido”, declarou às dezenas de fiéis presentes.

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