O Brasil está em posição mediana no panorama da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) sobre perdas e desperdício na América Latina, mas apresenta boas práticas, como as centrais de abastecimento (ceasas) e bancos de alimentos, que fortalecem e integram a atuação das unidades de segurança alimentar e nutricional.
O grande problema pela frente, segundo disse à Agência Brasil o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, é que o país ainda tem entre 10% e 30% de alimentos desperdiçados desde a colheita até o consumidor, chegando a 40% em alguns casos.
“É ao longo da cadeia que acontecem distintas porcentagens [de desperdícios]”, afirmou Bojanic, que participou do seminário Sem Desperdício – Diálogos Brasil e União Europeia, promovido essa semana no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) pela FAO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a organização não governamental WWF-Brasil. O seminário reuniu especialistas da Dinamarca, Espanha, França, Holanda e Suécia, além de pesquisadores brasileiros e representantes do varejo e indústria nacionais.
Alan Bojanic disse que experiências internacionais bem-sucedidas podem ser adotadas no Brasil para que haja redução substantiva dessas perdas. “Porque não é só uma questão ética, mas também tem uma dimensão ambiental muito forte, [como] as emissões de gases de efeito estufa muito grandes dos alimentos que são desperdiçados. Tem uma questão financeira, econômica, social”.
Segundo o representante da FAO no Brasil, as campanhas de comunicação bem financiadas e de londo prazo existentes na França, com a meta de mudar a atitude dos consumidores, poderiam ser adaptadas ao Brasil. Esse marketing objetiva mostrar à população que o país está enfrentando um problema muito grande e, ao mesmo tempo, como podemos ir mudando o comportamento para tornar realidade a redução do desperdício de alimentos, indicou.
Da Espanha, citou a questão legislativa como exemplo exitoso a ser copiado, em termos de acordos firmados entre a sociedade civil e os governos. Destacou que o seminário está sendo também uma ótima oportunidade de mostrar para os estrangeiros as boas experiências brasileiras que podem ser exportadas, entre as quais os bancos de alimentos, cuja eficiência e qualidade não existe em nenhum outro país da América Latina.
Bojanic considerou muito interessante a experiência que vem sendo desenvolvida pela Embrapa no sentido de desenvolver embalagens que protejam e aumentem a vida útil dos alimentos. “As embalagens estão no centro da discussão”, garantiu. Nesse sentido, salientou a questão da tecnologia para produção de produtos de maior durabilidade, além dos segmentos de transporte e distribuição.