Desavença familiar termina com dois mortos em Capela

Duplo homicídio. Crime ocorreu na manhã da última sexta-feira, dia 14

Um desentendimento familiar foi a ponta do iceberg que resultou na morte de duas pessoas na manhã da última sexta-feira, dia 14, em Capela de Santana. Lucas Bitello e Maria Lisiane Stroher Both não resistiram aos ferimentos causados por golpes de faca desferidos por Arnoldo Stroher Neto, irmão de Maria Lisiane e cunhado de Lucas. O crime ocorreu dentro do pátio da propriedade da família, no bairro Divisa. O autor dos golpes, de 26 anos, foi preso em flagrante e responderá pelo crime de duplo homicídio doloso, quando há intenção de matar.

Esposa de Lucas e irmã de Maria Lisiane, a enfermeira Lusiane Stroher estava trabalhando na hora em que ocorreu a tragédia e foi informada pelos filhos, que viram tudo pela janela de casa e ligaram desesperados para avisar a mãe e pedir socorro. Quando Lusiane chegou ao local, a ambulância do Samu ainda não havia chegado. Ela ajudou os enfermeiros a colocar o marido na ambulância, mas ele faleceu poucos minutos depois.

“O Lucas sempre foi um defensor de tudo. Ele era bombeiro civil, e fazia de tudo para ajudar todos ao redor. Sempre conseguiu amar todo mundo, pessoas e animais. Ele e o Arnoldo foram colegas de trabalho, o Lucas ajudou muito ele, pois gostava muito dele. Mas o Arnoldo seguiu outro caminho há dois, três anos”, relata Lusiane.

A família Stroher mora na mesma propriedade, que pertence ao pai de Lusiane, Maria Lisiane e Arnoldo. Eles têm outros dois irmãos. São cinco residências. Esposa e irmã das vítimas, Lusiane frisa que a família sempre foi muito unida, mas Arnoldo optou por outro caminho. Em seu último casamento, o irmão passou a ter um comportamento diferente, gerando os conflitos familiares “A mãe construiu a casa dele praticamente ao lado da nossa, para ele morar com a atual mulher. Antes de ele conhecer essa mulher, ele nos ouvia, depois passou a escutar somente ela”, pontua.

Padrinhos da filha mais velha de Arnoldo, Lusiane e Lucas passaram a tentar viver em “seu canto” a partir do momento em que o irmão passou a ter um comportamento diferente com a família. “Tentávamos ignorar, mas acho que ele não superou o fato de que a gente conseguiu viver sem ele. Nossa boa relação com os filhos dele também deve ter incomodado muito ele”, salienta Lusiane.

A irmã do acusado conta que Arnoldo era impulsivo e não aceitava ser contrariado, mas não imaginou que o irmão fosse capaz de fazer o que fez. Na propriedade, Arnoldo cuidava de uma vaca, que frequentemente se enrolava nos fios e derrubava o poste de luz da casa de Lucas e Lusiane. O pai de Arnoldo e Lusiane fez uma cerca de arame para que a vaca não se enrolasse mais nos fios e derrubasse o poste.

No entanto, Arnoldo não queria a cerca ali. Lucas pediu para o cunhado não tirar a cerca feita pelo sogro. Contrariado, o acusado chamou o “vizinho” para a briga algumas vezes, e por volta das 10h30min da última sexta, partiu para cima de Lucas. Com uma faca cabo de tatu (20 cm de lâmina), Arnoldo golpeou a vítima algumas vezes. Maria Lisiane chegou para tentar tirar o irmão de cima de Lucas, mas também acabou golpeada. Ela foi levada para o Hospital Montenegro, passou por cirurgia, mas não resistiu.

“Se algum dia eles (Arnoldo e sua mulher) voltarem a morar aqui, eu me mudo. Não quero vê-los nunca mais. Somos entre cinco irmãos, mas o Arnoldo, para nós, não existe mais”, declara Lusiane. “Ele ficou sentado na frente de casa com a faca na mão, olhando nosso desespero. Espero que ele pague pelo que fez e fique muitos anos preso”, diz Carlos Both, marido de Maria Lisiane.
Lucas deixa três filhos, sendo duas meninas gêmeas, de 12 anos, e um menino de 7. Maria Lisiane deixa um menino de 9 anos.

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