Depois de perder o braço, Mateus se recupera e já pensa no futuro

Perseverança. Jovem não se deixa abater pelo grave acidente que sofreu

Esta segunda-feira encerra a primeira semana desde que Mateus Trevisan recebeu alta e voltou para casa. O jovem brochiense, de 18 anos, sofreu um grave acidente no dia 18 de janeiro. Enquanto ajudava o pai a fazer silagem, ele perdeu seu braço direito. Após mais de um mês internado no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas, Mateus vai se adaptando e planeja o seu futuro.

Acostumado a escrever com a mão direita, agora ele pratica um pouco a cada dia a escrita com a mão esquerda. O caderno com algumas folhas já preenchidas mostra uma caligrafia forte e decidida, como Mateus. Em razão do acidente, que aconteceu justo no dia em que foi fazer a matrícula no curso de Engenharia de Produção na Feevale, sua família acabou trancando a faculdade. Porém, o desejo do jovem é retomar este projeto já no meio do ano. “Vou ver o que dá para fazer. Vou tentar uma oportunidade de trabalhar e estudar lá. Quando vê, dá certo. Mas, se não der, bola para frente”, afirma.

Em outras áreas, a adaptação está sendo rápida, inclusive ajudando a sua mãe em tarefas domésticas. “Ele até já quer lavar as louças”, conta Mareli Trevisan, 45 anos. O que ajuda muito o rapaz são as visitas. “Elas (as visitas) são muito importantes, eu gosto muito. A gente chora de vez em quando, mas isso faz parte”, afirma Mateus. Segundo ele, o principal fluxo é de familiares, vizinhos e ex-colegas do Ensino Médio.

O jovem agradece ainda à comunidade brochiense, que demonstrou união no momento em que ele precisou de doadores de sangue. “Não era só eu quem precisava de sangue. A comunidade ajudou um monte de gente que talvez não tivesse uma chance, mas, com a doação dessas pessoas, puderam ter”, destaca.

Mãe e filho agradecem todo o apoio recebido da comunidade nas doações de sangue

Mateus, que era acostumado a acordar cedo e a trabalhar todos os dias, recorda que, no hospital, a sua rotina mudou bastante, mas encara a experiência como algo bom. “Conheci outras pessoas e fiz novas amizades”, comenta. Inclusive, amanhã ele voltará ao HPS para uma reconsulta para avaliar o seu ferimento. No futuro, outras visitas ao hospital de Canoas podem ocorrer, já que os médicos disseram que Mateus poderá optar por uma prótese no futuro.

Susto e aprendizagem
“Para ele é mais difícil, mas nem é o braço da gente e parece que não conseguimos nos conformar”, relata a mãe de Mateus, mostrando que a dor sofrida pelo filho mais novo foi dividida com o pai e as irmãs Scheila e Denize. “Por quê com ele? Não sei se um dia a gente vai conseguir uma resposta”, lamenta Mareli. Porém, aos poucos, a família vai se conformando.

Seguir adiante é o que já faz Mateus. Vendo tudo o que aconteceu desde meados de janeiro como um grande aprendizado, o jovem brochiense admite que, no início, foi difícil, mas ele não deixou se abalar e já pensa no seu futuro, mostrando grande perseverança e servindo de exemplo de como se deve encarar a vida em momentos de provação.

O acidente
Após ir para Novo Hamburgo fazer sua matrícula no curso de Engenharia de Produção na Feevale, Mateus retornou para casa e foi ajudar o pai Luiz Bernardo, 50 anos, a fazer o último carroção de silagem. Acostumado com o trabalho no campo desde pequeno, auxiliar o pai nessa atividade era uma prática comum que, naquele dia 18 de janeiro, teve um final trágico. “Foi muito rápido, nem sei como explicar. Acho que foi a luva que atrapalhou um pouco”, relata o jovem que, na sexta-feira daquela semana, faria a prova prática de direção para tirar a sua Carteira Nacional de Habilitação.

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