Mãos pequenas e delicadas que contrastam com a fala convicta. Artesã ainda não registrada, Isabel Rocha, 31 anos, encontrou nos feltros, tecidos e miudezas uma oportunidade de renda. Há três anos sem conseguir se reintegrar ao mercado de trabalho, ela descobriu por acaso a habilidade com a costura.
Unicórnios, Alice no País das Maravilhas, personagens da Hora de Aventura; nenhum desafio é negado pela artista. Muito crítica com suas produções, Isabel conta que a dedicação já tem rendido frutos e, pouco a pouco, a produção tem aumentado.
“Comecei na gravidez do meu segundo filho, por hobbie, quando trabalhava em uma loja de tecidos. Aprendi tudo pela internet, pesquisando vídeos. Estou sempre em busca de ideias e baixando moldes. O que o cliente pedir, eu faço”, destaca.
Com ateliê improvisado na sala de casa, sonhos e anseios de quem recém está iniciando a carreira, Isabel nutre o sonho de concluir o Ensino Médio e ingressar em uma faculdade na área de corte, costura e modelagem. “É uma profissão que se consegue tirar um bom dinheiro, conforme as encomendas do mês. E estou investindo no meu negócio. Com o último pedido consegui comprar uma máquina de costura nova”, salienta, feliz com o progresso.
Parcerias e valorização
Uma mão lava a outra, já diz o ditado. A junção de profissionais independentes distintos, para a realização de trabalhos, só vem para somar. E há um ano investindo nessa ideia, a artesã e a fotógrafa Daniela Angeli tocam uma parceria. “A Dani solicita materiais para o cenário, e é cada coisa. Eu sempre aceito o desafio e isso traz visibilidade às minhas produções”, enfatiza.
Apesar da delicadeza, demora – até um dia de produção, dependo do personagem – e custos que envolvem o trabalho, Isabel destaca a falta de valorização. No valor final do produto todas essas variáveis já estão inclusas, mas muitas vezes, segundo ela, as pessoas não compreendem.
“Gasto muito, pois invisto em material de boa qualidade, como enchimento de fibra siliconizada. O metro do feltro costuma custar R$18,90. Dependendo da encomenda, compro muito. Fora que sou bem detalhista; costuras e acabamentos precisam estar impecáveis. Mas quando eu não produzia e era só consumidora, costumava achar caro também’, salienta.
De unicórnios às almofadas Star Wars
No mundo de Bel Arteira, marca escolhida para assinar seus produtos, nada é impossível. Almofada ou miniaturas em feltro de Harry Potter? Dá! Almofada de Star Wars ou Minions? Tem!
“Eu criei uma página no Facebook, com arte feita pelo meu marido, que é publicitário, e comecei a movimentá-la para divulgar meus produtos, neste ano. Antes eu tinha medo de não dar conta de encomendas ou das produções não serem boas suficientes. Respeitei meu tempo e a maturidade do meu trabalho”, diz.
Apesar de não ter participado de nenhuma feira de artesanato na cidade, pela burocracia que envolve e por não ter a habilitação para a função de artesã, Isabel Rocha tem utilizado a noite para produzir e aperfeiçoar sua técnica.
“Entre fronhas, almofadas, que eu mais gosto de fazer, chaveiros, bonecas de pano e móbiles, eu tenho conseguido tirar uma renda. No mês com mais encomenda consegui faturar em torno de R$910,00. Apesar disso, como é instável e varia por encomenda, tenho muita insegurança ainda”, conclui.