Delegado fala sobre a prisão de proprietária de creche envolvida em agressão contra menina

A diretora e proprietária da creche Arco Íris, de São Sebastião do Caí, onde uma menina de 2 anos foi agredida por uma monitora na semana passada, está presa desde segunda-feira por fraude processual, crime com pena de até 4 anos. Ela contratou um técnico de informática para apagar as imagens do HD do sistema de monitoramento da instituição localizada no bairro Quilombo. O profissional também foi preso. Os dois foram levados à Penitenciária Modulada de Montenegro. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

Nessa terça-feira, quando a reportagem do Jornal Ibiá foi até o local, a escola estava fechada. Na entrada da instituição, agora envolta em um grave caso de agressão contra uma criança e investigação para apurar a existência de outros, chama a atenção uma frase do educador e filósofo Paulo Freire: “Quem ensina aprende ao ensinar, quem aprende ensina ao aprender”.

O delegado Marcos Eduardo Pepe, respondendo pela Delegacia de São Sebastião do Caí, solicitou à dona da instituição cópia de todas as filmagens, e não somente a da cena onde uma monitora aparece supostamente tentando asfixiar a menina, entregue durante a denúncia na semana passada. “Na oitiva, da suspeita (a monitora presa), ela relatou que não foi um fato isolado, que haveria outros fatos comprometedores”, comenta o delegado, reforçando o trabalho para apurar outros casos de maus-tratos no local.

A proprietária havia se prontificado a entregar as filmagens na manhã de segunda-feira, mas não cumpriu com o combinado. Então, foi acordado com a Polícia que a extração das imagens seria realizada à tarde, com o acompanhamento de peritos. Mas, quando os policiais chegaram ao local, receberam apenas o HD com as imagens deletadas. “Ou seja, ela pagou para alguém apagar as imagens do HD. Eles foram presos por fraude processual, crime com até quatro anos de prisão. E ela também por apagar provas da materialidade de crimes graves, importantes, e por estar atrapalhando a investigação”, comenta Pepe. “A gente presume que deva ter algo de muito grave e que possa, certamente envolver ela”, completa.

O técnico de informática receberia R$ 50,00 pelo serviço. Mas foi preso antes de ser pago. Por ironia, nos únicos três minutos de imagens registradas no HD entregue à Polícia, aparece o carro do profissional em frente ao local.

 

Relatos de outros casos de maus-tratos

O delegado Pepe ressalta o fato de, durante o trabalho de investigação, terem sido ouvidos pais de alunos e funcionárias das escola. Há o relato de outros casos de maus-tratos envolvendo a Arco Íris. Em um deles, em junho de 2017, a mãe de um aluno registrou um boletim de ocorrência por seu filho ter sido empurrado por uma cuidadora. Em outra situação, um aluno teve a camiseta rasgada. A monitora, a mesma presa pela agressão a menina de 2 anos, alegou que um colega do menino teria cometido o ato. Contudo, outra funcionária negou o fato. Também há o relato de uma pessoa ligando a proprietária ocorrências graves contra crianças.

Chama atenção nessa história o fato de a denúncia sobre tentativa de asfixia ter sido feita pela proprietária. “Já havia uma investigação por parte do Ministério Público com relação à creche e ela, talvez para desviar o foco da atenção, teria feito essa denúncia contra essa funcionária, que foi demitida por justa causa”, acredita Pepe. A monitora deve responder por tentativa de homicídio qualificado ou, ao menos, pelo crime de tortura.

Últimas Notícias

Destaques