De férias, Isa fala sobre adaptação na Espanha, Inter e Seleção Brasileira

Futebol. Zagueira ajudou o Sevilla a permanecer na primeira divisão

Jogadora brasileira mais jovem a assinar um contrato profissional na Europa, a zagueira montenegrina Isadora Haas Gehlen, de apenas 18 anos, desembarcou na Espanha no começo de janeiro e foi fundamental para o Sevilla na reta final da temporada. A atleta entrou em campo seis vezes pela Liga Espanhola e ajudou a equipe a permanecer na primeira divisão. De férias em sua terra natal, Isa aproveita para matar a saudade da família e da culinária brasileira, além de assistir aos jogos da Copa do Mundo Feminina.

Os primeiros cinco meses de Isa Haas na Espanha foram intensos, assim como o futebol é jogado no Velho Mundo. Quando confirmou sua transferência para o Sevilla, a jogadora de Montenegro se tornou a atleta brasileira mais nova a assinar um contrato profissional com um clube europeu. Sua estreia pela equipe espanhola, apesar do resultado, foi emblemática. A zagueira entrou no segundo tempo da partida contra a Real Sociedad, fora de casa, pela semifinal da Copa da Rainha.

O Sevilla foi eliminado da competição com a derrota por 3 a 1, mas o jogo acabou sendo inesquecível para Isa. “Foi bem impactante para mim. Era meu primeiro jogo e tinha cerca de 20 mil pessoas no estádio”, recorda.

Após a estreia, a jogadora da cidade atuou em outras seis oportunidades, todas pelo campeonato nacional. Uma das partidas, inclusive, foi contra o poderoso Barcelona, que ficou com o vice-campeonato espanhol (o Atlético Madrid foi o campeão). Quando Isa chegou ao Sevilla, a equipe ocupava a 16ª e última posição da Liga Espanhola. A entrada da montenegrina no time surtiu efeito imediato, a equipe se livrou das últimas colocações e terminou a competição no 11° lugar.

Com a zagueira de apenas 18 anos em campo, o Sevilla conquistou quatro vitórias em seis partidas. Após meio ano na Espanha, a atleta da cidade destaca as diferenças do futebol europeu para o brasileiro. “No começo foi um choque, muita diferença. Tanto futebol, quanto cultura. O europeu é muito frio e tem muita paciência. A estrutura que tem lá (gramado mais ralo) faz os jogos serem mais intensos. Até os gandulas, aqui no Brasil era muito devagar. Lá o futebol é muito mais profissional, eles tratam como um trabalho. O brasileiro envolve muita paixão”, ressalta.

Da negociação com o clube espanhol até a chegada na cidade de Sevilha, foi tudo muito rápido. Isa conta que não teve tanto problema de adaptação com o futebol espanhol, mas demorou a se acostumar com a cultura local. “Eles falam muito rápido, no início tive bastante dificuldade com o idioma.
Agora já entendo bem, estou estudando. O espanhol sul-americano é diferente do idioma falado lá. Senti muita falta de arroz e feijão. Lá eles comem muito peixe e salada, não existe buffet”, frisa.

“Comi muita comida mexicana, porque tinha feijão, e muita comida árabe, pois tinha arroz. Dos meses que fiquei na Espanha, choveu uns três dias só. Em Sevilha chega a fazer 45°C no Verão. Para jogar, esse clima atrapalha muito”, acrescenta a zagueira.

Com contrato até o dia 30 deste mês, Isa ainda não sabe se continuará no Sevilla. Ela admite que há times interessados em contar com seu futebol para a próxima temporada, mas garante estar tranquila quanto a isso. “Os empresários estão cuidando disso”, declara.

Zagueira tem contrato até 30 de junho com o clube espanhol. Foto: La Liga / divulgação

Isa expressa desejo de voltar ao Inter
Isa Haas deu seus primeiros toques na bola nos gramados de Montenegro, mas foi no Inter que recebeu sua primeira grande oportunidade no futebol. Até o final do ano passado, a zagueira de 18 anos defendia as Gurias Coloradas. Neste ano, rumou para a Europa, a fim de realizar seu sonho. No entanto, mesmo de longe, não deixou de acompanhar as ex-colegas.

Em 2019, a mulherada do Inter disputa pela primeira vez o Brasileirão Feminino Série A1 e vem fazendo bonito. Após nove jogos, as Gurias Coloradas ocupam a terceira colocação, com sete vitórias e somente duas derrotas. “Mesmo com tantas mudanças no grupo de jogadoras, o Inter está muito bem, atrás apenas de duas potências no futebol feminino (Corinthians e Santos)”, analisa a atleta de Montenegro.

Agora vestindo a camisa 3 do Sevilla, Isa recorda com carinho sua passagem pelo colorado e admite o desejo de retornar ao clube no futuro. “Me identifiquei muito com o Inter, me sentia muito bem em trabalhar lá. Tenho o desejo de voltar um dia, por ser o clube que abriu as portas para mim”, completa.

Zagueira tem contrato até 30 de junho com o clube. Foto: La Liga / divulgação

“Nunca podemos deixar de acreditar no Brasil”
A Seleção Brasileira entra em campo nesta quinta-feira pela segunda rodada da Copa do Mundo Feminina. Após vencer a Jamaica na estreia por 3 a 0, a equipe verde e amarela pode se garantir na próxima fase caso vença a Austrália, em partida que inicia às 13h. Na torcida pelo título inédito do Brasil, Isa Haas acredita que a mulherada brasileira pode desbancar as favoritas na França. “Acredito no potencial do Brasil, mas ainda falta um encaixe na equipe. Temos jogadoras muito boas no elenco”, enaltece.

A zagueira da cidade considera o duelo com as australianas o mais complicado da Seleção Brasileira na primeira fase. “Acho que esse jogo será o mais competitivo do grupo. Em Copa não se pode errar. O Mundial é sempre uma oportunidade para a gente crescer. A Seleção não vinha em um bom momento, eram nove derrotas seguidas, mas nunca podemos deixar de acreditar no Brasil”, reforça.

Se hoje a montenegrina acompanha a Copa do Mundo pela TV, daqui quatro anos ela pretende estar dentro das quatro linhas do campo. “É um objetivo pessoal que tenho, vou trabalhar para chegar lá”, afirma Isa, que disputou o Mundial Feminino Sub-17 no ano passado e foi a capitã brasileira no torneio. “Não via isso (ser capitã) como pressão ou responsabilidade, mas como oportunidade de poder mostrar meu trabalho. O interesse do Sevilla surgiu durante o Mundial”, revela.

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