Dança do Ventre: uma prática para todos os corpos e idades

Aos 62 anos de idade, a montenegrina Iró Franco dedica sua vida à arte da dança do ventre. Proprietária e professora do estúdio Karima Dilshad, conta que iniciou na prática há 20 anos por recomendação médica e que chegou a pensar que não iria além da diversão. Desde então, foram anos ensaiando, muita dedicação, competições e concursos, que lhe renderam quatro medalhas em nível estadual: três de primeiro lugar e uma de segundo.
“Eu iniciei com trabalho voluntário em uma creche por meados de 2003. Quando chegou o fim do ano letivo, os pais aprovaram o projeto e muitos quiseram dar continuidade às aulas para seus filhos. De modo improvisado, esvaziei minha sala de estar e comecei as práticas, informalmente, com seis crianças. Em 2006, legalizei a atividade e abri o estúdio”, conta.

Apaixonada por toda a cultura e história que envolve a dança do ventre, Iró lamenta apenas que ela ainda não esteja democratizada em todos os espaços, o que atribui, principalmente, ao preconceito e a estigmas profundamente enraizados.

“Em muitos filmes produzidos, a dança do ventre é apresentada atrelada exclusivamente à sensualidade, sexualidade. E não é o sentido, absolutamente. Essa é uma prática maravilhosa, cultural. Ensina a pessoa a se conhecer, conhecer seu corpo. Aceitar-se. Esse processo de autoconhecimento traz contribuições importantes à autoestima”, relata.

Prática singular
Quadris que mexem para cima e para baixo, movimentos sutis com braços, pernas e mãos. Com 25 alunos de dança do ventre, a professora explica que todos os ensinamentos que passa foram aprendidos nas aulas do Joia do Nilo, com a mestre Tais Bernardes. Sempre em busca de mais conhecimento, Iró participa de eventos e workshops relacionados e destaca a ausência de locais de pesquisa (também na internet) para estudos.

“São três níveis: básico, intermediário e avançado. No básico, movimentos básicos e dois ritmos são ensinados. Em torno de um ano, dependendo da particularidade de cada aluno, esse nível pode ser superado”, informa Iró.

Já no intermediário, a manipulação de instrumentos, como espada, pandeiro e castanhola árabe passam a ser ensinados. Além dos 10 ritmos necessários de aprendizado, em um tempo de até dois anos. “E no avançado já são praticadas coreografias, juntamente com a manipulação de objetos, improvisação e o restante dos ritmos, que somam 17”, pontua.

Ritmos, explica, são estilos musicais como o pagode, valsa, samba, bolero. “Muitos movimentos feitos, nenhuma outra prática proporciona, que eu tenha conhecimento. Mexer ambos os lados do quadril para baixo, movimento chamado Oito Maia, é um deles”, diz.

O objetivo é continuar enquanto tiver saúde
Com muita vitalidade e paixão pela manifestação corporal e artística, Iró pretende continuar dançando enquanto tiver saúde. E além do amor que nutre pela dança, defende os benefícios trazidos por ela, que incluem a socialização, melhora da autoestima e ganhos físicos. “E não há idade mínima e máxima e nem padrão corporal para poder participar. Tanto quem tem o corpo muito magrinho quanto a pessoa que está cima do peso estão aptos. Dos 6 aos 60”, salienta.

Sempre parceira em eventos culturais e sociais produzidos na cidade, a professora confessa que é exigente consigo e com as alunas e argumenta que sempre há como melhorar. “A dança se transformou muito com o passar dos anos. E como tudo. Nas décadas de 50 e 60, por exemplo, os movimentos eram mais sutis. Atualmente, eles são mais marcados, em um estilo mais livre”, conta.

Conhecedora também das vestimentas características, Iró preza sempre pela integridade das alunas, tanto nas aulas como nas apresentações. Folcloricamente, esclarece, as vestimentas cobrem ventre e a cabeça. Na indumentária moderna, livre, são usados cinturão e saia ampla, com abertura da saia da metade da perna para baixo.

“A dança do ventre representa o lado bom da minha vida, é o aplauso viciante. É como respirar, é saúde, integração com meus alunos”, conclui Iró.

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