A tentação é grande. E se muitos já têm dificuldade em ficar sem chocolate em épocas normais, o que dizer quando há todo esse apelo comercial? É difícil caminhar pelo centro da cidade sem ser atraído pelo perfume desse doce. Na hora de fazer as compras do supermercado então, quase impossível passar ileso pelas parreiras repletas de ovos de Páscoa. Fica melhor ainda sabendo que é possível aproveitar a época, sem exageros e com muito sabor.
O chocolate não é a única tentação gastronômica da Páscoa. Para quem gosta de peixe e frutos do mar, o período é de muitas receitas saborosas. Mas é, sem dúvida, no chocolate que estão os maiores temores, já que o peixe, dependendo da forma de preparo, é muito saudável.
Para quem não pode – ou não consegue – abrir mão dos chocolates, o ideal é manter a moderação ou os ponteiros da balança irão se alterar. Isso porque a forma como se consome o cacau mudou muito no decorrer do tempo. E o que hoje consumimos é um produto bem mais calórico que o ingerido por nossos antepassados, conforme explica a nutricionista e coach Cristiane Junges.
O produto era consumido pelos nativos na forma de uma bebida quente e amarga. Os europeus passaram a adoçar e a misturar especiarias para adequá-lo ao seu gosto. Com o desenvolvimento dos processos industriais e técnicas culinárias, surgiu o chocolate com leite e depois na forma de um sólido. Atualmente, é encontrado em diferentes formas que vão desde o sólido, como o chocolate em pó, as barras, os ovos e os bombons, e líquido, como achocolatado ou chocolate quente. Além de ser consumido puro, é também ingrediente de um grande número de alimentos como bolos, todos verdadeiras tentações.
Mas há uma série de diferenças nos produtos disponíveis no mercado. Vale pensar bem na hora de escolher. O chocolate amargo, por exemplo, é um alimento que protege o cérebro e pode contribuir para a diminuição do colesterol ruim e da pressão arterial. “Todos esses benefícios ocorrem porque ele possui boas quantidades de pó de amêndoa de cacau, que é rico em flavonóides”, explica Cristiane. O chocolate é considerado amargo quando apresenta mais de 50% de cacau em sua composição. Quanto maior a concentração de cacau, menor o teor de açúcar do alimento. Os tipos de chocolate amargo mais comuns são os de 60 e 70%, mas atualmente já é possível encontrar barras de chocolate amargo com até 99% de cacau em sua composição.
Isso não significa que o chocolate ao leite, que costuma ser o queridinho dos chocólatras, deva ser totalmente excluído do cardápio. Mas vale pesar benefícios e malefícios antes de devorar aquela barra. “O chocolate ao leite possui grande quantidade de açúcar e de gordura, sendo seus efeitos positivos bem menores. Quanto maior a quantidade de cacau, menor o desejo de comer açúcar, daí mais um motivo para dar preferência ao chocolate amargo”, destaca a especialista.
O chocolate branco é uma escola ruim. Produzido a partir da manteiga de cacau, ele é rico em açúcar e gordura, sendo o tipo de chocolate com menos benefícios à saúde. “Em alguns casos, a manteiga de cacau é substituída pela gordura vegetal hidrogenada, um tipo de ácido graxo que pode conter as gorduras trans, nocivas à saúde”, alerta Cristiane Junges. Uma porção de 30 g desse chocolate tem 170 kcal.
Engorda?
Sim. Se passar do limite do consumo, o ganho de peso será inevitável. E se esse é o medo, melhor ler bem as tabelas nutricionais dos produtos antes de comprar. Um tablete de 30 gramas de chocolate ao leite puro, aquele sem castanhas, frutas cristalizadas, entre outros, fornece 162 kcal. Já uma barra de 120 gramas de chocolate ao leite contém 648 kcal.
Exagerou? Desintoxica
Se houve exagero na ingestão de chocolate, não adianta bater o desespero. Basta partir para medidas que ajudam a eliminar o excesso. Mas Cristiane Junges lembra que isso vai além de tomar um suco especial. Esse processo de desintoxicação vai ocorrer de forma natural e gradativa. “Não basta somente fazer uso de sucos e sopas, é necessário resgatar uma alimentação saudável, que vai desinchar o corpo, favorecendo automaticamente a perda de peso”, destaca a especialista. Nisso se destacam alguns alimentos como a canela, o gengibre e a chia. Eles podem ser incluídos na dieta, pois ajudam a ativar o metabolismo. Respeitar os horários das refeições, tentando comer de três em três horas e a prática de atividade física também ajuda a movimentar o metabolismo e queimar mais calorias.
Versões especiais garantem Páscoa para todos
Existe um mercado crescente de pessoas que não consomem determinados nutrientes, como por exemplo, a lactose, o açúcar e o glúten. Há os intolerantes ao produto e há os que optam em não consumir por se sentirem melhor, por ajudar a manter o peso, como também a reduzi-lo. Mas cuidado para não conseguir um resultado contrário ao esperado.
O chocolate diet é bastante calórico, sendo recomendado apenas para as pessoas com restrição ao consumo de açúcares, como é o caso dos diabéticos. “Para compensar a perda de sabor e consistência que ocorre com a retirada do açúcar, os fabricantes acrescentam maiores quantidades de gordura e sódio à receita, o que torna o chocolate diet ainda menos nutritivo que o chocolate ao leite”, explica Cristiane. Uma porção de 30g de chocolate branco tem 141 kcal.
Para quem tem restrição a algum alimento, o mercado disponibiliza diferentes tipos de chocolate. A começar pelo chocolate de soja, concebido como uma alternativa para quem tem restrições ao consumo de lactose. O leite de soja tem origem 100% vegetal e portanto não possui colesterol. “Além de não apresentar gordura saturada de origem animal em sua fórmula, o chocolate de soja ainda contém isoflavonas, substâncias que têm o poder de atuar como hormônios no organismo”, diz a nutricionista. Uma porção tem 137 kcal.
Assim como o chocolate de soja, o doce feito com alfarroba não possui lactose e é uma boa alternativa para quem quer evitar a cafeína do cacau. Com apenas 0.7% de gordura, é um dos chocolates menos calóricos e também se diferencia por ser rico em fibras. Além da versão em tablete, o chocolate de alfarroba pode ser encontrado em pó e na forma de bombons, e ainda tem a vantagem de não conter açúcar. Uma porção de 25g tem 116 kcal e um bombom com coco tem 95kcal.
Há vários bons motivos para consumir chocolatex
Pesquisas já demonstraram que o consumo diário de até 15 gramas – dois a três quadradinhos – de chocolate com alto teor de cacau (acima de 50%) e baixo teor de açúcar e gordura ajuda a prevenir doenças do coração e pode até controlar os níveis de açúcar no sangue.
Já outro benefício, esse bem conhecido das mulheres, é que o chocolate favorece a produção de serotonina, o neurotransmissor associado ao bem-estar e que combate a depressão. Isso explica aquela vontade de comer chocolate durante a temida Tensão Pré Menstrual (TPM). Além disso, o chocolate contém cafeína, a substância que aumenta o estado de alerta e melhora a disposição.
Pra aproveitar sem medo
– Ao invés de comer um ovo de Páscoa inteiro, divida em pequenos pedaços e vá consumindo aos poucos;
– Opte por versões mais saudáveis: light, sem lactose, com menos gordura hidrogenada;
– Invista em chocolate acima de 50% de cacau;
– Se você está tentando diminuir a vontade de comer doces, deixe um pedaço de chocolate amargo ou extra amargo na bolsa e consuma dois quadradinhos quando a vontade aparecer;
– Pesquisas sugerem que cheirar o chocolate antes de mordê-lo pode ajudar o cérebro a se sentir saciado com uma quantidade menor do alimento. Portanto, na próxima vez que bater aquela vontade incontrolável de devorar um doce, pegue um pedaço de chocolate e cheire por pelo menos três minutos antes de levá-lo à boca. A seguir, passe a mastigar bem lentamente, pois o cérebro precisa de um determinado tempo para enviar o sinal de saciedade;
– Se a vontade que você tem for de comer chocolate, coma um pedaço do chocolate puro, evitando sobremesas mais calóricas como a trufa, a bomba de chocolate ou o mousse, que além do excesso de açúcar ainda contêm muita gordura saturada;
– Evite sempre que possível os chocolates com biscoitos, leite condensado, licor e demais recheios que só aumentam as calorias do chocolate sem trazer benefícios à saúde.