Emater/RS-Ascar ajudará 25 jovens no protagonismo no meio rural
Buscando contribuir na projeção de formas de permanência dos jovens no meio rural e no incentivo ao protagonismo e empreendedorismo, teve início nesta segunda-feira, 17, o curso Empreendedorismo e Desenvolvimento para a Juventude Rural. A formação é de iniciativa da Emater/RS-Ascar, e irá ocorrer até esta quarta-feira, 19.
Ao todo, 25 jovens dos municípios de Barão do Triunfo, Camaquã, Charqueadas, Dom Pedro de Alcântara, Itati, Ivoti, Montenegro, Osório e Viamão participarão do curso que é dividido em seis módulos de três dias cada. O curso se estende até novembro, uma vez por mês no Centro de Treinamento de Agricultores de Montenegro (Cetam).
Os jovens, junto com suas famílias, irão elaborar projetos individuais e/ou comunitários, considerando os aspectos sociais, econômicos, ambientais e culturais das suas realidades. Os extensionistas da Emater farão o acompanhamento técnico durante os períodos entre os módulos, orientando a elaboração dos projetos.
De acordo com a coordenadora do Cetam, Claudete Klein, o curso pretende ajudar os jovens na possível administração das propriedades das suas famílias. “A gente quer fazer um piloto para que as pessoas vejam que dá resultado e invistam nisso. Até porque, se todo mundo vir para a cidade quem irá produzir alimentos? E principalmente, alimento limpo, orgânico, que é o que a Emater trabalha bastante”, diz Claudete.
Os participantes receberão alimentação e hospedagem gratuita, e, para os que ainda estudam, terão suas faltas abonadas pelas escolas. Através de dinâmicas eles aprenderão na teoria e na prática sobre inclusão digital, agroindústria, produto orgânico, cooperativa, aposentadoria, etc. “Todos esse tópicos foram citados por eles mesmos em uma pesquisa prévia que fizemos, até sobre aposentadoria eles já estão interessados”, relata a coordenadora do Cetam.
Na primeira atividade, os pais foram convidados. Com um mediador presente, cada jovem falou o seu sonho para o futuro, e cada pai relatou quais seus sonhos para o futuro do filho.
O bom filho que à propriedade retornou
Há alguns anos, Vagner dos Santos, 22 anos, deixou a propriedade dos pais em Osório ao aceitar um emprego que lhe renderia mais dinheiro numa área que ele desejava. No entanto, o alto custo de vida o fez retornar ao interior, onde passou a ajudar o pai e a mãe na plantação de morango orgânico da família, para alegria de Márcia Elisa dos Santos, 55 anos. “A gente precisava de ajuda e ele está ajudando bastante. Também queremos ajudar ele a ter a parte dele”, destaca a mãe.
Márcia revela que o seu desejo é poder ficar “velhinha” ao lado do marido e ver o filho tomar conta da produção, o que deve se tornar realidade. “Eu já falei para a mãe e o pai: quando se aposentarem eles peguem o dinheiro e vão aproveitar (a vida)”, diz Vagner. De volta à propriedade da família, ele traçou um novo plano para sua vida. O desejo do jovem é assumir a produção de morangos orgânicos da família e também diversificar os cultivos na propriedade.
Para levar esse plano adiante, Vagner sabe da importância de participar de cursos como o de Empreendedorismo e Desenvolvimento para a Juventude Rural. Além disso, o jovem ganha apoio da mãe para se qualificar cada vez mais. “Os cursos ajudam bastante”, crava Márcia. Ela acredita ainda que tais atividades irão auxiliar seu filho a tomar gosto “pela terra” e a crescer como gestor da propriedade rural.
Preparando o caminho para a chegada da terceira geração
Luisa Giovana Schu, 17 anos, é uma das duas jovens montenegrinas inscritas no curso de Empreendedorismo e Desenvolvimento para a Juventude Rural. Para a moradora de Alfama, participar deste momento é uma oportunidade incrível. Mãe do pequeno João Augusto, de 10 meses, ela enxerga no campo uma oportunidade de dar um futuro melhor a ele.
“Gosto da vida no campo, da natureza e quero dar continuidade (ao trabalho dos pais). Pretendo passar isso para meu filho”, reforça Luisa. Querendo ser veterinária quando pequena, a jovem conta que pesou para ela ficar no campo o fato de o irmão mais velho não ter permanecido no interior e de a sua mãe também trabalhar fora, deixando, assim, muitas vezes seu pai sozinho no manejo da propriedade. “Tenho uma oportunidade em casa. Por que sair?”, questiona.
A jovem também mantém fixa a ideia de manter as produções da propriedade – onde hoje são cultivados citros e morangos – o mais próximo da produção orgânica possível. “Fui crescendo e vendo a importância dos alimentos orgânicos”, justifica. Assim, ela tem planejado seu futuro: dar continuidade ao trabalho dos pais e utilizar o mínimo possível de agrotóxico em suas plantações.
Mãe de Luisa, Cátia Schu, 43 anos, entende que a sucessão rural é bastante importante. “A gente já é mais velho e eles (os filhos) têm a cabeça mais aberta”, comenta e destaca que a juventude costuma “pegar firme” tanto no trabalho braçal quanto na gestão da propriedade. Ela conta que a estufa de morangos da propriedade foi feita para que Luisa tomasse conta da produção, responsabilidade que ela assumiu. “Ela ‘se achou’ no morango. Do citros ela não gostou”, contra Cátia e revela que a filha já pensa em diversificar a produção na própria estufa.