Adaptação. Zagueiro montenegrino vive sua primeira experiência no exterior
Entre o desembarque no Japão e a estreia oficial pelo novo clube, passaram-se 30 dias – exatamente um mês. Apesar do curto período vivendo do outro lado do mundo, o zagueiro Eduardo Kunde, de 23 anos, já se sente em casa no país asiático e tem aproveitado cada momento da nova rotina. Não é para menos, já que o atleta nascido em Montenegro está realizando um sonho de criança ao ter sua primeira experiência no exterior.
Kunde chegou à J Village (CT da Seleção Japonesa) no dia 9 de abril. Lá, cumpriu o período de 14 dias de quarentena, antes de conhecer o SC Sagamihara, seu novo clube, no dia 24 do último mês. Mesmo que sua rotina tenha se alterado completamente desde sua chegada ao Japão, o jogador montenegrino garante que vem tendo uma boa adaptação à nova realidade.
“No início, o que mais tive dificuldade foi a questão da culinária. Acabamos comendo só comida japonesa na quarentena, mas agora está super tranquilo, estou até gostando. Achei um mercadinho brasileiro, comprei algumas coisas como café, tapioca, etc., mas de resto, só comida daqui. A questão do idioma, da comunicação, é mais difícil. Para assuntos mais importantes, sempre temos o acompanhamento do tradutor, isso tem me ajudado bastante para resolver algumas questões nessas primeiras semanas”, declara.
Antes mesmo de embarcar para o desafio do outro lado do mundo, Kunde já estudava o idioma para facilitar a adaptação. “Não tenho problema nenhum em me virar. Então, algumas palavras e frases já estou sabendo falar e entender, já consigo me virar bem”, salienta.
Quando acertou a contratação do atleta montenegrino, o SC Sagamihara também confirmou o goleiro Agenor (ex-Inter) como reforço. Os dois viajaram no mesmo voo para o outro lado do mundo e vêm auxiliando um ao outro na adaptação. “Nos demos bem desde o início, e isso ajudou. No clube tem o Yuri Mamute (ex-Grêmio) também, que já estava aqui no ano passado. Ele nos recebeu super bem e nos passou as dicas da cidade. Temos uma relação muito boa”, enaltece.
Em relação às primeiras impressões do país asiático, o montenegrino confirma o que grande parte das pessoas que conhece o Japão diz: os japoneses são extremamente educados e organizados. “Tive uma recepção muito boa, eles fazem questão de te ajudar, são receptivos, muito educados, são amigos, tanto a sociedade em si, quanto aqui no clube. Os jogadores não têm vaidade, não há nenhum tipo de sacanagem, isso é muito legal”, relata.
“Os caras são muito organizados, funcionais e respeitosos. Tudo funciona no país. Não tem aquele estresse. Um exemplo bem claro de diferença com o Brasil é em relação ao trânsito. No Brasil, é muito estressante, os motoristas buzinam o tempo todo. Aqui tu não vê as pessoas buzinarem, os condutores respeitam os pedestres, é uma cultura diferente. Um país muito legal mesmo”, complementa Kunde.
Em pouco mais de um mês no Japão, o zagueiro de 23 anos já criou uma identificação com o país. Agora, ele busca agarrar a oportunidade para fazer história no continente asiático. “Estou bem contente por ter essa oportunidade internacional, é algo que sempre tive o objetivo. Vou fazer o meu melhor, buscar me destacar e almejar coisas cada vez melhores. Tem tudo para dar certo, vou criar meu nome e minha idolatria aqui”, afirma.
Estrutura dos clubes e as características do futebol local
Logo que conheceu as instalações do SC Sagamihara, clube pelo qual assinou contrato de duas temporadas, Dudu Kunde percebeu uma característica que é um padrão no país: a qualidade dos gramados e da estrutura das equipes. Ele frisa que alguns clubes não possuem centro de treinamento, mas os estádios, em sua maioria, são muito bons. “Os gramados são todos acima da média, eles são muito organizados. Acabou o treino ou o jogo, já tem um pessoal que cuida do campo e faz um trabalho detalhista”, ressalta.
Dentro das quatro linhas, o futebol japonês é historicamente mais físico do que técnico. Entretanto, nos últimos anos os clubes do país têm dado uma atenção especial à parte tática, e isso tem tornado os campeonatos nacionais mais qualificados e atrativos para jogadores de todas as partes do mundo. “Aqui se corre mais. Nesse primeiro momento, busquei uma adaptação rápida nesse sentido, pois os treinos são muito intensos, muito dinâmicos, mais até que no Brasil”, analisa Kunde.
“Os jogadores são muito aplicados taticamente, então tem que ter um entendimento rápido para não ficar para trás. Foi o que busquei fazer. Na parte técnica tem alguns pontos a melhorar, mas os jogadores são bons. Tenho aprendido bastante, tenho evoluído nessas primeiras semanas, essa experiência está sendo muito importante”, acrescenta.
O zagueiro frisa que a questão tática, o modelo de jogo, varia de equipe para equipe – assim como acontece no Brasi. Cada clube tem sua filosofia de jogo, alguns optam por sair jogando com a bola no chão desde a defesa, outros preferem a ligação direta, isso vai de cada clube.
O SC Sagamihara é um clube novo, fundado em 2008, e o projeto inovador da instituição foi um fator importante para a ida de Kunde ao Japão. “O clube vem subindo de divisão todos os anos. As expectativas são boas para a J-League 2 (segunda divisão do campeonato japonês). O clube está se estruturando, vai criar um novo estádio. Chegou um novo patrocinador, então o Sagamihara tem tudo para ser uma potência dentro do país”, completa.