Cuidados com instalações de rede elétrica ajudam a evitar incêndios

Em 2017, o Corpo de Bombeiros atendeu a 110 sinistros em Montenegro

Às vezes um descuido, ou um acidente pode colocar em risco tanto o patrimônio quanto a vida de um grupo de pessoas. O Corpo de Bombeiros convive com situações como essas na sua rotina de trabalho. Ao longo do ano passado, foram 110 incêndios em Montenegro, dos quais cerca de 30% em residências.

A média chega a nove por mês ou um a cada três dias. O soldado Ricardo Viegas de Mattos afirma que o volume de ocorrências é alto. Na sua avaliação, boa parte dos sinistros seria evitada se houvesse maior conscientização das pessoas, uma vez que problemas na fiação elétrica e sobrecarga estão entre as causas. Ele acrescenta que, às vezes, as instalações são mal feitas, com muitas emendas nos fios e os moradores ainda colocam vários aparelhos em uma mesma tomada.

Mattos explica que a cidade cresceu nos últimos anos, assim como as necessidades de energia elétrica nas residências. O acesso mais fácil a eletrodomésticos, condicionadores de ar e aquecedores, por exemplo, popularizou seu uso, mas nem sempre a rede elétrica da casa está preparada para o aumento na demanda de energia. “Falta as pessoas se conscientizarem de que, antes de instalar um equipamento elétrico, tem que chamar um eletricista para saber se a rede comporta”, resume. “E se percebe que a maioria dos incêndios ocorre em casas de pessoas com menor poder aquisitivo”, afirma, observando que geralmente o barato sai caro, considerando os prejuízos em decorrência de um incêndio.

O soldado acrescenta a necessidade de mais cuidado também com o uso de gás de cozinha. Mattos esclarece que a mangueira não pode estar passando por trás do fogão, nem encostando para não ficar aquecida. Também lembra que é preciso precaução no uso de fogareiros dentro de casa. Na dúvida, ele sugere que a pessoa contate o Corpo de Bombeiros para obter mais esclarecimentos.

No combate a incêndios, a corporação enfrenta dificuldades de acesso, pois há locais muito estreitos para a passagem do caminhão. Mattos acrescenta que esse problema é agravado por lixeiras e carros estacionados, reduzindo ainda mais o espaço.
Entre os incêndios ocorridos ao longo do ano passado, houve alguns em que a comunidade se solidarizou, auxiliando na reconstrução e ou com a doação de roupas e utensílios para substituir aqueles perdidos com o fogo. Veja alguns dos casos.

Cuidados para prevenir incêndios
– Não una todas as ligações elétricas em um único circuito. Muitos aparelhos em uma só tomada aumentam o risco de curto circuito. Fios desencapados devem ser substituídos ou isolados devidamente;
– mantenha materiais combustíveis distantes do fogão;
– não use cinzeiros como lixo. Papéis, plásticos e outros materiais podem pegar fogo no momento de apagar o cigarro;
– não deixe velas acesas perto de cortinas, papéis, roupa de cama nem de nenhuma espécie de tecido. São materiais que queimam com muita facilidade e rapidez;
– caso sinta cheiro de gás em sua casa, pode ser um vazamento. Não acenda fósforos, isqueiros ou maçaricos e evite também acender e apagar luzes. Chame os bombeiros e, caso seja possível, retire o botijão do local;
– nunca deixe ferros de passar ligados muito tempo sem uso. Depois do uso, verifique se o ferro está fora da tomada;
– deixe produtos inflamáveis, isqueiros e fósforos fora do alcance de crianças;
– quando lareiras são acesas, mesmo após serem apagadas, a brasa pode queimar novamente e iniciar um incêndio. Mantenha tapetes e tecidos distantes.

Moradia foi atingida em dois incêndios no mesmo ano
O ano de 2017 foi difícil para a dona de casa Diomarina Vilas Nova, 61 anos, e sua família, moradores da Rua dos Imigrantes, no bairro Senai. Há um ano, parte de sua casa foi atingida pelo incêndio que primeiro acabou com a residência ao lado. Na peça atingida, sua filha e um neto estavam dormindo na madrugada do dia 3 de janeiro. Ela acordou com o calor e, ao perceber o que acontecia, pegou o bebê e saiu rápido. “Só deu tempo de pegar o meu filho”, recorda Genésia Vilas Novas, 23 anos.
A parede do quarto e da sala queimou, bem como sua cama, armário e roupas. A família recebeu madeira da Prefeitura para reconstruir a parede. Diomarina comprou uma cama usada, ganhou uma estante e ainda está pagando o guarda-roupa comprado em uma loja. “Também comprei lençol e cobertor para ela, mas usado”, afirma. “Não temos dinheiro, mas temos crédito”, observa a dona de casa.

Em janeiro do ano passado, uma parede da casa queimou. A peça foi reconstruída e o quarto virou cozinha

Alguns meses depois, em agosto, outra noite difícil. Um carro estacionado no pátio pegou fogo e as chamas atingiram a janela do quarto de Diomarina e uma área da frente da casa. Ela conta que conseguiu trocar a janela e, para refazer a varanda, a família recebeu doação de telhas e madeira para a sustentação da cobertura. “Se não fosse assim, a gente não ia conseguir fazer”, observa a moradora.

Em agosto, outro incêndio. Desta vez, a janela da frente e a cobertura da varanda precisaram ser trocadas

Natural de Candelária, Diomarina mudou para Montenegro há cerca de 30 anos. Constituiu família e sempre viveu no bairro Senai. Há 15 anos está no mesmo endereço. Viu o bairro crescer e gosta do lugar. Depois de um ano conturbado, sua esperança é que 2018 seja mais tranquilo. Desgastada pelo tempo, a moradia, onde vivem sete pessoas apresenta alguns problemas.
O assoalho do quarto de Diomarina tem vários buracos. “E seria bom se conseguíssemos um armário para guardar as minhas roupas”, acrescenta a dona da casa. Ela aponta para as pilhas de peças de vestuário, à mostra em um roupeiro improvisado. Interessados em ajudá-la podem entrar em contato pelo telefone 99832-8714 e falar com Celoi, uma de suas filhas.

Apoio da comunidade e de familiares na reconstrução
A proximidade das casas favoreceu que as chamas se alastrassem rapidamente, ampliando o estrago. Em pouco tempo, o fogo consumiu cinco casas no beco, com acesso pela rua Fernando Ferrari, no bairro Industrial. Pouco mais de cinco meses se passaram desde a madrugada do dia 28 de julho de 2017, e as casas foram reconstruídas.

Ainda há frestas nas paredes e algumas janelas foram improvisadas. O banheiro da casa ficou mais baixo, pois o novo imóvel foi construído ainda mais alto para driblar as enchentes do Rio Caí

As residências ainda não estão bem prontas, há frestas entre as tábuas, não há forro e algumas janelas e portas foram improvisadas. A moradora Elaine Teresinha Santos da Silva, 48 anos, no entanto, está feliz por ter conseguido reerguer sua moradia. Após o incêndio, ela ficou hospedada com uma filha, no interior, até novembro, quando finalmente pode voltar para sua moradia. Sua filha Sabrina Santos da Silva, 31 anos, lembra que o incêndio iniciou em uma das casas e se alastrou rapidamente. Ela acredite que havia sobrecarga na rede elétrica, com lâmpadas e aparelhos ligados a um mesmo suporte de energia.

Elaine afirma que a sensação de voltar é ótima, mas ainda estranha, pois antes tinha os móveis e utensílios de que precisava. “Era tudo simples, mas eu tinha, era meu”, observa. Sua família conseguiu reerguer a moradia com a ajuda de familiares e amigos. Ela diz que houve doações de roupas, móveis e utensílios domésticos de pessoas da comunidade, muitas das quais são desconhecidas.

Essa solidariedade, que se estendeu também aos demais moradores que perderam suas casas no beco, surpreendeu Elaine. “Ganhamos coisas de gente que nem conhecíamos”, observa. As doações possibilitaram o recomeço. “Pelo menos o básico nós temos”, afirma.

A dona de casa, porém, observa que ainda precisa de ajuda. Algumas janelas foram improvisadas com um painel de madeira e falta também mata-junta, pois há frestas em todas as paredes. A expectativa é conseguir o material antes do inverno, pois o impacto das baixas temperaturas será maior na situação em que o imóvel se encontra. Outra carência é a falta de forro.
Por serem em área de inundação, as moradias foram construídas ainda mais altas do que eram, a quase dois metros do chão. A medida garante mais segurança quando houver enchente no Rio Caí, mas gerou uma situação inusitada. O banheiro, por ser a única peça de alvenaria, sobreviveu ao incêndio, mas ficou mais baixo que a casa. Por essa razão, e porque a estrutura ficou um pouco danificada, dona Elaine e sua família querem reconstruí-lo. Porém, ainda não têm condições e, portanto, doações, tanto de material para o banheiro, como mata-junta, aberturas e forro, são bem-vindas. Quem quiser colaborar, pode contatar Elaine pelo telefone 99704 9929.

Casa menor para ampliar a distância entre as moradias
O auxiliar de serviços gerais Írio Leão Mattos, 60 anos, é um dos vizinhos que também teve sua casa destruída pelo fogo, em um beco do bairro Industrial, em julho do ano passado. Uma peça foi reconstruída, junto ao banheiro que, por ser de alvenaria, resistiu ao incêndio. Conscientes de que a proximidade entre as moradias contribuiu para que o fogo se alastrasse rapidamente, os moradores ampliaram essa distância. Para isso, no entanto, as moradias ficaram menores.

A Casa de Írio ainda não está bem pronta. Ele recorda que era maior, hoje tem uma peça sem divisória e o banheiro

“A minha vinha até aqui”, mostra Irio, aproximando-se da moradia da sua vizinha, Elaine Teresinha Santos da Silva. “Agora é bem menor”, diz ele. Sua casa não tem divisória e falta o forro e mata-junta. Ele também contou com a solidariedade da comunidade para reconstruir a moradia e ter alguns móveis e utensílios. “Roupa a gente ganhou muita coisa”, recorda. “Seria bom se conseguisse uma pia pra cozinha e uma máquina de lavar roupa”, acrescenta. Quem quiser colaborar, pode contatá-lo pelo telefone 99522-6527.

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