Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) apontam que 77,7% das famílias estão endividadas. Dessa parcela, 88,8% dizem que estão enroladas, principalmente, com o cartão de crédito. Uma baita funcionalidade, o cartão pode, mesmo, virar dor de cabeça quando usado sem planejamento. O problema começa quando o orçamento aperta e a pessoa acaba precisando optar por pagar só o valor mínimo da fatura para segurar as pontas. O problema é com o valor que fica em aberto, para além do mínimo, que volta para te assombrar com uma das taxas de juros mais altas do mercado. Segundo o Banco Central, com base em fevereiro de 2022, a taxa média do rotativo é praticada em 355% ao ano.
O que é o crédito rotativo?
O limite do cartão de crédito é um crédito pré-aprovado para a pessoa usar, geralmente por um mês, como um empréstimo. Pagando a fatura completa no vencimento, não há cobrança de juros. Porém, há a possibilidade de pagar só um “mínimo” da fatura, e aí que entra o rotativo. Optando por pagar o mínimo ou qualquer valor acima dele que não seja o valor total, é como se a pessoa estivesse, automaticamente, contratando um novo empréstimo, sobre o qual incidem os juros altos do rotativo.
Isso costumava gerar uma grande bola de neve e por isso, desde 2017, o Banco Central proibiu a possibilidade de os clientes terem um rotativo “ilimitado”. Desde então, o uso do rotativo é permitido por, no máximo, 30 dias. Ou seja, é preciso pagar a diferença não paga da fatura até o vencimento da fatura seguinte. A questão é que nem sempre a pessoa tem dinheiro para colocar a conta em dia nesse prazo. Afinal, além da fatura do mês anterior, provavelmente ela tem também a fatura do mês atual para pagar. É aí que o problema começa.
E quando você não paga a nova fatura?
Na hipótese da pessoa nem mesmo conseguir pagar o mínimo, o valor da fatura é considerado em atraso, implicando em sanções como a inscrição do CPF do devedor nas listas de negativados. Os juros seguem correndo; e ela fica com o nome sujo até se regularizar.
Já quando a pessoa consegue pagar o saldo devedor da fatura anterior, mas acaba sem dinheiro para pagar o total da fatura atual, ela costuma ser empurrada para um parcelamento automático. As regras desses variam de financeira para financeira, mas a taxa média do parcelado do cartão é bem melhor que a do rotativo, de cerca de 174% ao ano. Porém, ainda é cara.
Nesses casos, cabe entrar em contato com o banco para analisar esse parcelamento automático e propostas viáveis para quitá-lo. É possível tentar, por exemplo, uma redução de prazo para não pagar tantos juros.
E falando em juros, é importante uma consideração. Se você se encontra nessa posição de enfrentar as taxas do rotativo ou do parcelado, considere buscar linhas de crédito mais baratas, como um empréstimo pessoal ou um consignado, para se livrar dessa dívida antes do vencimento. E de qualquer forma, lembre! O valor dessas parcelas futuras precisa caber no seu bolso.
Dicas para o uso consciente
– Preste atenção à data de vencimento da sua fatura e use lembretes para não esquecê-la;
– Entenda que o limite do seu cartão de crédito não é a extensão de sua renda. Seus gastos não devem ultrapassar o seu salário. Para alguns especialistas, o indicado é que o valor total de endividamento equivalha, no máximo, a 30% da renda;
– Organize seu orçamento e faça compras planejadas de acordo com as suas possibilidades e prioridades;
– Não considere o limite do cartão de crédito uma reserva de emergência. Organize-se para, efetivamente, construir uma reserva para bancar despesas inesperadas;
– Acompanhe a fatura do cartão de perto, usando os aplicativos, para saber sempre o tamanho de sua fatura atual e das futuras.
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