Atividade teve início na década de 90 e segue como uma feliz rotina do criador João Batista Francisco, de 61 anos
Foi ainda na infância que João Batista Francisco, hoje com 61 anos, teve os primeiros contatos com os cavalos. Os animais eram usados na lida da propriedade da família e o jovem passou a admirá-los. Aquilo foi levado com ele para a vida e fomentou uma importante realização, anos depois, já na década de 90. “Batista” fundou a Cabanha Santa Luiza, na localidade de Calafate, interior de Montenegro, e ali iniciou uma criação própria de cavalos que segue até hoje e que já recebeu destaque estadual.
“Primeiro, eu escolhi uma raça. Acabei optando pelo cavalo crioulo por ele ser originário do nosso Estado e pela sua beleza, docilidade, inteligência e rusticidade”, recorda, confessando sua admiração pelo animal. “A partir de então, aos poucos, adquiri os primeiros, puros e com registro, que eram usados para lazer e esportes. Fui tomando gosto, resolvi comprar algumas éguas para reprodução e aí houve a necessidade de buscar conhecimento em cursos específicos sobre a raça.”
Procurando se aperfeiçoar, Batista teve a chance de trocar conhecimento com importantes profissionais da área. Dentre eles, o americano Monty Roberts, mestre encantador de cavalos, e o paulista Almir
Bezerra, conhecido no país todo pela especialidade com a psicologia equina. Capacitações nas áreas de genética e morfologia do animal também foram realizadas pelo montenegrino, que destaca, ainda, a troca de informações com outros criadores como fator chave para que a prática prosperasse.
“O cavalo crioulo, além de suas particularidades, também proporciona ao ser humano aumentar seu círculo de amizades através do esporte em que ele é usado, como o tiro de laço, as cavalgadas, os passeios e outros. Isso traz muito conhecimento para quem lida com o cavalo”, ressalta o criador, que coleciona muitas amizades nascidas durante as atividades com os animais.
Essa soma de conhecimento e boas relações trouxe bons frutos. Já teve cavalo da Cabanha sendo destaque em uma das maiores feiras de agropecuária do país: a Expointer. Ele esteve entre os 300 selecionados para exposição na edição 2012 do evento, após uma seletiva da raça que tinha mais de 5 mil inscritos. “Eu consegui entrar com ele na mostra e com uma boa classificação. É um cavalo bem bom”, conta o criador, orgulhoso da conquista. Formar um animal digno de Expointer, no entanto, demanda tempo, paciência e muito trabalho, explica Batista.
A criação começa no campo, com os animais soltos
No Calafate, Batista explica que a criação dos cavalos crioulos começa com eles soltos, no campo, em uma área de 32 hectares. Desde que nascem – a reprodução ocorre por método natural e também por inseminação artificial – os animais ficam livres no espaço, alimentando-se com a pastagem da área. O único acompanhamento feito nesta etapa é sanitário, com a aplicação das vacinas necessárias.
O criador acompanha o desenvolvimento dos cavalos com base no que se espera da genética deles e realiza uma seleção. Dois ou três, então, são tirados do campo para serem confinados nas baias. Ali, sim, o manejo é intensificado para preparar o animal, seja para o adestramento – e a posterior venda ou participação em esportes -, seja para a melhoria física – com foco nas exposições e demais eventos da raça.
Os cuidados, neste confinamento, são muitos e, por isso, a etapa só é feita de acordo com a disponibilidade de Batista, que também trabalha com criação de gado e com reflorestamento. “Ali, eles têm o horário de alimentação balanceada, de banho, de exercício físico. Também tem que cuidar para não pegar sol e manter a qualidade da pelagem”, exemplifica. A mão de obra necessária e o custo para isso, ele conta, foi o que levou o criador a tratar a atividade mais como hobby, aliando-a a suas demais rotinas. “É mais pelo gosto pessoal mesmo”, salienta. “O valor que entra com uma venda já é o que eu retorno para trabalhar em outro cavalo.”
O mercado é variado e depende da condição do animal vendido. Os de primeira linha acabam indo para as exposições e são comprados por apreciadores de diferentes partes do país. Muitos dos outros acabam ficando no mercado interno da região, para uso pessoal dos compradores. O valor também varia bastante e, para a precificação, fatores como a altura, a cor e a pelagem são levados em conta.
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