Cota de consultas especializadas pode ser reduzida

Medida será adotada caso as faltas no HM persistam. Cotas atuais deverão ser redistribuídas a outros municípios

Em apenas um mês, o Hospital Montenegro teve um prejuízo de R$ 9.298,10 com faltas de pacientes a serviços de saúde ofertados pela instituição. Os números são de setembro e foram divulgados pela Secretaria de Saúde (SMS) e pela direção da casa de saúde, que é 100% SUS.

O valor é empenhado em faltas que correspondem somente a consultas de traumatologia, fisioterapia, endoscopia e colonoscopia, excluindo-se as cirurgias. Nas quatro especialidades, foram registradas 377 faltas. 150 somente em consultas. “Essas são pessoas que, antes de existir o ambulatório, tinham que se deslocar a Porto Alegre”, afirma a secretária de Saúde, Ana Maria Rodrigues. “Agora o ambulatório está aqui no Município”, reforça.

De acordo com a secretária, caso as ausências de pacientes de Montenegro sigam nestas mesmas proporções, pode-se reduzir as cotas de exames e consultas da cidade e ofertá-las para outros municípios da abrangência. “Se há um índice de absenteísmo, se pensa que Montenegro não está precisando e então se pode passar para outros municípios. Claro que isso é possível. O Hospital deve fazer um bom gerenciamento dos seus recursos”, alerta.

Ainda, conforme a SMS, o custo total da consulta é de R$ 50,00 (R$ 10,00 do SUS e R$ 40,00 de suplemento do HM). Já os exames de traumatologia custam R$ 63,60 e os procedimentos de fisioterapia, R$ 9,00. Sem contar os custos de exames especiais, que sempre passam de R$ 100,00.

As sessões de fisioterapia apresentam o maior índice de abstenções. Somente no mês de setembro, o Hospital registrou falta em 190 sessões. Se a pasta conseguisse remarcar estas sessões, poderiam ser atendidas 47 pessoas a mais do que são atendidas.

Para se ter uma noção, atualmente a fila de espera para uma consulta de oftamologista, conforme explica a assistente administrativa Kate Joseane de Souza, chega a 2 mil pessoas e para se conseguir um agendamento, o paciente pode esperar até um ano e três meses. Para otorrinolaringologista, a fila de espera é de 1.100 pessoas.

Como funciona o processo de encaminhamento à consulta

Kate é responsável pelo setor
de agendamento de consultas.

Obrigatoriamente, a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) é nas unidades básicas de saúde. “Todas as nossas unidades são para atendimento clínico, que pode demandar para encaminhamento especializado”, explica a secretária.

Os encaminhamentos são para o HM, que possui um ambulatório de especialidades, contratualizado pela Secretaria Estadual de Saúde. “Temos uma gama de especialidades que deixaram de ser encaminhadas a Porto Alegre e passaram a ser feitas aqui mesmo”, diz Ana.

Cada paciente que sai das unidades básicas de saúde, com o encaminhamento de exame, deve ir até o setor de “exames e consultas especializadas” da SMS, onde é cadastrado e recebe um protocolo de atendimento. Conforme as vagas vão sendo ofertadas pelo Hospital, o setor agenda as consultas. A maioria das consultas são agendadas com um mês de antecedência.

“O Hospital sempre nos passa as listas até o dia 10 de cada mês, para podermos retornar até o dia 20, com todas as consultas marcadas. Na primeira semana do mês, nós revisamos todas as listas. Aqueles que não retiraram as autorizações de consultas são substituídos. Chamamos outra para daí encaminhar ao Hospital”, detalha a assistente administrativa e responsável pelo setor, Kate Joseane de Souza.

Todo o paciente que solicita uma consulta no setor deve, antes de procurar o Hospital, retirar a autorização dada pela SMS. Sem este documento, não é possível efetivar o atendimento. “O aproveitamento é feito contando que 98% das pessoas compareçam às consultas”, reforça Kate.

O clamor da pasta é para que, caso o paciente não consiga ir à consulta, que seja avisado à Secretaria, que faz o remanejamento e poderá dar a oportunidade a outra pessoa.

“Minha orientação como secretária é de que: não veio e não avisou, é fim de fila. Porque não é justo, a pessoa teve a oportunidade, não avisou e deixou de dar a chance a outra”, afirma a secretária Ana Maria Rodrigues.

Consultas especializadas contribuem na prevenção

EM um mês, o hospital perdeu quase R$ 10 mil em faltas de consultas

O diretor administrativo do Hospital Montenegro, Carlos Batista da Silveira, reforça o alerta de que Montenegro pode ter uma redução nas cotas, caso os gestores da saúde dos municípios da região concordem em redistribuir esse número de consultas e encaminhar o pedido ao Estado. “O Hospital é um prestador de serviços, quem regula o número de cirurgias e consultas é o Estado. Quem tem poder de definir isso são os secretários de saúde da região, ao discutirem isso entre si e o Estado”, explica Batista.

Por outro lado, ainda segundo o gestor, a população deve ter consciência de que o prejuízo financeiro é o menor quando se trata da saúde do cidadão. “Um paciente tem uma hérnia, por exemplo. Com a saúde preventiva, mesmo que ocorra uma cirurgia, ela vai acontecer dentro de um planejamento. Agora, no momento em que a pessoa relaxa, invariavelmente, uma hora dessas estoura, ela entra na emergência, corre o risco de fazer uma cirurgia de emergência, que tem mais risco e mais gasto”, detalha.

As faltas sempre acontecem, seja a especialidade que for. Para Batista, o que ocorre é que as pessoas têm o serviço, não usam e, quando não usam, não prevêem que esta é uma forma de prevenção. “As pessoas têm na mão um grande instrumento de poder fazer isso, que são os especialistas”, reforça Batista. “Acredito que a questão de usar as cotas é para prevenir o que pode vir ali na frente, que pode custar muito mais caro ao paciente”, conclui o gestor.

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