Coronavírus: Surtos em frigoríficos está no cerne de debates

A situação de surtos de Covid-19 em frigoríficos no interior do Rio Grande do Sul, em especial Passo Fundo e Lajeado, foi debatida na segunda-feira, dia 11. O debate reuniu gestores das secretarias da Saúde (SES), da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a Procuradoria-Geral do Estado (PGE). A reunião por videoconferência teve como objetivo alinhar as ações desses entes em relação à prevenção do coronavírus nas indústrias de carnes.

A exemplo de outros países, estas empresas têm elevado os índices da disseminação da doença, afetando sobre tudo seus funcionários. Em Montenegro, São Sebastião do Caí, São Vendelino e Bom Princípio há trabalhadores do setor confirmados para infecção pelo novo Coronavírus. “Precisamos garantir tanto a saúde dos trabalhadores quanto a qualidade dos produtos ofertados por essas empresas”, ressaltou a secretaria da Saúde, Arita Bergmann.

Moradores do Vale que trabalham no frigorífico Nicolini testaram positivo para Covid-19. Foto: Divulgação/ arquivo

Ela salienta que não é desejo do governo fechar empresas, mas é fundamental que ambientes e produtos sejam seguros. A diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Rosângela Sobieszczanski, reiterou a importância das empresas notificarem às autoridades sanitárias municipais assim que houver casos suspeitos, e de também realizar o isolamento deste funcionário. “Sem as informações, não é possível realizar as ações necessárias em tempo oportuno.” A diretora também falou sobre a necessidade dos órgãos públicos trabalhem em conjunto, para alcançar resultados mais efetivos.

Fetag-RS, MP e Assembleia Legislativa também discutiram
Em outra videoconferência nesta segunda-feira, convocada pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ernani Polo, as entidades da proteína animal discutiram a determinação judicial que fechou unidades frigoríficas em Lajeado e Passo Fundo. A ação afeta diretamente o abate de frangos e suínos, e, de acordo com a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), aquelas industrias empregam mais de 7.000 pessoas e têm 1.458 produtores integrados.

Mas de acordo com o procurador-geral de Justiça do Ministério Público, Fabiano Dallazen, elas seriam foco de disseminação na única região classificada com ‘bandeira vermelha’ no novo modelo proposto pelo Executivo. Ainda segundo Dallazen, todas as alternativas propostas antes do fechamento não foram suficientes para conter o avanço do vírus dentro das plantas. Para o Ministério Público, não há como manter a produção em sua totalidade, com todos os funcionários trabalhando simultaneamente.

Presidente da Fetag Carlos Joel da Silva

Na opinião do presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, a preocupação do MP é válida e atende os interesses da sociedade. Porém, o fechamento total dos frigoríficos trará sérios problemas. Se os criadores de aves, suínos e leite não mantiverem sua regularidade de trabalho, será desestabilizada toda a produção de um setor que, diferentemente de outros, precisa de muito mais tempo para retomar sua atividade normal. “Sendo que alguns produtores talvez nem consigam retomá-la”, salienta. Silva completa dizendo que “é preciso encontrar um meio termo”, que preserve a vida e não paralise a produção.

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