Em 26 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma, data criada com o intuito de conscientizar e alertar sobre a doença, considerada “silenciosa”, que acomete os olhos e pode levar à cegueira. Pietro Baptista de Azevedo, médico oftalmologista da Clínica Monaretto, com subespecialização em glaucoma, destaca que a melhor forma de prevenir a cegueira causada pelo glaucoma é realizando consultas regulares com o oftalmologista, a chamada prevenção secundária. Segundo ele, não é possível prevenir a doença de outra maneira. Porém, é essencial a realização do diagnóstico e tratamento precoce, evitando assim a progressão do quadro e possível perda visual. O glaucoma é a principal causa de cegueira no mundo e, segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), acomete aproximadamente um milhão de brasileiros.
O glaucoma, na verdade, é um grupo de doenças que afeta o nervo óptico responsável por enviar a informação visual do olho até o cérebro, levando as células neurais que o formam à morte. Assim, a cegueira é causada de forma irreversível. Segundo Pietro, os principais fatores de risco são a idade: quanto mais velho, maior o risco; histórico familiar; etnia, sendo que os descendentes de africanos ou asiáticos são os mais propensos; diabetes e pressão intraocular elevada, que só pode ser medida em consulta oftalmológica.
Existem muitos tipos de glaucoma, mas eles são basicamente classificados em duas formas, conforme Pietro, de acordo com o mecanismo causador da doença. Um deles é o glaucoma de ângulo aberto, o mais comum. Ele acomete os dois olhos ao mesmo tempo e é assintomático, então, por ser gradual, é perceptível apenas quando o nervo óptico já está bem lesionado.
O outro é o de ângulo fechado, mais raro e com maior risco para a visão. Este tipo geralmente atua de maneira aguda e repentina. A pessoa pode estar assistindo televisão ou olhando a tela de um celular e perceber um brilho intenso junto de uma dor muito forte. É recomendado que, ao sentir essa dor, a pessoa vá direto ao oftalmologista, pois significa que a pressão ocular está muito alta. Caso não receba a medicação correta, o paciente pode ficar cego em poucas horas.
Os sintomas, mesmo que tardios, costumam ser manchas ou perdas de áreas do campo visual. Normalmente, a área central não é afetada, mas com a evolução da doença, há também perda desta visão. Daí a importância do diagnóstico precoce, como forma de prevenir a cegueira. Pietro salienta que as formas agudas costumam ter pressões intraoculares (pressão dentro do olho) muito elevadas e podem causar olho vermelho e dor ocular. Mas são incomuns, representando menos de 10% dos casos.
É importante salientar que o glaucoma não tem cura, porém, tem tratamento e controle. O tratamento inicial pode ser realizado com colírios ou laser, mas casos mais avançados podem necessitar de cirurgia. “O objetivo do tratamento é reduzir a pressão intraocular e com isso reduzir a morte de células do nervo óptico”, explica o especialista.
Ele destaca que a descoberta do glaucoma é feita durante uma consulta oftalmológica regular. “Geralmente, o paciente não tem sintomas ou queixas oculares específicas de glaucoma, mas vem ao consultório por outros motivos, especialmente trocar óculos. Durante a consulta se percebe uma pressão intraocular alta e/ou uma alteração no nervo óptico ao realizarmos o exame do fundo de olho”, detalha. A partir daí, são solicitados exames complementares para a confirmação do diagnóstico. Entre eles, os mais importantes são a campimetria (medida da visão periférica/campo de visão) e a tomografia de coerência óptica (mais conhecida pela sigla em inglês OCT) do fundo do olho.