Comunidade define que ERS-124 é um dique

Rodovia elevada represa antiga passagem alternativa do Rio Caí

A audiência pública promovida pela Câmara de Vereadores de Pareci Novo na noite de segunda-feira, 8, levou a duas conclusões a respeito dos efeitos das enchentes de maio. A primeira é a necessidade de desassoreamento imediato do Rio Caí, especialmente após a catástrofe climática que arrastou a vegetação ciliar para o fundo do leito. A segunda é de que a construção da rodovia ERS-124, ligação com São Sebastião do Caí, se tornou um problema.

Os primeiros a apontarem este fator foram os vereadores proponentes, Antonio Gelcí de Mello, Fábio Diemer e Jairo Heck. Eles assinalaram como solução a construção de uma ponte seca no trecho da Várzea do Pareci, próximo à serraria do Emir; sugestão que visa ainda eliminar a chamada “curva da morte”. Foi assinalado que aquele ponto sempre foi canal extravasor natural do Caí, cruzando a localidade do Bananal.

Dali curso seguia para o Arroio Maratá, que é o segundo ponto de preocupação. Além do desassoreamento deste, será pedida também uma ponte seca na divisa com Montenegro, em Porto dos Pereira. Além disso, a comunidade pede que o Estado remova a ponte antiga que, em patamar abaixo, se tornou outra uma represa ao Arroio.

Daer vai avaliar projeto de ponte seca
O fiscal da Superintendência Regional Daer de Esteio, engenheiro Rodrigo Rodrigues, recordou de vistoria recente na cidade, quando foram definidos cinco pontos para colocação de galerias sob a ERS-124. A respeito do pedido de pontes secas, afirma que é passível de análise. Ao final do encontro foi definido que, conforme sua orientação, os vereadores levarão formalmente a solicitação das obras à autarquia.

Os moradores compareceram em grande número e mostraram bastante insatisfação com a falta de soluções, exigindo que sejam imediatas. Um questionamento foi justamente em relação à obra da rodovia, realizada na década de 90, que inicialmente passaria por área mais elevada; mas construída depois sem ouvir a opinião dos moradores acostumados com as cheias do Caí. O engenheiro respondeu que um projeto é concebido considerando impacto técnico e financeiro. Este segundo é relativo ao quanto o Estado pode investir, sendo inclusive fator influente na decisão a respeito das pontes secas.

Prefeitura foi cobrada
Uma resolução em ata foi o comprometimento de deputados em flexibilizar licenças e angariar recursos para desassoreamento e dragagem no Rio Caí e Arroio Maratá, especialmente o estadual Airton Lima, único pessoalmente presente. Também a Prefeitura de Pareci Novo será cobrada para equipar a Defesa Civil Municipal com barcos e especialização das pessoas. Já a Câmara colocou à disposição recursos, conforme seu limite orçamentário, para colaborar com a Prefeitura onde for possível.

Esqueleto da ponte desativada na localidade de Porto Maratá colabora nas cheias do Arroio

Estudo da Bacia precisa de R$ 10 milhões
O segundo participante muito pressionado foi o coordenador do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Caí, Rafael Altenhofen. O público foi induzido a crer que este órgão teria funções durante a operação de socorro na catástrofe ou na pós-enchente; ao qual esclareceu que o Comitê não é um órgão executivo. “Quem pergunta por que o comitê não fez, começa que já não conhece o que são os comitês”, referindo ainda que o Estado tem ignorado a autoridade do órgão.

Por fim, Altenhofen informou que naquela manhã participou, de forma remota, de audiência da Comissão Externa Temporária para a Reconstrução do RS do Senado.

Esta articula emenda de bancada – orçada em R$ 10 milhões – para atualizar o estudo a respeito da Bacia Caí. Trata-se de anteprojeto encomendado pela Matroplan em 2014 que precisa ser atualizado, e que será debatido na tarde desta quarta-feira, 10, na UCS de São Sebastião do Caí.

História da rodovia
A ideia surgiu de forma pública, em janeiro de 1994, com a criação da Comissão Pró-Asfalto Montenegro/São Sebastião do Caí, cujo traçado cortaria Pareci Novo. A inauguração da ERS-124 ocorreu no dia 16 de abril de 2010, pela governadora Yeda Crusius. O presidente daquela comissão foi Alfredo Roque Colling, que dá nome ao trecho em Pareci Novo desde ano passado. Ela está no traçado original da antiga estrada de terra, que foi aterrada para a obra.

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