Comércio e serviços assimilam o impacto do frio

Academias, farmácias, barbearias, pubs e lojas de eletro. Para o bem ou para o mal, comércio sente a falta do calor

Oficialmente, o inverno começa nesta quinta-feira (21), mas os gaúchos já estão convivendo com o frio intenso há semanas. Recentemente mostramos o impacto do clima no comércio montenegrino de calçados e de vestuário, que comemorava o sucesso de vendas para consumidores que queriam ficar quentinhos e na moda. Mas o frio, claro, para o bem ou para o mal, também impõe suas consequências em outros ramos.

Corte de cabelo tem menos procura nos dias frios, diz Gerson

“O pessoal corta menos cabelo no inverno”, avalia o barbeiro e cabeleireiro Gerson David Pretto. Tendo aprendido com o pai, ele tem 34 anos de experiência no ramo e, por isso, consegue tocar o negócio com a clientela fixa que construiu. No mais, os dias gelados têm gerado considerável impacto no faturamento. “No verão, eu não paro de trabalhar o dia todo”, avalia ele, diante do agora estabelecimento vazio em pleno dia de semana. A barba e o cabelo “mais cheios” por mais tempo, afinal, mantêm as pessoas mais aquecidas e permitem que os cortes sejam realizados em intervalos maiores.

Donos de pub, Débora Fritzen e Marcio Pereira apontam para diminuição do expediente. A clientela costuma ir para casa mais cedo em dias gelados

Nos pubs, o impacto também é sentido. “No verão, as pessoas ficam até mais tarde da noite, pelas duas ou três da manhã. No inverno, é meia-noite e a gente já tá fechando”, conta a proprietária Débora Fritzen. Em seu pub, além disso, o consumo muda. “O chope, a tendência seria cair, mas nós temos tipos mais direcionados ao inverno, que são mais encorpados”, conta.

Ao lado do sócio, Marcio Pereira, Débora conta que, mesmo com a redução do tempo dos clientes no pub, os dois ainda são beneficiados pelo inverno em relação ao restante dos estabelecimentos do tipo na cidade. “No calor, o pessoal fica mais na rua e a maioria dos pubs em Montenegro é aberto. Nosso espaço aqui é em um ambiente fechado, então isso nos favorece”, coloca.

Pelo menos duas sorveterias do Centro da cidade aproveitaram os dias frios para fazerem férias coletivas. Estão fechadas e com placas em suas vitrines que anunciam a interrupção dos serviços. Nas que funcionam, no entanto, o movimento ainda é regular e a procura é por sabores mais cremosos e encorpados. Daiane Rodrigues e Jéssica Fabiola da Silva, por exemplo, aproveitaram a fria tarde desta segunda-feira para degustar um sorvete. “A gente gosta mesmo”, declarou Daiane, com a amiga, entre uma colherada e outra.

Para os pubs que têm mais espaço na rua, a opção é a instalação de aquecedores portáteis para atrair os clientes. E são alternativas do tipo que marcam o impacto do frio na venda de eletrodomésticos. Além de avaliar o crescimento na venda dos aquecedores e também das lareiras, a gerente de uma loja do ramo, Aline Haupt, faz um apontamento interessante: há febre na venda de fogões à lenha no município.

Aline Haupt conta que os fogões a lenha são a febre do ano na cidade

Item muito associado aos “antigos” e aos moradores do interior, os fogões movidos à lenha registraram recorde de procura nos últimos dias. “Tem sido enorme. Em sábado, então, o pessoal enlouquece porque quer comprar e quer aproveitar que está em casa para receber o montador”, conta Aline. “O mês de maio foi bom, mas junho está excelente.”

A gerente aponta que a loja sentiu falta desse típico “inverno gaúcho”, que não apareceu nos anos anteriores. “Uma estação bem definida, para nós, faz a diferença.”

Bom pra uns, ruim para os outros
Ao lado do setor de eletro, as farmácias também contabilizam melhores vendas nos dias frios. “A procura dobra. Buscam remédios para gripe, xaropes, pastilhas”, relata a sub-gerente de um estabelecimento do tipo, Jéssica Maffacioli. Destacando o lado bom do frio, ela ressalta que shakes e itens para emagrecer, por sua vez, acabam tendo procura menor do que em relação ao verão. “O pessoal já não pensa tanto em emagrecer no frio. Em novembro que começam de novo.”

 

Proprietária de academia, Viviane conta que setor sofre durante o inverno

E quem sente um impacto negativo são as academias da cidade. Proprietária de uma, Viviane Lorenz destaca que o período é complicado para o ramo. “As pessoas ficam mais sedentárias, ficam mais preguiçosas e têm maior desejo de comer coisas pesadas”, aponta.

Com o frio, ela comenta, muitos deixam de ir para a academia, optando por ficar em casa. Os mais fiéis, por sua vez, tentam se exercitar em horários em que ainda tem sol, ao contrário do que fazem no verão. É diante da debandada de clientes que a empresa reforça ações e promoções para serem atrativas e diminuírem o impacto. Até festa junina está na agenda para os próximos dias.

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