É difícil questionar qualquer determinação oficial neste momento de pandemia. Todavia, é impossível afastar do pensamento os prejuízos que ainda estão por vir. Lojas e serviços não essenciais de Montenegro vivem pela primeira vez um fechamento compulsório, do qual assusta especialmente o prazo de 30 dias.
A Pró Vida Academia existe desde fevereiro de 2015 no bairro Timbaúva, período no qual Andre da Silva Esteves nunca imaginou passar por uma situação desta. “Neste momento, esperamos que nada de mau aconteça em nossa comunidade, Estado e Nação. E que tudo seja retomado o mais rápido possível”, desejou.
Ele se comprometeu em fazer o possível para não deixar nenhum colaborador desamparado neste momento difícil, enquanto torce para que todos possam atravessar este momento sem ter que fechar o empreendimento. Quanto a alternativas ao Decreto, vê a paralisação como a melhor atitude neste momento. “Agora, as ações pós-epidemia deverão ser tratadas, de forma justa para que não tenhamos uma quebradeira em massa das micro e pequenas empresas”, salientou.
Um comércio ainda mais tradicional na cidade é a loja de calçados Cinderela, no Centro. A atual proprietária, Margarida Schmitz Konzen, comenta que dia 15 comemoraram 61 anos de fundação e no dia 20, pela primeira vez, fecharam obrigatoriamente. Ela nunca passou por tal experiência, tampouco seu sogro e fundador da Cinderela, Ivo Konzen.
Ele até cruzou por crises financeiras mundiais, o que lhe concede otimismo de tê-las superado, porém de portas abertas. “Mas nunca ouvi sobre o fechamento da loja”, observa Margarida. De forma alguma a lojista questiona a necessidade de prevenção, pois a saúde – de clientes e funcionários – deve estar em primeiro lugar. Por outro lado, não consegue esquecer-se da consequência.
Margarida revela ter um lastro para suportar por uma semana. “Mas, se realmente ficarmos fechados por 30 dias, não tenho nenhum caminho traçado”. Ela classificou o Decreto como radical.
Ainda é cedo para cálculos
Bares estão entre os estabelecimentos alcançados pelo Decreto, e na quinta-feira Felipe Mendes Brand comunicou pelo Facebook que o Segundo Turno está fechado. Além de atender determinações legais, é uma precaução com a saúde de colaboradores e clientes. Os efeitos em curto e longo prazo ainda não podem ser avaliados pelo empreendedor, mas certamente devem ser significativos.
Felipe lembra que terá despesas fixas, como aluguel e salários, diante de, ao menos, um mês sem caixa. Mas acredita que ainda é cedo para avaliar o cenário geral, inclusive para os governos. Da mesma forma, aponta que é preciso dar tempo para descobrir se o Decreto foi brando ou radical, se saiu atrasado ou cedo. “Ninguém sabe realmente dimensionar a situação”, afirmou.
Fecomércio cobra medidas do Estado
A Federação do Comércio de Bens e de Serviços (Fecomércio) está preocupada com os impactos da crise atual aos pequenos empresários, que têm perdas significativas previstas. O presidente, Luiz Carlos Bohn, encaminhou Ofício ao governador, Eduardo Leite, cobrando a adoção de medidas que ofereçam algum fôlego no cenário atual.
Nas sugestões, classificadas como urgentes para a sobrevivência das empresas, está a suspensão da cobrança do ICMS; alinhamento para flexibilização de pagamento de contas de água e luz; e exceções em relação as atividades que devem parar por completo.