Com escoltas, caminhões voltam a rodar para abastecer a cidade

Movimento de caminhoneiros segue, mas alguns setores já recebem produtos

Caminhão foi escoltado pelo Exército até a Tanac e carregado com produto utilizado na Refap

Mesmo com os caminhoneiros seguindo com a greve da categoria – que só deve terminar após a efetivação das promessas do presidente Michel Temer –, alguns estabelecimentos já são abastecidos. O suprimento nesta quarta-feira, porém, é incerto. Na manhã de ontem, 29, um caminhão-tanque escoltado pelo Exército chamou a atenção ao ir até a Tanac para buscar Tanfloc, produto utilizado na Refap, em Canoas. Já por volta das 12h30min, um veículo carregado com 15 mil litros de gasolina chegou ao posto da Rede Barcarollo, na Via II. Parte dessa carga também foi levada ao posto Detroit, na rua José Luiz. O Polo Sul, na ERS-124, também comercializou combustível ontem.

Uma enorme fila se formou na rua Egon Polking e dobrou na rua dos Imigrantes

No empreendimento localizado na Avenida Júlio Renner, o atendimento era preferencial aos veículos da Prefeitura e de órgãos públicos, como a Polícia Civil e Brigada Militar. Para chegar até o local, o caminhão contou com escolta. De acordo com o delegado regional Marcelo Farias Pereira, a escolta foi solicitada pelo prefeito Carlos Eduardo Müller, o Kadu. O delegado se colocou à disposição dos proprietários de postos de combustíveis para realizar o serviço. “Basicamente, a viatura vai junto com o caminhão-tanque, é feito o abastecimento na distribuidora e o pessoal vem trazendo esse caminhão”, explicou.

Veículos da secretaria da Saúde foram um dos primeiros a abastecer

Apesar de dar preferência ao abastecimento de veículos públicos, os postos viram grandes filas de clientes se formarem. De acordo com a gerente Elisiane Santos, foi estabelecido um limite de R$ 100,00 por carro e só seria aceito pagamento em dinheiro. A procura foi tamanha que por volta das 18h horas já não havia mais combustível nos estabelecimentos da rede Barcarollo. Já no Polo Sul, durante a noite, ainda havia combustível.

João precisava abastecer o carro para levar mulher até Igrejinha, onde ela fará cirurgia na sexta-feira

Entre as centenas de pessoas que esperavam para abastecer seus veículos estava João Campos, 69 anos. O aposentado ficou sabendo por um amigo que o posto na Via II receberia uma carga e logo se deslocou para lá, sendo um dos primeiros da fila. Ele aguardou quase duas horas o momento de abastecer seu carro. Com pouco combustível em seu Chevette, João explicava que precisava da gasolina para levar sua mulher Cleonice até Igrejinha, onde ela faria uma cirurgia. “Quinta-feira preciso estar em Campo Bom. Vamos dormir lá e depois ir para Igrejinha na sexta-feira de manhã cedinho”, detalhou seu roteiro. Ele disse não se lembrar de situação semelhante. “Mas eles têm razão em reivindicar”, comentou.

Veículos da secretaria da Saúde foram um dos primeiros a abastecer

O primeiro da fila era o vendedor Ricardo Endres, 53 anos. Por volta das 10h, ele foi avisado por um amigo que o posto na Via II receberia combustível e logo se deslocou para lá. “Eu não estou conseguindo trabalhar porque não tenho gasolina para fazer as entregas”, afirmou. Ele esperou mais de duas horas para

conseguir colocar R$ 100,00 de gasolina.

Para Ricardo, que é presidente do PSB de Montenegro, agora é o momento da greve chegar ao fim. “Parte das coisas que os caminhoneiros queriam foi atendida, então a partir deste momento é hora de terminar. Acho que os prejuízos que essa greve vai trazer daqui para frente são catastróficos”, comenta.

O Ibiá questionou lideranças locais sobre a greve dos caminhoneiros, confira:

foto: Diocese de Montenegro

Dom Carlos Romulo Gonçalves e Silva, Bispo Diocesano de Montenegro: “Em comunhão com todo o nosso povo, acompanhamos o momento atual de nosso país, e de modo especial em nossa região, na luta dos caminhoneiros e todos os trabalhadores da cidade e do campo. A posição de uma comunidade cristã deve ser sempre a partir do Evangelho, de onde deriva toda a Doutrina Social da Igreja. Estendemos que os conflitos existem para serem solucionados, no diálogo, e sempre em vista do bem comum. Esperamos que as lutas e as reivindicações possam gerar uma sociedade com mais qualidade de vida e dignidade. Todos dependemos uns dos outros para viver. Vemos muitas iniciativas de oração e celebração acontecendo nos locais de manifestações, revelando um desejo profundo de encontrar o sentido para as lutas da vida. Que Deus abençoe a todos e que possamos ir construindo uma sociedade justa e fraterna.”

foto: Arquivo/Jornal Ibiá

Tiago Feron, presidente da CDL de Montenegro: “A CDL Montenegro, bem como, a FCDL-RS, apoia o movimento dos caminhoneiros do Brasil. As Câmaras de Dirigentes Lojistas vem oficializar seu apoio ao movimento de paralisação dos caminhoneiros brasileiros, em protesto à alta exagerada do preço dos combustíveis. Por outro lado, chamamos a atenção das lideranças deste movimento para o fato de que a sociedade nacional – igualmente vítima da situação dos combustíveis – está começando a passar pelas dificuldades adicionais de uma situação geral de desabastecimento, já comprometendo questões essenciais como alimentação e liberdade de ir e vir, pela falta de combustível. Neste sentido, solicitamos que neste momento, o movimento dos caminhoneiros – que já deu inequívoca demonstração de sua força, importância e organização – flexibilize a rigidez de sua paralisação, permitindo, ao menos, a livre circulação de produtos perecíveis, medicamentos e combustíveis, com o objetivo de amenizar uma situação de desabastecimento nacional que está prestes a assumir características de flagelo social.”

foto: Câmara de Vereadores

Vereador Erico Velten, presidente da Câmara de Vereadores de Montenegro: “A greve dos caminhoneiros, de 2018, não foi a primeira. Somos muito dependentes do trabalho deles, pois predomina o transporte rodoviário. O governo deveria atendê-los: preço do combustível justo de R$ 3,00 o litro da gasolina e R$ 2,40 o diesel e desconto de 50 % nos pedágios. Somos um país sobre rodas”.

foto: Arquivo/Jornal Ibiá

Carlos Eduardo Müller, Kadu, prefeito de Montenegro: “A Administração Municipal é solidária às manifestações nacionais, originadas pelo movimento dos caminhoneiros, contudo lastima os impactos sofridos pela população. O País passa por um grande momento de reflexão que acaba refletindo em todas as esferas. Seguimos acompanhando e monitorando os cenários e a proporção que os manifestos atingem e, com isso, trabalhamos para diminuir os contratempos que surgem em nosso município. De qualquer forma, a comunidade precisa agir com cautela.”

Colaboraram para essa cobertura:
Júlio Hanauer, André Herzer, Cássia Oliveira, Jéssica Coitinho

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