Sabores e Saberes. Empreendimentos de cinco municípios do Vale do Caí fazem parte do projeto que iniciou em 2007
Começa na próxima terça-feira a celebração dos 10 anos da Rota Sabores e Saberes, que iniciou suas atividades em setembro de 2007. O evento que abre as atividades acontece no Pesque e Pague do Batata, em Harmonia, e, além de contar com a presença dos empreendedores que fazem o roteiro possível, terá a participação de parceiros como Emater-RS/Ascar e Prefeituras. A presença do secretário estadual de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo também é esperada.
De acordo com o atual coordenador da rota, Inácio Rohr, 53 anos, serão apresentados no evento os 10 anos de trabalho com turismo no roteiro que integra as cidades de Bom Princípio, Tupandi, Harmonia, Montenegro e Capela de Santana. “Acho que estamos bem organizados e evoluímos muito ao longo dos anos”, analisa Inacinho, como é conhecido o empreendedor. Na visão dele, a Rota Sabores e Saberes também pode contribuir no desenvolvimento do turismo no Vale do Caí ao compartilhar a sua experiência.
Inacinho destaca como diferenciais do roteiro o trabalho voltado para o conhecimento em agroecologia. “Todas as propriedades que participam do projeto são orgânicas. Além disso, trabalhamos a cultura. Não é só olhar as coisas bonitas, também tem história e gastronomia”, comenta. Além de mostrar aos visitantes uma forma sustentável de produção, a rota também tem como destaque a boa recepção aos visitantes.
Projetando um futuro ainda melhor para a Rota Sabores e Saberes, o coordenador confessa que espera mais apoio do Poder Público e das próprias agências. “Há agências da região que fazem turismo para fora. Elas precisam trazer os turistas. Isto poderia ser melhor”, afirma. Atualmente, a visita nas propriedades pode ser agendada via agências de turismo ou diretamente com os responsáveis por cada empreendimento. O contato dos integrantes da rota pode ser encontrado no site www.rotasaboresesaberes.tur.br.
Rota é forma de manter viva a história
Entre os empreendimentos que fazem parte da Rota Sabores e Saberes está a propriedade de Martin Henrique Maurer, 68 anos. Conhecido como Casa da Atafona, o espaço de 50 hectares, localizado em Santos Reis, é mais do que um local de lazer para os turistas, é uma forma de manter a história da região. “Aqui trabalhamos com história e educação ambiental”, reforça Martin, que mantém a característica de diversos prédios antigos de sua propriedade que foram restaurados. Além disso, o local conta com várias atrações, como trilhas ecológicas, tirolesa, realização de brincadeiras antigas e passeio de carroça.
Conforme o empreendedor, cerca de 3 mil pessoas passam pela sua propriedade por ano. “Recebo visitantes de todo o Brasil e já recebi turistas de mais de 20 países diferentes”, destaca. De acordo com ele, o investimento no turismo rural era uma grande incógnita para ele. “Eu não acreditava que seria tão apreciado”, revela. Martin destaca que as manifestações deixadas no caderno de visitas o fizeram acreditar no sucesso do empreendimento.
Trabalhando também com plantação de citrus e outras variedades, o empreendedor vê o turismo como uma fonte extra de renda e salienta a importância da rota para o seu desenvolvimento. “Ela (a Rota Saberes e Sabores) é importante porque o turismo não se faz sozinho”, aponta. Ao mesmo tempo em que projeta um crescimento do setor, ele lamenta a falta de participação do Poder Público no ramo.
Turistas voltam ao passado ou encantam-se
Localizado em Vapor Velho, o Sítio Steffen recebeu mais de 12 mil turistas ao longo dos 10 anos da Rota Sabores e Saberes. Entre as atrações que chamam os visitantes estão um atafona, um alambique, um museu, cancha de bocha, pesque e pague, passeio de carreta e também o colhe e pague. E tudo isso aconteceu de maneira muito rápida.
Conforme a administradora do espaço, Márcia Steffen, 48 anos, a família nunca havia planejado trabalhar com turismo. De acordo com ela, tudo iniciou quando no início dos anos 2000 a propriedade teve sua produção convencional trocada pela produção orgânica. “Muitos vinham ver como nós tínhamos feito a mudança e tínhamos que oferecer algo a mais”, conta. A partir daí almoços começaram a serem servidos e espaços de lazer criados. “Achei que viria uma ou outra turma, mas o pessoal procura cada vez mais”, destaca.
Márcia conta que ao ver as demonstrações de como funcionavam os antigos alambiques e atafonas os visitantes mais novos se encantam e os mais velhos se emocionam. Ela salienta que muitos que procuram o sítio para um dia de lazer são moradores de grandes centros urbanos ou fazem parte da terceira idade. “E é bom conhecer pessoas de todos os lugares. Já tivemos turistas da Alemanha e da Argentina”, comenta.