A paixão por “viajar levando sua casa” cresce no Brasil. Bem típica dos norte-americanos e europeus, por aqui, o motorhome mudou sua característica para se adaptar às cidades e rodovias, além de atender um público muito específico de casais e aposentados. No encontro em Maratá, na semana passada, foi possível conferir que existem opções para todos os tamanhos de orçamento e família, e destino desejado.
No Parque da Oktoberfest a Associação Gaúcha de Proprietários de Veículos de Recreação – Rancho Móvel colocou mais de 100 veículos, entre caminhões e velhos ônibus adaptados, e ônibus e vans zero quilômetro especialmente adquiridos para virar trailer. Entre os pequenos conferimos a Mercedes Sprinter 415 do policial rodoviário aposentado Ivo, 79 anos, e sua esposa Marlene Hack, 75.
Os moradores de Gramado são viajantes desde 1980, mas aquela era a segunda viagem do novo veículo que Ivo recebeu em março da empresa Santo Inácio. Este modelo é de rodado simples (uma roda) na traseira, tem 6,9 metros e foi equipada com captação de energia solar, antena de TV e Sky, reservatórios de água e de dejetos; além de inúmeros equipamentos importados, como o ar-condicionado, especiais para veículos.
Quem teve esta ideia?
O trailer é chamado de “caravana” na Língua Inglesa, derivando do Persa “Karwan” que nomeava os comboios de peregrinos mercantilistas que viajavam juntos por segurança. Em termos atuais, “caravanas”, trailers ou motorhomes são originados dos veículos que, em toda a história humana, foram utilizados como casa ou dormitório. Tiveram ascensão como veículo militar, mas em contra partida foram fundamentais para escotismo, companhias de teatro ou circo da Idade Média, ao povo cigano. Em 1886, Gordon Stables R. N., escritor de contos infantis em Londres, projetou e mandou construir um veículo na Companhia de Vagões Bristol. O primeiro trailer era tracionado por cavalos e pesava uma tonelada. Em 1912, o primeiro motor-home que se tem notícia foi montado em chassi de um Ford T 1912 na Califórnia, Estados Unidos. No Brasil, a Trei-Lar, da antiga Brasinca, foi a primeira fabricante, mas o trailismo ganhou força mesmo na década de 60 quando a gaúcha Turiscar lançou seu primeiro veículo.
Clássico com legião de condutores
Quem visitou o acampamento não deve ter ficado indiferente ao menor motorhome presente. A lendária Kombi Safari 1982, do casal leopoldense Regis e Lourdes Feldmann, 76 anos ambos, é remanescente das 600 unidades do projeto desenvolvido na Alemanha e montado exclusivamente no Brasil. A parceria entre Karmann-Guia e Volkswagen resultou em um trailer menor do que um kitnet.
A casa móvel é compacta, mas ideal para que o casal ter visitado quatro países sul-americanos em 20 anos. O conforto não reduz quando levam junto seus dois netos. Em oposição, no Parque estavam veículos gigantes com os antigos Turiscar Itapoã; ou o ônibus Marcopolo do casal Sérgio e Fátima Aime, avaliado em R$ 700 mil com suíte e lareira. Ficou curioso? Conheça a Kombi e o ônibus no vídeo anexo.