Entre tantos objetos que podemos ter, alguns parecem mais valiosos a nossos olhos. Tão valiosos que geram motivação para serem guardados. Materiais antigos bem conservados, aliás, podem se tornar lucrativos para quem se interessa pela posterior comercialização. Ou então, permanecer como uma lembrança, que pode ser vista, sentida e tocada sempre que o proprietário quiser. Montenegrinos que praticam o hábito de colecionar preservam o passado e até consideram o hobby uma profissão.
Quem cultiva esse gosto é o comerciante Jairo Oliveira, de 44 anos. Ele está prestes a deixar sua profissão formal e se dedicar exclusivamente à compra e venda de moedas e cédulas antigas. “Em dezembro, eu me mudo para Minas Gerais, para viver lá com a minha esposa, e já sei que dá pra viver tranquilamente colecionando”, conta.
Tudo começou aos 10 anos, sem a menor pretensão de obter lucros. Ele ganhou uma moeda antiga e gostou muito. Desde então, começou a guardar, para tê-las como lembrança. “Agora tenho moedas de 1821 e muitas outras”, comenta. Migrando de vez para a atividade de colecionaeor e viver dessa prática, ele lançou algumas de suas relíquias em um catálogo nacional de colecionadores, versão 2018.
Atualmente, entre réis, cruzados e cruzeiro real, Jairo tem na garagem de sua casa cerca de duas toneladas de moedas, em potes, litros e latões. A quantidade parecer ser grande para quem não coleciona, mas Jairo considera o volume pequeno. “Já cheguei a ter mais de quatro toneladas, mas aí a gente vai vendendo também”, diz. A venda e a compra dos produtos, considerados mais comuns, é feita por quilo, entretanto, quando se fala em moedas mais raras, o valor é avaliado e discutido por unidade.
Outra coleção, considerada mais modesta por Jairo, é a de cédulas: ele possui 10 mil no total. “A mais antiga é de 1844, que comprei em Ouro Preto. Paguei R$ 1.500,00 por ela”, informa. Ele ainda continua à procura de mais notas e moedas antigas e também está disposto a negociar os artigos de sua coleção. Quem se interessar pode contatá-lo pelo número (51) 9799-2837.
Transações mais caras
Em todos estes anos comprando e vendendo moedas, Jairo conta que a peça mais cara que já adquiriu foi um dobra de ouro. Nessa relíquia ele investiu R$ 18 mil. “Foi o meu auge de investimento. Mas é um objeto de muito valor, tanto que quando vendi ela recebi R$ 25 mil”, lembra. Só nessa transação, o lucro foi de R$ 7 mil.
O que valoriza o produto é a raridade e o seu estado de conservação. “Não adianta ser antigo e ser mal cuidado. Se o material for bem conservado, mesmo sem ter um patrimônio tão valioso, é possível obter um bom lucro”, conta. Ele coloca como exemplo de raridade as moedas de 1688 que possui, as primeiras do Brasil.
Pelo simples gosto de guardar
Quem também gosta de colecionar alguns itens é a diretora de escola Valéria Rodrigues Graça, de 47. Ela guarda consigo moedas e notas antigas, que sua mãe e outros parentes lhes davam na infância. “A gente tinha comércio e ela me dava dinheiro, de diferentes valores, e muitas vezes eu deixava guardado”, explica.
O acervo é composto de duas caixas de sapato cheias de notas e moedas. São cerca de 100 cédulas e 70 moedas, de cruzeiros e cruzeiro real que, para Valéria, têm apenas um valor sentimental. A diretora começou a sua “pequena” coleção aos seis anos de idade, mas nunca com o objetivo de comercializar. “É algo que me traz lembranças, como uma foto, por exemplo. Continuo guardando como recordação daquele tempo”, diz. Valéria também costumava guardar papeis de carta, tendo hoje cerca de três mil unidades.