Abertura da safra ocorreu ontem, em Faxinal, e contou com a participação de autoridades locais e do Governo estadual
Foi aberta oficialmente, ontem, a 18ª Safra Estadual de Citros, ato que teve a participação de autoridades locais e representantes do Estado. Entre boas expectativas de produção e novidades tecnológicas, o evento foi marcado pelo anúncio do início de Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) e pela reivindicação de mais qualidade em infraestrutura para o escoamento da safra.
A propriedade que recebeu o evento de abertura foi a de Erci Kerber, produtor desde jovem que cultiva três variedades de bergamota: a caí, montenegrina, carro chefe da produção, e a pareci. Em seus quase 18 hectares de área plantada Kerber diz que neste ano a safra da montenegrina deve ser maior que no ano anterior, muito em função do clima que contribuiu. Já a caí, deve ser 40% menor, mas em perda de qualidade.
Montenegro, junto com os outros quatro municípios produtores (Pareci Novo; São José do Sul; Harmonia e São Sebastião do Caí) é responsável por 40% de toda essa produção do Estado, número que anima o poder público, mas que também dão um alerta quando se refere às condições transporte na hora de escoar toda a produção.
As rodovias assumem um papel de destaque quando se refere à perda na qualidade da fruta no transporte até o consumidor final. Segundo o prefeito Luiz Américo Alves Aldana, ainda existe uma deficiência em logística e transporte, mas, mesmo assim, promissora.
“Brevemente essas estradas serão todas elas, os 570 quilômetros, num prazo de cinco a dez anos, dotadas de com uma pavimentação experimental”. De acordo com o chefe do Executivo, a condição das estradas, tanto do interior, como as estaduais e federais, causam a perda de qualidade de citros. “Chegamos a perder até 70% na qualidade das frutas”, lamenta.
Neste ano, por mais que a safra seja menor que o ano passado, irá ser melhor na qualidade das frutas. “Este ano, a safra é menor, dentro do normal, na verdade, já que no ano passado tivemos uma super safra, mas com mais qualidade das frutas em função do clima”, acrescenta Aldana.
O secretário Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Tarcísio Minetto, que no ato representou o governo do Estado, defendeu que a região do Vale do Caí tem papel importante na produção de citros no Estado. “Nosso trabalho é prestar assistência técnica, com esse viés do ponto de vista da qualidade e, fundamentalmente, orientando o produtor de citros para que ele faça o melhor”, comemora.
Certificado Fitossanitário de Origem
Durante o ato que marcou a abertura oficial da colheita de citros, os produtores receberam uma boa notícia: até o fim deste ano a prefeitura de Montenegro dará início ao processo de cadastramento dos produtores de citros para o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO). Este documento comprova a condição sanitária da origem dos citros a fim de prevenir a disseminação de pragas dentro do Estado.
“A prefeitura vai passar a fornecer empresas para fazer o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) para todos os produtores de citros do município. Isso vai fazer com que eles possam exportar, mandar seus produtos para fora do Estado, com certificado que é exigido por lei”, explica o secretário Municipal de Desenvolvimento Rural, Ricardo Enders.
Segundo ele, ainda neste ano, a prefeitura vai abrir uma licitação de um registro de preço, onde o Executivo fica autorizado a contratar quantos profissionais forem necessários para cobrir toda área de produção no município.
“Nós estávamos em uma tentativa de fazer com que o agrônomo do município fizesse esse trabalho, mas como é muito dispendioso e precisa de acompanhamento mês a mês de todo o ciclo de produção, não há como ele fazer tudo sozinho”, detalha o secretário.
O processo de cadastramento dos produtores, segundo o secretário, inicia antes do final do ano para que em janeiro já se comece o trabalho de liberação da licença para todos os produtores. “O certificado exige o acompanhamento em todas as fases da produção e só depois disso os produtores recebem o certificado que permite a exportação dos citros produzidos em Montenegro”, acrescenta.
Produção de alimentos a base de citros
Quem participou da abertura da colheita da safra de citros pode, ainda, provar as variedades de doces e salgados que podem ser produzidos a partir das frutas: laranja, bergamota e limão. Alimentos que foram feitos pelos Grupos Organizados do Lar (GOL) de Montenegro, mais de 20 em todo o município.
Lizete Chassot, presidente do GOL Rosas de Faxinal, diz que é partir das doações de cada integrante dos grupos que podem ser mostrados os alimentos. “A gente se organiza de cada localidade e conseguimos trazer essa variedade que podem ser feitos a partir das frutas que produzimos”, comemora ela.
Mas, apesar da boa iniciativa, para a representante do grupo ainda existe uma carência no interior quando de se fala em estradas. “Gostaríamos de ter mais apoio da prefeitura, em todo o sentido. Principalmente em estradas, temos dificuldades em trafegar”, argumenta ela.