CIS-Caí conhece projeto para dar destino correto aos resíduos sólidos

Usina de termomagnetização trata o lixo de forma sustentável

ma comitiva de Consórcio Intermunicipal do Vale do Caí (CIS-Caí) esteve no último mês no interior do Paraná para conhecer um projeto que pode revolucionar a coleta de resíduos sólidos na região. Trata-se de uma iniciativa do projeto Lixo 5.0 desenvolvido pelo Governo do Estado do Paraná e parceiros que visa o uso de novas tecnologias de tratamento de resíduos sólidos e geração de energia.

O projeto visitado é uma alternativa ao não aterramento de resíduos. Por meio do tratamento térmico em uma usina de termomagnetização, que usa o calor como forma de recuperar, separar ou neutralizar determinadas substâncias ou reduzir a massa e volume dos resíduos, é possível dar um destino final sustentável ao lixo doméstico.

Conforme o diretor-executivo do CIS-Caí, Carlos Alberto Fink, o Lico, a máquina apresentada à comitiva do Vale do Caí – que também contou com a presença do presidente do CIS-Caí e prefeito de Salvador do Sul, Marco Aurélio Eckert, da prefeita de São Pedro da Serra, Isabel Corete Joner Cornelius, e do vice-prefeito de Harmonia, Leozildo Lira – reduz o volume dos resíduos de tal forma que 97% dele é desintegrado pela termomagnetização, sendo expelido no ar numa fumaça que estudos apontam não ser poluente, e 3% transforma-se em cinzas.

Lico destaca que essa cinza pode ser beneficiada em novos produtos como concreto ou moeirão de cerca, bem como pode ser utilizada no asfaltamento ou até mesmo como adubo orgânico. Estudos nesse sentido estão sendo desenvolvidos pela empresa junto com universidades parceiras. O presidente do CIS-Caí ressaltou que o projeto permite a existência de um complexo onde primeiro o lixo doméstico é separado para ver o que pode ser reciclado e o restante é, então, incinerado na usina de termomagnetização.

Um estudo sobre o investimento necessário para instalar uma dessas usinas na região foi solicitado para a empresa que produz a máquina. Além disso, o consórcio prepara um relatório para apresentar o projeto para os demais prefeitos do Vale do Caí e avaliar a implantação do projeto localmente.

Ideia é fazer aquisição de forma coletiva
A máquina apresentada à comitiva tem a capacidade de processar, segundo Lico, até 10 toneladas de resíduos sólidos por dia, ou seja, cerca de 300 toneladas por mês. Para se ter ideia, Montenegro, maior cidade do Vale do Caí, produziu em 2021 uma média mensal de 107 toneladas de resíduos sólidos, o que daria 3,5 toneladas ao dia. Em Brochier, que tem pouco mais de cinco mil habitantes, foram 15 toneladas de lixo doméstico produzido ao mês no ano passado, ou seja, 500 mil quilos ao dia.

Outra questão é o alto custo para aquisição do maquinário que faz a termomagnetização do lixo doméstico. Por isso, o plano é de que os Municípios da região se juntem para comprar em parceria ou via consórcio a máquina, atendendo assim a demanda local. “Primeiro vamos ver se o projeto é viável e de que forma ele fica mais fácil, mais prático e mais econômico para ser instalado”, explica Lico. “A gente vai ter que trabalhar e estudar um pouco mais a fundo, ver realmente qual o investimento e fazer a relação custo/benefício”, reforça.

Já o presidente do CIS-Caí acredita que um investimento nesse tipo de projeto se paga. “Se os Municípios acharem importante e comprarem a ideia para a gente poder pensar juntos alguma forma de viabilizar um processo desses na nossa região, com certeza, com o tempo esse investimento vai se pagar através da redução dos custos para levar esse lixo para outros locais – fora a questão ambiental, que é fundamental também”, analisa Marco Aurélio. O prefeito de Salvador do Sul entende, ainda, que uma possível alternativa é buscar parcerias com empresas privadas do ramo de coleta de resíduos.

Coleta de resíduos é problema crônico nos Municípios
A questão da coleta de lixo é um problema antigo enfrentado pelos gestores municipais, principalmente pelo custo do serviço. Segundo Marco, em Salvador do Sul, cerca de 65% do que é arrecadado com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) é gasto com o recolhimento de lixo. “As casas que pagam o IPTU têm embutido uma taxa de recolhimento de lixo, mas essa taxa não paga nem 10% do que a gente gasta com a destinação correta”, revela.

Segundo o presidente do CIS-Caí, o principal gasto é justamente com o transporte do lixo recolhido na cidade para o aterro sanitário em Minas do Leão ou São Leopoldo. “Esse processo, além de ser longe, se torna caro. Os Municípios acabam gastando uma grande parcela dos recursos arrecadados do IPTU na destinação do lixo”, reforça.

O diretor-executivo do consórcio, que já foi prefeito de Harmonia, corrobora com as declarações de Marco. “Além de (o transporte e uso de aterros) ser o grande custo, tem a questão de meio ambiente”, alerta. “Com certeza não vai ser barato (implantar o projeto visitado), mas se hoje nós conseguirmos implantar um projeto desses e no final for o mesmo custo que se tem hoje, a gente vai ter uma grande vantagem porque não vamos estar enterrando lixo para as futuras gerações”, pondera Lico.

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