10 empreendimentos fazem parte do projeto que destaca os sabores e as belezas da região
Inspirado no livro de fábulas “Além do grande quadro: o caminho do coração”, da escritora Marelise de F. Briebeler, o Circuito Turístico Caminho do Coração foi apresentado na terça-feira, dia 21, para agências de turismo de diversas regiões do Estado. Nem mesmo a manhã chuvosa e o restante do dia encoberto tiraram o brilho da apresentação dos 10 empreendimentos que fazem parte do projeto e a passagem por pontos turísticos de São José do Sul e de Pareci Novo, cidades que fazem parte do circuito.
Consultor em turismo, Otto Walter Schmiedt foi o responsável pelo desenvolvimento do circuito. Segundo ele, o embrião do projeto surgiu em 2016, quando Pedro Ivo Hartmann Filho, proprietário da DCor Antúrios, de São José do Sul, o buscou para agregar algo a mais em seu empreendimento. Instigado pelo amigo e inspirado no livro de Marelise, Otto propôs o evento que virou a Caminhada no Caminho do Coração, que acabou entrando no território de Pareci Novo. O evento teve duas edições de sucesso – e vai para a terceira em outubro –, deixando os empreendedores se questionando como continuar o projeto.
Veio então a proposta de aprofundar as ações do circuito. Otto passou a dar consultoria direcionada aos empreendimentos e novos empreendedores de cada cidade se somaram ao projeto. “Foi um trabalho de seis meses”, detalha o consultor. Durante esse tempo, os empreendimentos foram qualificados para atender os turistas. Apesar disso, segue a prospecção por novos integrantes para o Circuito Turístico Caminho do Coração. Segundo Otto, a busca é por empresas que gostem de trabalhar de forma associativa, que compartilhem informações e que cuidem do meio ambiente.
O consultor ressalta que o projeto trata-se de um Circuito Turístico e não uma Rota, que, pela definição técnica, engloba vários municípios. “A gente tem o circuito, que é uma região pequena com um assunto específico”, explica. Ele salienta ainda que o roteiro do circuito será definido pelos seus participantes junto aos agentes de turismo. “(É) quase como um cardápio de restaurante: eu vou escolher onde eu vou tomar o meu café, onde eu vou brincar, onde eu vou almoçar, onde eu vou jantar”, afirma. Otto observa que é possível, a partir do circuito, montar roteiros pedagógicos, gastronômicos, para a Melhor Idade, de caminhada ou de cicloturismo.
Café típico em meio às nuvens
Localizado em Porto Maratá, no interior de Pareci Novo, o Frühstück Sabores do Pareci é um empreendimento que aflora lembranças nos seus visitantes através do típico café alemão, o frühstück, e da história da proprietária do empreendimento, Iolenize Krein. No alto de um morro onde antigamente funcionava uma pedreira, ela recorda ao lado da neta – e sócia – Taiana Martins de Azevedo, que seu pai trabalhava naquele lugar e que, quando pequena, ela trazia para ele o café e aproveitava para brincar numa caverna situada na propriedade, que logo deverá ser aberta para visitação.
Ali, os turistas serão recepcionados não apenas por uma farta mesa com geleias variadas (como de hibisco, pimenta e pétalas de rosas), pães e bolachas caseiros e o típico refresco alemão spritzbier, mas também por uma bela vista de parte do Vale do Caí. “Não é justo só eu ver isso. É muito lindo”, diz Iolenize, justificando o desejo de abrir as portas da propriedade para visitantes. Para chegar ao local, é preciso passar pela chamada “Vila Grês”, conjunto de casas feitas com pedra grês. “Vocês não tem noção da minha felicidade. É um sonho que está se realizando”, garante emocionada.
A neta, que também guarda boas recordações de infância na propriedade, corrobora com o discurso da avó e lembra que a Iolenize sempre sonhou em receber turistas no local. “Quando ela falou que não conseguiria (realizar o atendimento seu auxílio de alguém), eu falei: ‘bom, a tua neta te ajuda’”, conta Taiana. Então, assim, surgiu a parceria que resulta num dos atrativos do Circuito Turístico Caminho do Coração.
Belezas naturais pelo caminho – e que podem ser levadas
Na passagem pela Capital das Flores, Mudas e Frutas não poderiam faltar a oportunidade de os visitantes conheceram um pouco mais sobre a produção desses itens e terem a oportunidade de comprarem diretamente com os produtores. É o que acontece na Flores Ouro Verde, localizada às margens da ERS-124, onde os turistas são atendidos pelas famílias Calsing e Schneiders e têm a oportunidade de eles mesmos pegarem uma caixa e escolherem as plantas que desejam adquirir. Desde 1998 trabalhando com a produção de flores, os empreendedores enxergam no Circuito Turístico uma oportunidade de se aproximar do consumidor final.
Se o desejo é por flores que não são produzidas na cidade, há ainda uma passagem pela Flores e Flores Floricultura, que trabalha com diversas variedades de plantas. Ao lado do marido Lindomar Gatti, Gisele Machado diz que o objetivo do empreendimento é levar o nome de Pareci Novo e a sua cultura com flores, adiante. A inclusão no circuito faz parte desse projeto e, para Gisele, trará mais do que possíveis clientes. “São amigos, que podem retornar”, afirma. Ela salienta ainda o bem-estar causado pela presença de flores e outras plantas e que é dividido com os turistas.
Novo Citrus abre as portas para divulgar sua filosofia sustentável
Em 1993, Willian e Maria Helena da Rocha iniciaram em sua propriedade na comunidade de Coqueiral, no interior de Pareci Novo, uma produção orgânica de frutas cítricas. Em 1998, com o sucesso da geleia de bergamota e do suco da mesma fruta produzidos por eles, teve início a agroindústria familiar Novo Citrus, especializada em produtos orgânicos.
Hoje, a empresa conta com uma gama de cerca de 30 produtos, incluindo aí outras variedades de sucos, biomassa de banana e geleias diversas. O que não mudou nesses 21 anos de empreendimento foi a ideia de trabalhar em sintonia com a natureza e de forma sustentável.
É para mostrar essa forma de trabalhar que o casal resolveu abrir a Novo Citrus para turistas e incluir a agroindústria no circuito. “Nossa principal ideia é mostrar que é possível e gostoso trabalhar de forma sustentável”, afirma Maria Helena. No espaço, além de conhecer mais sobre a empresa e seu método de trabalho, os visitantes serão apresentados a uma gama de alimentos produzidos com os produtos da Novo Citrus.
Plantas comestíveis estarão no caminho a partir de agosto
O Sítio Peixinho da Horta ainda está adaptando o seu espaço para receber turistas a partir de agosto deste ano. No local, assim que ocorrer a restauração de uma antiga casa da propriedade, os visitantes poderão conhecer mais sobre produção orgânica, manejo biodinâmico e Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). “Nossa expectativa é difundir agricultura e técnicas biodinâmicas, oferecer alimentos saudáveis e vivências junto à terra, plantas e animais, com toda a energia que isso pode trazer ao corpo e ao espírito”, diz a proprietária Clara Leni Hartmann.
Clara diz que a inserção do empreendimento no circuito abre a possibilidade de trazer o público à propriedade de forma organizada e profissional, além de permitir a interação com outros produtores e proprietários de agroindústrias que dividem o mesmo sonho. A empreendedora revela ainda o desejo de oferecer no espaço oficinas e palestras, além das degustações, demonstração do que é um Organismo Agrícola em Biodinâmica e venda de geleias e conservas.
Plantação de pimenta também faz parte do circuito
Foi por pouco que Margarida Kniest Persch não desistiu da sua produção de pimenta biquinho. A plantação teve início há 12 anos e prosperou, até que nos dois últimos anos passou a ser reduzida pela proprietária do Recanto da Margarida. No entanto, a proposta do Circuito Turístico Caminho do Coração fez com que ela reavivasse a plantação e produção de pimenta biquinho em conserva. Além disso, ela também passou a oferecer uma experiência nova para aqueles que não estão acostumados com a vida no campo: o colha e pague de bergamotas.
Junto com o Recanto da Margarida há outra atração do circuito: a participação da Escola Estadual de Ensino Médio São José do Maratá. É a banda marcial do colégio quem recepciona os visitantes que chegam à propriedade de Margarida.
Para o diretor da escola, Júlio Ricardo Hoerlle, a participação dos alunos no projeto é bastante importante por 90% deles ser oriundos de famílias que tiram o sustento do campo. Júlio reforça que a participação da EEEM São José do Maratá no projeto é uma forma de trabalhar a sucessão no meio rural e fazer com que os alunos reconheçam o potencial do campo.
Irmãs produzem cogumelos em São José do Sul
Num espaço projetado na sede de São José do Sul, as irmãs Jussara e Maira Gräf produzem as variedades Paris (Champignon), Porto Belo e Shimeji de cogumelos. A produção iniciou com Jussara, em janeiro de 2018, quando ela largou um emprego na iniciativa privada para apostar num negócio próprio e retornar à origem agrícola da família. Depois, Maira se uniu, e hoje elas produzem as três variedades em conversa ou in natura. Agora, passarão a receber visitantes para apresentar a produção e proporcionar a degustação dos produtos.
Jussara conta que optou pela produção de cogumelos ao ver uma reportagem na TV. Por não ser uma cultura comum no Vale do Caí, ela se sentiu motivada a iniciar o negócio. Hoje, a empreendedora observa uma boa procura pelo produto. Sobre a integração ao circuito, Jussara diz que ele vem para somar. “Traz um retorno financeiro, mas o principal é o contato com o público, a troca de experiências”, garante.
Encontro de flores e magia na DCor Antúrios
Pedro Ivo Hartmann Filho iniciou em 2001 sua produção de antúrios e, nos últimos anos, viu a necessidade de expandir suas atividades, indo além da produção comercial de antúrios e gloriosas da DCor Antúrios, localizada às margens da BR-470, em São José do Sul. Assim, inspirado pelo livro “Além do grande quadro: o caminho do coração”, em 2016 acrescentou outras atividades na sua propriedade, como trilha pela mata, e a abriu ao público.
Hoje, além de explicar o processo de produção das plantas – algo pioneiro e inédito no Estado – Pedro Ivo, recebe os turistas para atividades como colha e pague, caça ao tesouro, gangorra maluca e outras. “Quero divulgar mais o Município, por isso decidi investir no turismo”, afirma o empreendedor. É na DCor Antúrios que também ocorre o encontro com a escritora Marelise Griebeler, autora do livro que serviu de inspiração para a criação do circuito.
Receitas de famílias e morangos orgânicos são atração da família Fürh
Numa propriedade centenária, Aloísio e Márcia Luciane Führ, junto com as filhas Nadine e Letícia, se prepararam para receber os visitantes de braços abertos. Na Agroturismo Fürh, o turista conhecerá a produção orgânica de morangos da família e também poderá degustar de um café colonial ou almoços típicos preparados com o resgate de receitas da família. “Somos a 4ª e a 5ª geração na propriedade. A expectativa (para receber os turistas) é grande. É um sonho realizado”, afirma Márcia.
A empreendedora lembra que desde 1998 ela e o marido participam de feiras e outros eventos para vender seus produtos. A excelência na produção fez com que a propriedade localizada no interior de São José do Sul passasse a receber visitas técnicas e, agora, se preparar para a experiência nova de receber turistas. “A gente está bem animado. Achamos que vai ser bem legal porque é uma oferta diferente”, assegura Nadine. Ela observa que o circuito Caminho do Coração, como um todo, oferece uma diversidade legal de atividades no meio rural.