Chuva volta a causar transtornos em diversos bairros

Alagamentos. Situação no bairro São João deixa moradores indignados. Comissão terá reunião hoje com a SMOP

A previsão do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) aponta que a chuva que atingiu Montenegro e região ontem deve voltar na quarta-feira, mantendo-se constante até sexta-feira, dia 17. Isto é o suficiente para deixar os moradores do bairro São João com medo. Apesar de não sofrer com as cheias do Rio Caí, a comunidade se preocupa com os frequentes alagamentos. A pior situação é nas ruas Prefeito Carlos Gustavo Jahn, Intendente Amândio Lampert e Intendente Aurélio Porto.

Rua Intendente Amândio Lampert, assim como vias próximas, fica intransitável

Para resolver o problema crônico no bairro foi criada uma comissão de moradores que vai tratar do assunto com a Prefeitura. Há dois meses houve uma reunião com o titular da Secretaria Municipal de Viação e Serviços Urbanos (SMVSU), Ricardo Endres. Hoje, às 9h, deve ocorrer audiência com a Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP). O desejo dos moradores é que a Prefeitura melhore o esgoto pluvial da rua Intendente Amândio Lampert, o que aliviaria o problema dos alagamentos. O encontro servirá para os moradores cobrarem um projeto capaz de resolver a situação.

Moradores, junto com vereadores do bairro, buscam uma solução para os frequentes alagamentos

Caso isso não aconteça, a comunidade cogita medidas mais drásticas. A primeira delas pode ocorrer já na quinta-feira, durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores, com o grupo realizando um protesto. Outra ideia é colocar faixas com os dizeres “Seja bem-vindo. Se chover, não entre”, nos principais acessos ao bairro. Inclusive, os moradores já estão tomando ação durante os alagamentos. “Ligamos para a Defesa Civil, Guarda Municipal e Brigada Militar, mas ninguém vem interditar a rua. Então eu mesma coloco uma fita para os carros não passarem”, conta a corretora de imóveis Bibiana Baptista, 33 anos, uma das participantes da comissão. Marcio Flores Pereira, 44 anos, é outro membro do grupo. Com o apoio da Associação de Moradores do Bairro São João, uma primeira reunião foi realizada com a presença dos três vereadores que moram no bairro. Segundo a presidente da entidade, Vera Horn, a ideia seria arrumar o encanamento na Amândio Lampert e observar se a situação da rua Aurélio Porto melhoraria com isso.

Silvana passou a manhã de domingo limpado a casa após a água baixar

Limpeza em dia que deveria ser de descanso
“É meu dia de descanso, mas estou fazendo faxina.” Foi com essa frase que Silvana Siqueira, 48 anos, recebeu a reportagem do Ibiá na manhã de ontem. Moradora da rua Intendente Aurélio Porto, ela viu a água da chuva invadir o pátio de sua casa e também entrar na cozinha da residência da sua mãe, Catarina Miguela Longhi, 78 anos. “Como vou fazer para escoar essa água?”, questionou ao mostrar o alagamento no pátio da casa. “Está piorando a cada vez. E entra barro junto”, complementou. De acordo com ela, quando a chuva é muito forte, sua casa é invadida pela água. Ela está com uma inflamação no braço desde o final do ano passado, quando teve que limpar sua casa em razão da enxurrada do dia 30 de dezembro.

Moradora da mesma rua, Vera Vianna, 46 anos, demonstra preocupação com a situação. “Temos medo de sair de casa”, relatou. Segundo ela, o maior medo é voltar para casa e encontrá-la inundada. Com o marido se recuperando de uma cirurgia, a moradora se preocupa ainda mais com o fato de ficar sem ter como sair de casa e também com a sujeira trazida pela água. Ontem, um rato morto foi encontrado no meio da rua. A situação é tão complicada que Vera chega a comparar a ruas alagadas com Veneza, cidade italiana conhecida por seus canais.

Nolfeu criou barreira para impedir que a água invada sua residência

Tábua impede água de invadir casa de aposentado
Morador da rua Intendente Amândio Lampert, o aposentado Nolfeu Barbosa, 68 anos, investiu numa tábua que é colocada junto ao portão para impedir que a água invada a sua residência. “Ela impede que o grosso passe, mas tem uns que passam de carro aí respinga para dentro”, comentou. Ele lembrou que no dia 30 de dezembro estava doente e ficou impossibilitado de colocar a tábua na frente de casa, o que fez com que a água invadisse sua residência. “Perdi móveis sob medida que recém havia comprado”, lamentou. Segundo ele, a água chegou a ficar na altura dos joelhos, nos fundos da residência.

Problema também é recorrente em outros bairros
Não é apenas o São João que sofre com os alagamentos nos dias de chuva mais intensa. No bairro Ferroviário, o problema também se repete há anos. As ruas mais afetadas são Meninos Deus, São João e Independência. De acordo com o vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Ferroviário, Sérgio Dalcin, as casas só não são invadidas pelas águas porque o local é zona de enchente e as residências já são mais elevadas. Porém, os moradores ficam ilhados. “Não tem como sair de casa. Só com água pelo joelho. De carro, nem pensar”, destacou. Sérgio reforçou ainda que o problema é crônico, sendo recorrente há 15 anos. Apesar de reuniões com autoridades, nenhuma atitude concreta é tomada. Também houve registros de alagamentos nos bairros Zootecnia, Centenário, Aeroclube e Olaria.

Parte da rua Menino Deus ficou abaixo de água, como ocorre com frequência

 

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