Chacall: “Candidato ficha-limpa? Esse cara sou eu”

Aos 54 anos, casado e pai de um adolescente de 13 anos, o candidato a deputado estadual pelo Partido Verde (PV), Adairto da Rosa, o Chacall, é oriundo de uma humilde família de cortadores de mato. Com ela, aprendeu o valor do trabalho. Dono de uma empresa que fabrica máquinas de bilhar, já concorreu a vereador e duas vezes a prefeito. Profundo conhecedor dos problemas da cidade, muitos deles vividos na pele, ele agora quer representar Montenegro no parlamento gaúcho.

JI – Por que o senhor decidiu disputar uma vaga na Assembleia Legislativa?
Chacall –
Eu quero ver a nossa cidade limpa desses maus políticos. Por isso, faz 12 anos que eu faço política. O que um eleitor pede de um candidato? Que ele seja ficha limpa? Esse cara sou eu. Que ele nunca tenha participado da vida pública, vivido de dinheiro público. Esse cara sou eu. Que ele nunca tenha tido familiares metidos em prefeituras. Esse cara sou eu. Nunca me viram tirando foto com vagabundo nenhum. Os caras que estão aí eu posso chamar de vagabundos porque são mesmo. Pelo que estão fazendo com a minha cidade e com nosso país, não tem outro termo para usar.

JI – Nas disputas anteriores, o senhor concorreu pelo PSDB, depois anunciou a filiação ao Patriotas para apoiar Jair Bolsonaro à Presidência da República, mas agora está no Partido Verde, com Marina Silva. O que provocou essas mudanças?
Chacall –
Eu estava no Patriotas, até tinha pego a presidência do partido. Mas teve uma pessoa daqui de Montenegro, uma mulher, não vou citar nomes, que foi a Porto Alegre e disse lá que eu estava respondendo processo por estupro, por Maria da Penha e não sei o que mais ela inventou lá. Eles ligaram pra mim. Eu disse assim: “não vou nem dar explicação para vocês, porque sou um dos únicos ficha-limpa que está concorrendo aqui em Montenegro. Eu nunca tive problema com Fórum, com delegacia, eu nunca tive um ilícito na minha vida e vocês acreditaram em uma pessoa que vem do nada? Se o troço já começou assim, eu estou fora”. Simpatizo, sim, com as ideias do Bolsonaro, porque acho que é uma mudança que tem que haver. Tem que botar um louco, que hoje em dia o mundo é dos loucos. Loucos de raiva com o que está acontecendo, com esta esculhambação. Tem duas classes para as pessoas escolherem: a dos loucos, que estão irritados, e a dos bobos. Aí as pessoas se definem.

JI – O senhor vai pedir votos para a Marina Silva?
Chacall –
Com certeza, não. Quando eu aceitei essa proposta, eu disse lá para o partido que não faria campanha para presidente nenhum, somente para mim, Mano Changes (para deputado federal) e para o Cláudio Bier (candidato a vice-governador na chapa de Jairo Jorge), que é uma excelente pessoa, tem currículo. Jamais vou fazer campanha para esses caras que estão aí e que nunca fizeram nada pela política.

JI – E sua saída do PSDB?
Chacall –
Eu moro praticamente em cima da RSC-287 e todo dia dá um acidente ali. Como sou uma força política aqui de Montenegro, eu venho falando para esses caras que eram do PSDB: “façam alguma coisa”. Não teve um candidato do meu partido, o PSDB, que veio ali e resolveu este problema, que é tão simples. Eu troco o meu nome, não me chamo mais Chacall, se não ajeitar aquilo ali. Só precisa uma coisa: vergonha na cara. Vocês têm que ter uma força política para lutar por vocês. Saí deste PSDB, que está uma esculhambação, com Aécio Neves envolvido neste monte de “ladaia”, saí porque não compactuo com isso aí. Fui para o Partido Verde, que não tem ninguém no meio político hoje. Não tem um deputado, não tem um vereador, não tem um prefeito, não tem nada. Para depois ninguém dizer: “Chacall, tu já está com aquele cara”.

JI – Como o senhor acha que tem de ser resolvido o problema da 287?
Chacall –
Com vergonha na cara, somente. Não fazer mais as pessoas de bobas. Eu tenho um projeto que eu fiz, eu desenvolvi. Eu mostro e vocês vão ver que é dentro da realidade. Me dêem R$ 20 mil. Se não derem, eu dou um jeito de arrumar. Com duas máquinas e seis homens, eu faço aquilo ali. Desses R$ 20 mil, vai sobrar dinheiro pra comer uma carne em cima daquela rótula. As outras a gente faz também com esse mesmo valor. Pediram R$ 800 mil para fazer uma rótula. O que é isso? Aonde vocês querem chegar? E os políticos, vocês já sabem que são sem-vergonha, mas é mais sem-vergonha quem vota nessa gente, quem acredita nessas propostas, nessas mentiras que as pessoas falam, que “vou fazer um grande viaduto”. Hoje não é viável fazer um viaduto ali. Com certeza, é preciso, mas não é viável porque o país está quebrado.

JI – E o senhor acha que, como deputado, vai conseguir realizar isso?
Chacall –
Com certeza. Chamei o Mano Changes aqui, ele vai para federal e me prometeu que, ganhando a eleição, junto comigo, a gente vai fazer aquilo ali. E tu sabe que prometeu para mim é ruim de lidar. Eu vou onde o cara tiver e vou cobrar, porque eu não sou palhaço de ninguém. Se a pessoa prometeu para mim, vai cumprir.

JI – Nas suas andanças, o senhor costuma carregar um porrete com a inscrição “educa político”. Não é o eleitor que precisa ser educado, candidato?
Chacall –
É verdade. E vai chegar a hora, gurizada, em que vocês também vão ter um porrete desses. Vocês só não estão usando porque não têm coragem, porque vai chegar o momento que todos nós vamos ter um porrete. Quero que vocês compartilhem a página Broncas do Chacall, que eu criei no Facebook. Não foi criada para me promover em cima da desgraça dos outros. Essa página foi criada para as pessoas cobrarem de quem nós estamos pagando salários. O que está acontecendo na nossa cidade é uma vergonha. Não tem respeito nenhum.

JI – O que é o Cineagro, que o senhor considera o melhor projeto já apresentado por um candidato para o Vale do Caí?
Chacall –
A gente mora num lugar muito rico. Nossa riqueza é o agronegócio. O Cineagro será uma grande Ceasa com uma Expointer constante. Haverá gente de fora girando na nossa cidade, vendo as nossas riquezas, de todo o nosso Estado. Vai beneficiar o pequeno produtor. Vai haver um caminhão, fazendo as coletas da produção e levando para o Cineagro. Toda produção animal, vegetal e de implementos agrícolas será vendida dentro do Cineagro. Vai permitir que os produtores, inclusive, troquem mercadorias entre si. Será vendido desde um passarinho até um búfalo. A nossa produção rural é muito rica, mas tá assim: brejo, brejo, mato de eucalipto; brejo, brejo, mato de acácia. Toda economia vive da agricultura. Nossa maior riqueza é o solo e não estamos aproveitando. A previsão é gerar 20 mil empregos diretos e indiretos. O agricultor vai segurar seu filho, pagando salário digno, e o pessoal da cidade terá emprego. O Pólo vai ficar desse tamanhozinho diante desse meu projeto.

JI – Montenegro e o Vale do Caí possuem sérios problemas de infraestrutura de rodovias, com estradas esburacadas, estreitas e sem acostamento. Caso eleito, como pretende ajudar as comunidades?
Chacall –
Através do Cineagro. Esse projeto trará muitas riquezas para a cidade e vai haver recursos para investir em melhorias. Ele será instalado entre o perímetro urbano de Montenegro e a BR-386. Teremos o rio nas proximidades, para que os produtos cheguem por água. Tem a rede ferroviária e as próprias estradas, para o transporte por caminhões e carretas. Com toda essa movimentação, as estradas naturalmente serão melhoradas.

JI – De que forma, como deputado estadual, o senhor pode colaborar para que a região tenha mais segurança?
Chacall –
Com vergonha na cara. Eu quero que as pessoas tenham orgulho de dizer que votaram em mim. Eu vou lutar por vocês, eu vou morrer por vocês. Eu fui criado a laço. O pai dava em nós para a gente se tornar homem.

JI – Caso eleito, como será sua relação com o prefeito Kadu Müller?
Chacall –
Eles entraram mentindo para o povo, mas vou ajudar a minha cidade. Não quero político no Cineagro. Só quem vai poder se promover dentro dele sou eu porque sou o criador desse projeto. Não quero vereador e nem prefeito lá. Vou dar um conselho pro prefeito: tira essa genterada que nomeou e começa a ouvir as pessoas. As pessoas tão pedindo dignidade. Seja homem, passe nas vilas e ouça elas.

Acompanhe as entrevistas

Para deputado federal
– 18 de setembro – Rodrigo Corrêa

Para deputado estadual
– 19 de setembro – Chacall
– 20 de setembro – Márcio Müller
– 25 de setembro – Nei da Kombi
– 26 de setembro – Paulo Azeredo
– 27 de setembro – Waldir Kleber

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