Célia Ávila: uma vida dedicada à educação, poemas e família

professora e poetisa é a patrona da 17ª Feira do Livro de Montenegro e 12ª Feira do Livro do Vale do Caí

A 17ª Feira do Livro de Montenegro e 12ª Feira do Livro do Vale do Caí ocorre entre 2 e 5 de outubro, na Praça Rui Barbosa, e têm como patrona a professora e poetisa Célia Ávila, e como homenageada, a professora, pesquisadora e poetisa, Sondi Lutz da Silva. Textos leves e com muito sentimento; poemas voltados às crianças e à tradição gaúcha, essas são características da patrona desta edição da Feira, que já conta com cinco livros publicados.

Nascida em terras Triunfenses, Célia é professora aposentada, graduada em Letras pela Unisinos, e pós-graduada em Educação Inclusiva. Atuou durante 38 anos na rede municipal de Triunfo, onde nasceu. Atualmente a poetisa reside na localidade de Passo da Pimenta, onde passou a infância e a adolescência. Filha de agricultores, a patrona sempre valorizou e cultivou a sua raiz rural.

Célia é casada, mãe de três filhos e avó de seis netos. Ela é autora de livros como: Vaga-lumes (2012); Po-e-Maria, Tudo é poesia (2014); Das Cinzas à Chama (2016); Sassarico e Saracote: poesia – para crianças de todas as idades (2018); e Aurora – versos e causos (2019), que será lançado oficialmente nesta edição da Feira do Livro.

Célia desde
pequena é interessada pela leitura e a escrita. Foi uma paixão que carregou para o resto da vida. Fotos: Arquivo pessoal

“Foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida”
Com sessões de autógrafos e lançamentos de livros nas últimas edições da Feira, Célia exalta a educação, além de todas as dificuldades. “Os meus estudos foram muito sacrificados, por morarmos em um lugar distante, na época sem ônibus, sempre foi muito difícil estudar, mas valeu a pena”, fala ela.

Com a infância no interior, ela relembra de quando tinha 12 anos e às vezes precisava ajudar os pais a tirar leite das vacas, ainda na madrugada. “Depois ia correndo por uns dois ou três km até onde passava o ônibus para ir estudar no Polivalente, em Montenegro”, conta. Célia tinha apenas a 6° série quando começou a dar aulas e trabalhar, em uma escola perto da sua casa, mas ela não se contentou, estava sempre querendo estudar mais e mais.
Ela conseguiu terminar os seus estudos e, com a ajuda da Prefeitura de Triunfo, fez o magistério. “Eu comecei a trabalhar em 1975 e entrei na faculdade só em 1996. E eu entrei por um motivo meio de revolta, de não ser reconhecida. Eu queria ser melhor”, diz a patrona.

Segundo ela, a melhor coisa que fez na sua vida foi fazer a faculdade. “Foi muito difícil, porque tinha que ir e voltar todos dias, e eu tinha filhos pequenos na época. Além disso, eu tinha que trabalhar de dia, dar conta de todo o serviço da casa e dos animais também, mas eu consegui”, fala Célia.

A poetisa realizou uma sessão de autógrafos da sua primeira obra na Feira do Livro de Porto Alegre de 2013

As mudanças na vida foram radicais, diz a escritora
“Duas mudanças que eu acho que foram bem radicais na minha vida foi quando eu consegui me formar, e depois que eu lancei o meu primeiro livro”, conta Célia. Amante da leitura e da escrita, Célia afirma que a sua família não tinha condições de comprar livros e que as suas leituras eram baseadas em rótulos de alimentos. “Eu lia muitos rótulos de erva; de óleo de soja; açúcar. Naquela época também não tinha muito letreiro pra gente ler, ou embalagem, porque muita das coisas que comíamos era o que plantávamos ou então vinha em pacote de papel pardo”, lembra.

O seu primeiro livro, “Vaga-lumes”, foi escrito quando se aposentou e, para Célia, foi um ano bem difícil. “Meu pai estava doente, e eu era a filha que morava mais perto dentre os quatro irmãos, eu me dividia muito; porque eu estava entre a escola que eu ainda trabalhava; eu tinha meu pai que dependia da minha ajuda; eu tinha vaca de leite; tinha meu neto pequeno que eu cuidava às vezes; então era muita coisa”, conta.

A professora vinha na rotina árdua até que seu pai faleceu. Depois ela vendeu a vaca e seu neto entrou em uma escolinha. “Eu fiquei então sem o que fazer, e eu resolvi comprar um notebook, e comecei a escrever poemas. Eu escrevia, imprimia, e já tinha muitos”, fala. Com a lista extensa de poemas ela então resolveu criar o seu primeiro livro. “Dali pra frente eu ganhei um espaço em um jornal de Triunfo, onde eu tinha uma coluna semanal de poemas, e comecei a participar das reuniões da Associação Montenegrina de Escritores (Ames) onde fui muito bem acolhida”, relata.

Célia Ávila relata que o livro Po-e-maria abriu suas portas para ir nas escolas

O segundo livro, “Po-e-maria, Tudo é poesia”, foi segundo a patrona, a obra que abriu as portas para ela ir nas escolas. O “Das Cinzas à Chama”, é uma referência à Semana Farroupilha, com diversos poemas ligados ao tradicionalismo, e o livro do ano passado, Sassarico e Saracote, é essencialmente infantil. “Os meus livros são edições simples, para as pessoas poderem acessar o que é mais importe, que é o que tem escrito. Eu nunca tive como objetivo ganhar dinheiro com os livros. Tomara conseguir tirar o dinheiro que apliquei, porque conseguir dinheiro para viver já é difícil”, diz.

O seu mais recente livro, “Aurora, versos e causos”, será lançado oficialmente na edição deste ano da Feira. “Esse livro tem uma parte que são poemas e a segunda são causos, memórias da minha infância, cada causo tem uma ilustração, está bem legal”, fala Célia.

Sobre ser patrona: honra e felicidade
A escritora se diz muito orgulhosa por todo o reconhecimento que está recebendo. “Fazendo uma retrospectiva da minha vida, eu nunca pensei que poderia ser chamada de escritora, e mesmo quando eu lancei o primeiro livro não era algo que eu achava que ia chamar tanta atenção. Eu me sinto muito honrada”, conta.

“É muita honra ser patrona da Feira do Livro, ainda mais que eu sempre gostei muito de ler e estar presente nas feiras. Ser patrona parece até um sonho”, fala com felicidade. Célia está bem empolgada, e relata que já está preparando atividades especiais para a Feira.

Para as gerações mais novas, a patrona incentiva a sempre colocar o estudo em primeiro lugar. “Tem hora pra tudo, para brincar; para usar a internet e para o estudo. E a primeira responsabilidade das crianças e jovens é estudar. Então que aproveitem esse período para determinar os horários dos estudos e do lazer sem esquecer que conhecimento é tudo”, completa Célia.

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