DOIS MESES depois do crime. “Não conseguimos viver o luto em si com tantas dúvidas sobre como aconteceu isso”
O período de sofrimento e espera por respostas tem sido longo para os familiares e amigos da agente de saúde Thaiane de Oliveira, assassinada na madrugada de 24 de julho, no município de Capela de Santana. Primeiro foi a espera pelos laudos periciais, depois, pela conclusão do inquérito da Polícia Civil – que parecia ter sido finalizado, mas não foi. Agora surge uma nova espera, pela decisão dos peritos do Instituto-Geral de Perícia em atender a solicitação de reconstituição do local do crime. O pedido foi feito pelo delegado Rodigo Zucco, responsável pela investigação, e é visto pela família da jovem como uma nova chance de se obter respostas ao crime. “Não conseguimos viver o luto em si com tantas dúvidas sobre como aconteceu isto”, desabafa Carin Fortes prima da vítima.
No dia 13 de setembro, em entrevista realizada em São Leopoldo, o delegado informou que o inquérito havia sido concluído. E que na semana seguinte seria enviado à Justiça. Porém, alguns dias depois, ele optou em usar mais uma ferramenta antes de passar o caso a diante. Zucco solicitou ao IGP que a reprodução simulada dos fatos ocorra durante a madrugada, assim como ocorreu o crime. O delegado não explicou o motivo que o fez manter o inquérito em aberto.
Carin Fortes, prima de Thaiane, tem falado com a imprensa em nome do restante da família. Segundo ela, o pedido do delegado é visto como uma nova oportunidade para aclarar a situação. “Esta reconstituição poderá ser muito esclarecedora, pois quanto mais informações forem colhidas, melhor. Muitas questões ainda estão sem respostas”, diz Carin. “Tem sido tão angustiante a espera por estas resposta e precisamos muito disso para balsamizar a nossa dor”, acrescenta. “Porém esperamos que isso não se prolongue por muito mais tempo, adiando assim a conclusão do inquérito”, sublinha.
Apesar da esperança da família, ainda não está definido se o pedido de reconstituição será atendido pelos peritos do IGP. Conforme a assessoria de comunicação do órgão, primeiro será avaliada a necessidade de realizar o procedimento. A reprodução simulada dos fatos é indicada quando existe um confronto de versões, o que aparentemente não é o caso. Caso os técnicos do Instituto atendam à solicitação, novamente, se entrará em um momento de espera, pois este irá para uma fila composta por vários outros pedidos de reconstituição.
Relembre o caso
Um policial militar de 31 anos, lotado na corporação do município de Capela de Santana, matou a própria esposa no início da madrugada de 24 de julho. Ele teria confundido a companheira com um invasor e atirou nela com uma pistola .40.
O suspeito teria alegado que desligou o disjuntor da rede elétrica por causa de um temporal, deixando a casa no escuro. Então, na madrugada, acordou com barulho, viu um vulto e uma luz, pegou sua arma funcional e deu ordem de parada. Mas a pessoa teria seguido andando. Então, ele atirou.