Casa dos Cereais vence a crise vendendo saúde

Reconhecimento. Empresa de Montenegro torna-se fornecedora da Copa Airlines e conquista novos mercados

Paulo está em negociações com investidor estrangeiro, buscando ampliar a capacidade de produção da empresa

Montenegro pegou carona com uma tendência mundial que não para de crescer. O consumo de alimentos saudáveis não conhece crise e, no Brasil, tem crescido a taxas médias de 20% ao ano desde 2012, conforme levantamento da Euromonitor. Os ventos favoráveis, que colocam o país como o quinto maior mercado mundial de comida “natureba”, abrem portas para a Casa dos Cereais, empresa montenegrina que tem conquistado uma fatia cada vez maior desse segmento no Estado. “Estamos em contato com atacados que querem distribuir nossos produtos em todo o Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Para isso, porém, temos de nos preparar para fornecer grandes volumes, o que requer um investimento bem significativo”, reconhece o sócio-diretor Paulo Bilhar, 41 anos.

Esse obstáculo, porém, tem tudo para ser superado em breve. Sem revelar detalhes, o montenegrino conta que está em negociação com um investidor estrangeiro para viabilizar a ampliação da indústria, principalmente se houver incentivos do poder público. “Nosso interesse é levar mais saúde para a mesa das pessoas, crescer, aumentar o faturamento e criar mais empregos para nossa população”, enfatiza. Hoje, ele possui cerca de 40 funcionários, desde vendedores, a equipe da loja na Ramiro Barcelos e a fábrica na rua Fernando Koch, rua que margeia a ERS-240.

A expectativa otimista está assentada nas recentes parcerias que fizeram a Casa dos Cereais decolar, literalmente. É que a Copa Airlines — companhia panamenha que opera voos em toda a América Latina e Estados Unidos — introduziu em seu serviço de bordo pacotes de granola produzida em Montenegro. O produto é distribuído em embalagens de 30 gramas como lanche aos passageiros. “Nossa granola tem sido muito elogiada por ser não apenas saborosa, mas também crocante. Distribuímos alimentos naturais em 96 pontos de venda em Porto Alegre, como supermercados, casas especializadas e até bancas no Mercado Público. Uma empresa da capital que capta os fornecedores de alimentos para a Copa foi que nos levou a esta nova oportunidade.”

Segundo ele, o primeiro pedido foi na véspera do Carnaval deste ano. Foram encomendados 6.300 pacotinhos de 30g para serem entregues em quatro dias. Todos os funcionários pegaram junto e trabalharam além do horário normal, mas foi compensador, porque o sucesso foi praticamente imediato. Em poucos dias já havia passageiros da companhia aérea reconhecendo em pleno voo a procedência do lanchinho saudável.

A segunda remessa foi em questão de dias, porque os clientes da Copa gostaram tanto da granola que queriam levá-la embora. Golaço. Para Paulo, porém, o mais importante dessa parceria com a empresa aérea não é o faturamento, mas sim a visibilidade dada à marca nascida na Cidade das Artes. Outras propostas comerciais surgiram dessa janela que se abriu e até mesmo o investimento estrangeiro, ainda um assunto em estudo, teve origem nos aviões da Copa. “Tem sido um marketing extraordinário”, reconhece.

Indústria precisa ser ampliada
A ampliação da indústria de alimentos, que hoje ocupa um pequeno prédio na rua Fernando Koch, quase na margem da ERS-240, será uma questão de tempo. Como consequência da parceria com a Copa Airlines, Paulo Bilhar está em negociação com grandes clientes e marcas consagradas. O desafio imediato é ampliar a capacidade produtiva para alcançar novos mercados, mas sem abrir mão do rigoroso processo de qualidade, que inicia já na compra das matérias-primas, passa pelo manuseio e conclui na entrega aos pontos de venda ao consumidor. Segundo ele, as atividades da empresa sempre tiveram o acompanhamento técnico especializado de nutricionistas: primeiro com Viviane Vogel e, atualmente, com Denise Garateguy.

Nos últimos 10 anos, a empresa montenegrina cresceu 60%. “A mídia fala muito da importância da alimentação saudável. Você é o que você come. Isso vem criando uma consciência bem bacana e os hábitos das pessoas têm mudado bastante, o que nos oportuniza crescer mais de 20% ao ano”, enfatiza.

Com 15 anos de atuação no mercado de alimentos saudáveis, ele faz planos que incluem a aquisição de maquinário para acelerar os processos produtivos, mas sem abrir mão da qualidade. A ideia é que a embalagem de 30g seja encontrada pela clientela em locais próximos, como escolas, postos de combustível e outros locais que vendem lanches não apenas no RS, mas também em Santa Catarina e São Paulo.

Após os investimentos para a reestruturação da indústria, a Casa dos Cereais vai trabalhar para ser reconhecida como um dos maiores produtores de granola do País.

Pacote de 30 gramas é distribuído como lanche nos voos da Copa, mas objetivo é vendê-lo inclusive em supermercados e outros pontos de venda
foto: Casa dos Cereais/Divulgação

A melhor granola do País
Foram oito meses de pesquisas até se chegar à receita ideal, que é mantida sob sigilo por Paulo Bilhar. Não é para menos. Degustadores e nutricionistas de todo o País já elegeram a granola da Casa dos Cereais como a melhor do País. Segundo o montenegrino, o sucesso vem não apenas da qualidade do produto, mas também de uma preocupação cada vez maior dos brasileiros em ingerir alimentos saudáveis. “Os hábitos de consumo têm mudado muito. Antes as pessoas iam apenas às farmácias para comprar remédio, mas hoje elas entram na minha loja com receitas de médicos que prescrevem alimentos saudáveis”, compara.

O proprietário da Casa dos Cereais conta que cerca de 70% dos ingredientes usados em seus produtos vêm do Rio Grande do Sul. Giruá, por exemplo, é o maior produtor de linhaça do Brasil. O restante tem procedência nos estados do Acre e Goiás e países como Argentina e Chile. “A granola é o carro-chefe da nossa linha de produtos e cai muito bem com frutas e açaí, além de iogurte.”

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