Pedra grés. Série de esculturas do artista ficará exposta no Parque Municipal
Quatro de um total de 28 esculturas em pedra grés que contarão a história da humanidade, desde o surgimento dos primeiros anfíbios até a chegada do europeu ao Vale do Caí, já estão expostas no Parque Municipal Júlio José Colling, localizado às margens da ERS-124. É também nas margens da rodovia, na localidade de Porto Maratá, que fica o atelier onde o escultor Carlos Rodrigo de Azevedo, 36 anos, produz as peças que fazem parte do ambicioso projeto.
Natural de Pareci Novo, Carlos viu na proposta uma forma de retribuir tudo que a cidade já lhe deu. “Sentia que era meu dever fazer algo pelo Município. Meu trabalho começou aqui e sentia que eu tinha que fazer algo grande, então levei a ideia para o prefeito (Oregino José Francisco), que a achou fantástica”, conta. Assim, aos poucos, o número de esculturas no parque irá aumentar até chegar ao total de 28. No momento, o artista trabalha na produção de um animal extinto do qual descendem os crocodilos e os jacarés.
Carlos conta que a ideia de realizar o projeto saiu de seu interesse pelo tema. Amante da arqueologia, da geologia e também da história, ele realiza pesquisas para fazer suas obras em pedra grés. Entre as esculturas previstas, estão animais como uma tartaruga gigante e até mesmo dinossauros. Porém, uma coisa que ele não consegue fazer é precisar um tempo para a conclusão do projeto. “A escultura é imprevisível. Às vezes, algo que acho que faço em duas semanas acaba levando quatro”, exemplifica. Além disso, ele capricha nos detalhes de cada uma das obras. Na atual, o trabalho mais detalhado será em cima das escamas e dentes do espécime retratado.
Além de trabalhar nas obras para o projeto, Carlos também realiza esculturas sob encomenda como um meio de manter sua independência econômica. O portfólio conta com representações de santos e também esculturas para jardins e até mesmo fontes. Quem tiver interesse pode conversar com o artista pelo número 9 9281-3059.
Um ofício ensinado pelo avô
Quando pequeno, Carlos acompanhava com atenção o trabalho realizado por seu avô, Otto Helmuth Hoerlle. Ele extraía pedra grés e depois fazia utensílios com ela, como gamelas, afiador de faca, cocho para porcos e bebedores para passarinhos. Apesar de acompanhar o trabalho do avô, Carlos só se aventurou na arte os 18 anos. No início, ganhava dinheiro fazendo vasos para bonsai.
O escultor destaca que a experiência que seu avô tinha em escolher a pedra ideal para talhar foi algo fundamental no seu sucesso. “A escolha da matéria-prima é 90% da escultura. O resto é diversão”, comenta. Hoje, muito do material que ele utiliza são restos de pedra que foram dinamitadas há muitos anos. “Acabo dando um destino nobre para elas”, observa.
Carlos entende que a escultura é uma arte em extinção. “Hoje há outras coisas que interessam mais”, aponta. Para ele, esculpir é um tipo diferente de arte, em que está sempre aprendendo, já que uma obra nunca é igual à outra. O escultor reforça ainda que não busca fama com seu trabalho, fazendo-o por gosto. “Isso me traz prazer”, garante.