Caridade: a prática do amor que transforma vidas

Conheça a história de pessoas que são voluntárias em Montenegro e lutam por um mundo mais solidário

De acordo com o dicionário, caridade é uma disposição para ajudar o próximo; tendência natural para auxiliar alguém que está numa situação desfavorável; benevolência, piedade. Para a maioria das religiões, essa prática é considerada um alicerce básico para trilhar o caminho da espiritualidade, do bem e do amor. Esse é um conjunto de elementos capaz de transformar a vida de todos que se envolvem nesse enlaço de empatia.
Muitos significados, mas um só objetivo. Seja por meio de doação de tempo, de roupas, calçados, em forma abraço, de um aperto de mão, de um simples sorriso ou de tantas outras formas, o propósito é a prática do bem sem esperar nada em troca. Em Montenegro, a história de pessoas que encontram, mesmo em meio à correria do dia a dia, um tempo para se doar para quem mais precisa é cada vez maior e inspiram novos exemplos.

Embora não goste de falar publicamente sobre o assunto por acreditar que isso não deva ser tratado como uma autopromoção, a consultora de vendas Pâmela Lima, 28 anos, decidiu contar sobre sua história e o modo como a prática da caridade mudou sua vida. Quando criança, ela lembra que sua mãe eventualmente recebia doações das pessoas nas casas em que trabalhava. “Eu lembro da felicidade que a gente sentia em receber essas coisas que precisávamos”, revela Pâmela. “Quando eu era pequena não tinha essa noção de caridade, mas aquela sensação de receber ajuda me marcou”.
Com o tempo, a consultora comenta que tinha vontade de fazer algum tipo de serviço voluntário na cidade e contribuir, mesmo de modo singelo, com quem mais precisava, assim como fizeram com sua família. “A gente sempre quer ajudar, mas nunca sabe por onde”, salienta. “Um dia um amigo me convidou para afazer um trabalho em um asilo da cidade e eu aceitei”.

Como parte do trabalho voluntário, a consultora de vendas frequenta semanalmente a casa de amparo e joga bingo com os idosos, dialoga e doa um pouco do seu tempo para os aposentados que muitas vezes só querem ser ouvidos. “Eles nos contam sobre a vida deles”, disse Pâmela. “Isso traz um sentimento muito bom de fazer pelo próximo algo que um dia a gente vai precisar, além disso, estar dentro do asilo nos faz questionar uma série de coisas, como por exemplo, o que queremos para o futuro”, completa.

O aposentado Luis Gustavo Ferreira Pedroso, 51, explica que existem diversas maneiras de exercitar a solidariedade. “A caridade é o amor em ação, e isso acontece desde um ‘bom dia’, quando você cede um lugar na fila para alguém, quando respeita as pessoas no trânsito, entre tantas formas”, justifica Pedroso.

Há quatro anos, impreterivelmente nas terças-feiras, o aposentado participa de reuniões no albergue do regime semiaberto do Instituto Penal de Montenegro. Nos encontros, além de palestrar sobre a doutrina espírita, ele se coloca humildemente à disposição de todos aqueles que precisam de apoio em meio aos tantos julgamentos da sociedade. “Quando você exercita o amor pelo próximo, você faz a caridade, e só assim teremos um mundo melhor”, destaca o aposentado, que ainda desenvolvimento outras atividade voluntárias na cidade.

Caridade e espiritualidade caminham juntas
De modo geral, a prática da caridade se resume em fazer o bem ao próximo sem desejar nada em troca. O bispo diocesano de Montenegro, Dom Carlos de Romulo, explica que para a Igreja Católica, caridade é amar de maneira concreta. “É através da vida comunitária que nos encontramos e vamos descobrindo uns aos outros, sabendo o nome e conhecendo as necessidades concretas das pessoas. Mas isso também se dá através de muitas ações”, comenta o bispo.

Fátima Sant’Ana da Silva, presidente da Casa de Misericórdia Cacique de Barro

Para Dom Carlos, a vida religiosa possibilita um caminho mais estreito para prática do amor ao próximo com os trabalhos voluntários em hospitais, creches, asilos casas de acolhida, de recuperação de dependentes químicos entre outros serviços que acontece cotidianamente. “As pastorais, os grupos e os movimentos expressam a caridade do serviço e da solidariedade fraterna através de suas ações. Mesmo um grupo de oração, uma confissão, uma bênção”.

A presidente da Casa de Misericórdia Cacique de Barro, Fátima Sant’Ana da Silva, afirma que para o Espiritismo, fora da caridade não há salvação.
“Ajudar o próximo é um ato que nos torna mais humanos e evoluídos, o que acaba por nos aproximar de Deus e das correntes divinas. No final da nossa vida terrestre, tudo que fizemos e adquirimos em atitudes será somado, assim, quanto mais amor e caridade você praticar, menor será a conta a quitar”, justifica Fátima.

“É difícil separar realidades tão diferentes”
Há dois anos, Pâmela Lima visita semanalmente um asilo em Montenegro por acreditar que mesmo que o ato seja algo simples para ela, para os idosos faz total diferença. “Já ouvi de uma senhora moradora da casa dizer que, quando estou lá, o tempo passa mais rápido, isso é muito gratificante”, revela.

“Nem sempre foi assim. No início me sentia muito mal, já que é difícil separar realidades tão diferentes quando se faz algum tipo de trabalho voluntário, mas um dia eu voltei de lá com a certeza de que eu preciso ser a luz na vida deles e não eles escuridão na minha”, relata Pâmela. Ela quase desistiu das visitas, porém, hoje, não abre mão das idas ao asilo.

Solidariedade como parte da natureza humana

O bispo Dom Carlos de Romulo afirma que ser caridoso faz parte do DNA humano

Para o bispo Dom Carlos de Romulo, toda a sociedade responde de forma caridosa diante de grandes demandas e de necessidades urgentes, principalmente quando é provocada e estimulada, o que ele enxerga como uma esperança em um mundo melhor
“Nossa missão é cultivar a caridade, o amor uns aos outros, no cotidiano da vida.

Precisamos sempre ser despertados, pois temos sofrimentos que estão à margem da agenda do dia a dia, além disso, é necessário estar atentos a diferentes realidades.  Cada gesto de caridade é sinal de esperança no ser humano. Quando não vivemos isso, estamos fora de nós mesmos, uma vez que fomos criados para amar e servir, portanto, este é o nosso DNA cristão”, completa Dom Carlos.

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