Diocese de Montenegro teve momento de reflexão com representantes de 14 municípios
Na quarta-feira, dia 2 de março, ocorreu a abertura oficial da Campanha da Fraternidade 2022. Na Cúria Diocesana de Montenegro, o bispo Dom Carlos Romulo Gonçalves e Silva recebeu representantes da área de educação de diversas cidades da região para uma conversa sobre o tema deste ano: “Fraternidade e Educação”. Com o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”, a Campanha tem o principal objetivo de envolver diretamente a igreja à educação dos municípios após a dura realidade sentida com o passar da pandemia, no sentido de comunhão e conversão. Além de Montenegro, Maratá, Brochier, Pareci Novo, Vale Real, Barão, São Pedro da Serra, Estrela, Alto Feliz, Feliz, Bom Retiro do Sul, Fazenda Vilanova, São Leopoldo e São Sebastião do Caí estiveram representadas na abertura.
Ciglia da Silveira, secretária de educação de Montenegro, afirma que as escolas sozinhas não conseguem atender às demandas de toda a comunidade, por isso, é preciso uma integração de esforços. Ela cita a grande importância do apoio da Pastoral da Criança. “Este é um ótimo caminho para nós, precisamos da Pastoral. Estamos trabalhando na busca ativa dos alunos para encontrá-los, ouvir suas realidades e saber deles e dos pais por que não estão na escola, por que não retornaram depois da pandemia. A Pastoral da Criança precisa ser um canal de comunicação”, ressalta.
Martinha Maria Dullius, secretária de educação de Bom Retiro do Sul destaca que a igreja nunca foi tão necessária para a educação como neste momento de diversas fragilidades da população. “Precisamos que as igrejas se unam em um movimento ecumênico para dar amor aos nossos alunos em um momento em que as famílias estão debilitadas, desnorteadas. Vamos fazer uma busca ativa e trazer os nossos alunos para este movimento”, orienta.
O padre Marcos Oliveira, de Bom Retiro do Sul e Fazenda Vilanova, pontua que a Campanha é muito oportuna pelo tempo em que se vive, um “pós-pandemia”. Ele relembra as dificuldades impostas para a classe de professores durante o período. “Eu acompanhei a exaustão dos professores principalmente neste segundo ano. Todo mundo teve que se reinventar, mas a classe se desdobrou para ir atrás de novas propostas, para não deixar os alunos para trás”, salienta.
Ele destaca que a Campanha, apesar de católica, sempre acaba englobando toda a comunidade e comenta sobre um episódio vivenciado. “Professores são das mais diversas religiões e realidades. Achei o tema fantástico. Conversando com uma professora estes dias ela me disse que tem dias que desanima, porque passam por muita coisa e não são bem remunerados. Então questionei o que motivava ela a continuar. Ela me disse: o amor pelo que eu faço. Então, é mais que uma profissão, é vocação e amor. O grande ganho de debater esse assunto agora, além de repensar e se reformular é amar o que se é, e nisso, questionar como dar o melhor da gente para os outros”, afirma.
Rosimeri Klein Reck, secretária de educação de São Pedro da Serra, afirma que em todo o processo, sentiu de perto a falta do papel das famílias e dificuldade em distinguir direitos de deveres. “Vemos muitas famílias desestruturadas, então no contexto escolar a gente tenta levar muitas coisas para as crianças, mas quando chega na parte familiar se perde. Por isso, um dos maiores problemas na educação está voltado para o papel da família e saber diferenciar e evidenciar diretos de deveres.”
Para ela, muitas coisas foram se perdendo com o tempo e resgatá-las é fundamental, junto à igreja. “Devemos resgatar coisas da nossa infância em sala de aula, onde tínhamos até mesmo aulas de ensino religioso, em que todas as religiões eram respeitadas. Isso faz falta hoje em dia. Por vários aspectos, acho que muitas coisas da nossa juventude se perderam e deveríamos buscar de volta. Às vezes, falta um pouco de Deus e fé na vida das pessoas e devemos correr atrás disso”, conclui.