Cuidados como limpeza frequente do quintal e dos animais são recomendados para evitar a praga
Muitas pessoas vibram com a chegada do calor, e o Verão é uma das estações mais queridas por aqueles que podem aproveitar o seu tempo na praia e ao ar livre. Porém, esse aumento na temperatura não é tão agradável para os animais de estimação. Além do calor constante, eles ainda correm o risco de sofrer com os carrapatos.
E é nas temperaturas mais quentes que esses parasitas se reproduzem com mais facilidade. Renata Brodt, 54, moradora do bairro São João, observou essa infestação nas proximidades da sua casa. Segundo ela, nunca viu tantos assim. “Meus cães são tratados religiosamente para evitar, e mesmo assim, após passeio curto, retiro carrapatos deles”, conta.
Preocupada não só com animais, Renata diz que muitos carrapatos são vistos nas pracinhas frequentadas por crianças. “É uma loucura, porque as crianças brincam lá, e carrapatos, quando contaminados, transmitem doenças graves para pessoas e animais”, expressa.
Em conversa com veterinários, a montenegrina diz que muito desse problema também é pelos terrenos baldios. “Aqui em Montenegro tu vê muitos terrenos abandonados que os donos não limpam que são locais de proliferação desses bichos. Sempre tem carrapatos, não da para ser ingênua, mas esse ano está demais, no bairro eu observo terrenos e cachorros abandonados na rua que devem estar cheios de carrapatos”, fala Renata.
A preocupação com o carrapato-estrela
De acordo com a chefe da Vigilância em Saúde de Montenegro, Silvana Schons, a situação é sazonal e não há nenhum surto notificado de carrapato na cidade. “Quando entra as temperaturas altas nós temos bastante pessoas ligando e informando que o seu pátio está com infestação de carrapatos. O sol aumenta a temperatura e diminui a umidade, por isso a questão dos carrapatos, mas a vigilância está sempre à disposição para orientar a comunidade”, comenta.
A maior preocupação em saúde pública quando se fala desses pequenos aracnídeos é com o carrapato-estrela, que pode transmitir a febre maculosa, dentre outros transtornos para saúde, podendo chegar até a morte se não for detectado em tempo. Segundo Silvana, nos últimos três anos não se tem registro do carrapato-estrela em Montenegro, e todas as notificações de possível febre maculosa são monitoradas .
“O Ministério da Saúde, a partir da portaria n° 4 de 3 de outubro de 2017 tornou a notificação da febre maculosa obrigatória, então as autoridades sanitárias têm que ser avisadas pelos médicos quando o paciente está sendo investigado com suspeita dessa febre causada pelo carrapato-estrela”, relata. No momento está sendo realizada uma investigação epidemiológica de campo para descobrir onde está sendo o foco para tentar diminuir as infestações de carrapato.
Por ser muito pequeno o carrapato é difícil de identificar a olho nu se é estrela ou outro tipo e, segundo Silvana, o ideal é que quando a pessoa perceber que está com um carrapato aderido na pele ou no animal e quiser a identificação, basta levar até a Vigilância, na rua João Pessoa, n° 1539. “Nós temos um laboratório de entomologia aqui na Vigilância, caso as pessoas queiram trazer os carrapatos para serem identificados, podemos olhar”, recomenda.
Como Vigilância Sanitária, Silvana conta que o trabalho realizado é deslocar a equipe de zoonoses até as famílias que fazem contato para prestar orientação. São dois agentes de endemias sob orientação de uma médica veterinária. “Eles vão e auxiliam no que fazer para evitar que o carrapato continue se proliferando, esse é o nosso papel maior como Vigilância Sanitária, já a Vigilância Epidemiológica irá cuidar dos casos de doenças”, explica.
Para o próximo ano os planos é de capacitação das equipes médicas e de enfermagem do município para terem um olhar mais voltado para as endemias. Segundo a Vigilância, até o momento já foram realizadas quatro denúncias de infestação na cidade, em contrapartida com duas em todo 2018.
Cuidados e perigos
Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 5% dos carrapatos estão no corpo do animal doméstico, enquanto os outros 95% encotram-se no ambiente, na forma de ovo, larva ou ninfas. Os maiores cuidados para evitar a infestação de carrapatos é manter o pátio limpo e os animais domésticos tratados. O recomendável nas épocas de mais calor é de ter esse cuidado de 15 em 15 dias.
Além disso, não deve-se deitar em um gramado sem estar sob um pano, pois é na grama que geralmente eles se alojam. “Manter os lotes sempre limpos, cortando a grama bem rente ao solo e vistoriar sempre o corpo dos animais domésticos são outras dicas importantes”, diz Silvana Schons.
Ao detectar que o animal tem um carrapato deve-se procurar um veterinário para aplicar o carrapaticida correto, e os pátios também devem ser dedetizados por empresa especializada devido à toxidade. Se a pessoa perceber que está com um carrapato deve tirar de uma só vez todo o bicho, e o ideal é procurar sempre uma unidade de saúde mais próxima para tomar os primeiros cuidados.
Quando o carrapato pica não é possível notarmos, pois ele libera pela saliva um tipo de anestesia, e é pela saliva que o aracnídeo consegue introduzir a bactéria.Ao atravessar a barreira da pele a bactéria causa febre maculosa que chega ao cérebro, pulmões, coração, fígado, baço, pâncreas, tubo digestivo, e por isso é importante saber identificar e tratar a doença o quanto antes para evitar a morte.
Sintomas da Febre Maculosa
Febre acima de 39° e calafrios, de inicio súbito
Dor de cabeça intensa
Náuseas e vômitos
Diarréia e dor abdominal
Dor muscular constante
Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
Gangrena nos dedos e orelhas
Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória