Tráfego de veículos pesados no local é visto como uma ameaça de novos desmoronamentos
Os desmoronamentos ocorridos no Cais do Porto em agosto de 2018, próximo à pizzaria, e em 26 de abril deste ano, nas imediações da Câmara de Vereadores, devem determinar a suspensão do tráfego de veículos pesados em toda a extensão da orla do Rio Caí? O assunto começou a ser discutido esta semana no Legislativo. O objetivo seria impedir que a trepidação provocada por caminhões e ônibus cause novos danos ao talude.
O vereador Valdeci Alves de Castro (PSB) propôs a reunião depois de receber a ligação de uma moradora da beira do Rio. “Ela me perguntou se eu havia visto como balançam os prédios durante a passagem de caminhões pesados”, explicou. Em outro momento, segundo ele, o próprio prédio da Câmara sacudiu. “Parecia que tinha dado um trovão, tremeu tudo aqui”, recorda, argumentando que é preciso eliminar o trânsito de veículos pesados pelo local com urgência.
O “remédio” proposto pelo vereador já foi receitado antes. A arquiteta Letícia Kauer, integrante do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico de Montenegro, lembra que, no dia 2 de setembro, logo que houve o primeiro desmoronamento, o MPPHM, através de ofício, encaminhou uma lista de recomendações à Prefeitura com relação ao Cais. Entre elas, o veto à circulação de todo e qualquer veículo pesado pelo Cais. A normalização do fluxo só ocorreria após a realização de um estudo sobre o impacto, assim como a manutenção da estrutura, para impedir outros desmoronamentos. A sugestão, porém, não foi aproveitada pelo governo.
A historiadora Lisiane Lopes, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, também considera a situação muito grave. “Boa parte do Cais ainda está sendo mantida graças às escadarias existentes”, constata. Elas estariam funcionando como uma espécie de “muro de arrimo”, contenção que segura um pouco as pedras do talude. “As áreas onde o Cais ainda está um pouco mais resistente são as próximas a algum tipo de escada”, constata.
O diretor do Departamento de Transporte e Trânsito, Aírton Vargas, intermediou uma reunião sobre o assunto entre o secretário de Obras Públicas, Ronaldo Buss, e componentes do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico. O titular da Smop disse ontem que, antes de tomar qualquer decisão neste sentido, os técnicos da Secretaria farão uma avaliação no local. A princípio, segundo ele, não há riscos de novos desmoronamentos na beira do Rio. Além disso, Buss entende que o dano ocorrido próximo à Câmara de Vereadores não é fruto da circulação de ônibus e caminhões no local.
O chefe de gabinete do prefeito, Rafael Riffel, disse ontem que os trabalhos de recuperação do talude, próximo à Usina Maurício Cardoso, estão sendo retomados e a previsão é de conclusão em curto prazo. “Tendo uns dez dias de sol, as equipes da Prefeitura devem terminar o serviço, permitindo a liberação do trânsito no local”, ressaltou. Desde abril, as quadras entre as ruas Dr. Flôres e Apolinário de Moraes estão interditadas.