Cães são essenciais na busca por desaparecidos

Instinto animal. Os cachorros são treinados para encontrarem coisas que para o ser humano passam despercebidas

Em tempos de tragédias como as que têm assolado o Brasil, ajuda e novos heróis sempre são bem-vindos. Vítimas do desastre ocorrido em Brumadinho, Minas Gerais, mais de uma centena de pessoas seguem desaparecidas. O número só não é mais alto porque o Corpo de Bombeiros segue na busca por corpos. E, esses profissionais afirmam, nesse tipo de situação, um cão farejador vale por 20 homens.

Anderson e seu cão Adolf no Campeonato Mundial de IPO de 2016, na Alemanha, onde juntos eles representaram o Brasil. Foto: arquivo pessoal

Os cães são treinados para identificar os cheiros de pessoas vivas e mortas, através de comandos dados pelos seus “condutores”, como são chamados os responsáveis por cada cão, em áreas onde pode existir um grande número de vítimas. Em alguns lugares, os bombeiros fazem buracos fundos no chão, abrindo o chamado “cone de odor”, para que o cão possa identificar se há algo que esteja passando despercebido pelos humanos. Se alguém for encontrado, os cães latem. Os cachorros precisam estar atentos, puxando o ar apenas pelo nariz. Se estiver com a boca aberta, é hora de descansar. Segundo a norma, para cada dez minutos de trabalho, são vinte de descanso.

Treinados para identificarem odores específicos, os cães têm sido úteis no desastre para identificarem se partes de corpo pertencem a seres humanos ou animais. Para conduzir um cão de busca e salvamento, os militares também passam por um treinamento básico de adestramento.

Treinamento de cães é feito com diversos objetivos
Claro que nem todo adestramento tem o mesmo objetivo. A escola Obediência Canina é especializa no adestramento de cães domésticos, resolvendo problemas e adaptando o cão para ter um bom comportamento com a sua família. Com um sistema de creche onde o animal gasta a energia durante o dia com atividades como natação, passeio, treinamento sozinho e com outros cachorros, os cães aprendem a se darem bem entre eles, além de adquirirem uma disciplina de horários e de alimentação para evitarem problemas em casa.

Anderson e Arthur Wollmann Soares e Gustavo Gonçalves com alguns dos cães que ficam na creche durante o dia, tendo uma série de atividades

O proprietário Anderson Wollmann Soares explica que apesar do foco da escola ser para cães considerados caseiros, não é incomum treinar cachorros com outro objetivo. “Tem gente que manda cachorro de fora, pedindo um animal de guarda. O treinamento acontece, o cão mora comigo por um tempo, vem treinar durante o dia. Fazemos um trabalho diferenciado para este”, conta. Além disso, o profissional realiza cursos de adestramento e relata que já trabalhou com os bombeiros que estão atuando em Brumadinho. “A gente dá cursos de diversas áreas de adestramento, inclusive resgate. Eventualmente as pessoas fazem cursos particulares aqui ou nós vamos para outros estados, fazendo essas aulas com os grupos. Foi o caso dos bombeiros de Brumadinho, onde vários deles treinaram comigo em Goiás.”

Junto com a escola, Anderson e seu irmão, Arthur, também participam de competições e fazem shows com os cães. “Existem vários tipos de competições, mas o que eu competia com o meu cachorro era o Schutzhund (IPO), que engloba faro, obediência e proteção”, explica. “Todo ano acontece o Campeonato Brasileiro, onde os cinco melhores vão para o Mundial. Em 2016, eu representei o país na Alemanha com o meu cachorro”, lembra. Os shows acontecem em eventos, festas de aniversário e asilo, geralmente, mas no verão a agenda é mais parada. Apesar disso, é comum saírem do estado para se apresentarem.

A Obediência Canina também tem um grupo no Whatsapp com dicas de adestramento, que pode ser acessado através de um link nos perfis da escola no Instagram, em @obedienciacanina e @obedienciaonline.

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