Cidade cresceu e mostra que vai muito além da produção de carvão vegetal
Desde 2006, Brochier identifica-se como Capital do Carvão Vegetal. O título busca valorizar toda uma cadeia produtiva de grande importância para a economia local. Mas, completando 35 anos nesta terça-feira, 11, Brochier mostra que vai além da produção de carvão vegetal. Crescendo, o Município tem uma economia que se diversificou e que ajuda a levar o seu nome para outros cantos do Estado, do País e do Mundo.
Exemplo disso é a Nautiflex, indústria de barcos e balsas salva-vidas. Localizada na comunidade de Reta Grande, às margens da ERS-411, a empresa realizada 95% de suas vendas para fora do Rio Grande do Sul. Além de vender para outras regiões do Brasil, a Nautiflex também tem presença no mercado sul-americano. Entre seus clientes estão o campeão olímpico Isaquias Queiroz e também os exploradores da Família Schurmann, bem com a Marinha, o Exército e outras forças de segurança pública de todo o Brasil.
Diretor e sócio-proprietário da Nautiflex, Anésio Scherer lembra que a empresa iniciou suas atividades em 1994, em Porto Alegre. No entanto, diante de um convite do então prefeito Valmor Griebler, mudou-se para Brochier no começo dos anos 2000, ocupando um pavilhão no berçário industrial da cidade. “Vir para Brochier naquele momento nos fez crescer”, afirma.
Segundo Anésio, ao ocupar um espaço no berçário industrial e, com isso, reduzir gastos com aluguel foi possível investir na qualidade e qualificação do produto. Inclusive, a qualidade do produto é certificada, desde 2006, com o selo ISO 9001. O crescimento possibilitou que a empresa adquirisse área própria para a construção da sua sede. Além disso, a Nautiflex adquiriu, em 2010, a área da antiga Irmãos Schmidt Calçados que, hoje, transformou-se, com apoio da Prefeitura, num complexo industrial ocupado por outras empresas.
Assim, juntos, Brochier e Nautiflex cresceram. Inclusive, Anésio recorda que esse foi um lema da empresa. “Tanto que Brochier cresceu e a Nautiflex cresceu e ficou em primeiro, segundo ou terceiro lugar em valor adicionado de ICMS (ao longo dos anos). A empresa cresce e o Município cresce com a arrecadação para poder fazer seus investimentos”, aponta.
O prefeito de Brochier, Clauro Josir de Carvalho, reforça a importância da cadeia produtiva do carvão para o Município. Segundo ele, são cerca de 400 produtores envolvidos e mais de 20 empresas empacotadoras. “Não deixa de ser uma indústria e um fomento muito grande para o nosso Município e para as pessoas que trabalham com o carvão”, afirma. No entanto, ele salienta que a diversificação da economia ajuda Brochier a crescer.
E isso já vem ocorrendo. Como exemplo, Clauro cita o berçário industrial que está com seus seis módulos ocupados. Além disso, a Prefeitura está trabalhando para dar infraestrutura a um distrito industrial na localidade de Reta Grande, onde uma empresa já demonstrou interesse em se instalar.
Brochier tem belezas para mostrar
Para ajudar a levar o nome de Brochier para outros lugares e trazer retorno para o Município, o turismo tem se mostrado como opção econômica. Com os encantos de lugares com belezas naturais em meio aos morros que cercam Brochier e a gastronomia, a cidade busca se colocar como destino aos turistas.
Foi querendo mostrar diferentes características da Capital do Carvão Vegetal que Paulo Ricardo Fetzner resolveu abrir a propriedade de sua família em Batinga Sul para visitantes. “A ideia de trabalhar aqui foi depois de viajar para outros lugares. Vi alguns lugares que cobravam valores absurdos por algo que eu achava mais bonito o que eu tinha em casa”, conta. Assim, em 2016, ele passou a organizar trilhas e caminhadas pelo interior e desde então busca um desenvolvimento sustentável aliando a atividade turística e a produção agrícola de sua família.
De lá pra cá, são quase dois mil visitantes – com o grosso deles vindo a partir de 2019. As atividades envolvem caminhada de seis quilômetros que passa por oito propriedades, um sítio arqueológico, duas cascatas, mata nativa, passeio de trator e um café rural. Tudo isso organizado por Paulo e sua família, juntamente com o apoio de vizinhos quando necessário. “Além de nós tem várias outras propriedades que estão começando a trabalhar com o turismo, aos pouquinhos estão se ajeitando e a tendência é que cada vez mais cresça a procura”, reforça Paulo.
No entendimento do empreendedor, que também é turismólogo, Brochier sempre teve potencial para desenvolver o turismo. Inclusive, antes de iniciar as visitações à propriedade de sua família, Paulo já buscava trazer turistas para Brochier buscando atrações como passeio de balão. “A gente gosta muito de Brochier, até porque tem um certo bairrismo. A gente gosta, nasceu aqui e tudo mais, mas, ainda mais depois da pandemia, a gente viu a necessidade – a importância – de ter um espaço mais ao ar livre, mais do interior, mais calmo”, analisa.
História que vai além dos 35 anos de emancipação
Como cidade, Brochier está completando 35 anos. No entanto, sua história começou muito antes. Foi no começo da década de 1830, com os irmãos Jean Honoré e Auguste Brochier, que começou-se a escrever a história da Capital do Carvão Vegetal. Os franceses se estabeleceram às margens do arroio que hoje leva o sobrenome deles, num espaço junto ao que corresponde ao Centro do Município atualmente.
Habilidosos, Jean Honoré e Auguste possuíam uma serraria e trabalhavam na extração de madeiras – com os troncos sendo transportados pelo arroio. Até que, em 1866, os primeiros imigrantes alemães, por meio da família Augustin, começaram a colonizar a região após adquirirem dos franceses lotes de terras no que hoje é a localidade de Linha Pinheiro Machado. A chegada dos novos imigrantes deu fôlego para o crescimento da região.
Buscando manter a lembrança dessa colonização alemã, Rubio Kleber criou e mantém o Memorial Neu Frankreich, em Linha Pinheiro Machado. Tal empreitada exigiu muito esforço, principalmente na recuperação de fotos e na identificação dos momentos que elas representavam. “Não adianta tu colocar uma foto se tu não sabes quem está ali e a época em que, mais ou menos, isso aconteceu. Então, foi esse o trabalho mais difícil que tive”, explica.
Pensado na dificuldade que é reunir itens históricos é que Rubio lamenta o fato de a cidade não contar com um museu municipal. “Brochier merecia ter uma espaço, ainda mais que a gente tem toda a história dos irmãos Brochier. Pena que o local onde eles tinham suas casas ficou abandonado, não restou mais nada”, comenta. Lembrando que não se pode pensar Brochier apenas a partir de 1988, quando da emancipação, Rubio destaca que há muitas incógnitas sobre o passado dos irmãos que primeiro habitaram a região. “Não se sabe como se foi o tempo que eles estavam aqui. Por quê? Porque todo o material de literatura e cultura se perdeu”, diz.
O prefeito Clauro reconhece a importância do memorial mantido por Rubio e afirma que o Executivo ainda dá os primeiros passos na direção da criação de um museu municipal. Segundo Clauro, uma possibilidade é transportar uma escola do estilo brizoleta localizada em Nova Holanda para uma área mais central do Município e, ali, instalar um espaço de memória da história de Brochier.
Uma grande festa para celebrar Brochier
Os 35 anos de emancipação política de Brochier serão celebrados em grande estilo com a realização da 14ª Expofesta. A tradicional festa com shows musicais – entre eles o de Maiara a Maraisa –, feira de agricultura familiar e artesanato, exposição de indústria e comércio e rodeio crioulo ocorrerá de quinta-feira, dia 13, até domingo, dia 16. Também celebrando o momento, nesta terça-feira, dia 11, a Câmara de Vereadores realizará, às 19h, sessão solene pelos 35 anos de Brochier.
As soberanas da 14ª Expofesta, Camila Tais Jantsch e Emily Vitória dos Santos aguardam ansiosas pelo início da festa. “Aguardamos um bom público para que juntos possamos fazer da 14ª Expofesta um festa que fique eternizada na nossa memória, da nossa comunidade e na de cada um que vier visitar Brochier”, diz Camila.
Segundo Emily, a expectativa por ver o resultado do trabalho de divulgação é grande. “Poder representar nosso Município e nossa Expofesta é uma honra. Por onde passamos deixamos um pouquinho de Brochier no coração das pessoas e o desejo de vir conhecer nossa cidade”, afirma a soberana.
De acordo com o prefeito Clauro, quem vier para a Expofesta – ou visitar a cidade em outros momentos – será bem acolhido. “Brochier é um município muito receptivo. A gente tem pessoas que recebem bem (os visitantes)”, garante. Ele salienta que, para dar gás à festa, o feriado municipal do dia 11 de abril, data da emancipação, foi passado para sexta-feira, dia 14.