Venda, compra e troca. Multiplicação dos briques é uma forma de economizar, mas preste atenção nos produtos
O produto que você compra na loja por R$ 100,00, no brique, está pela metade do preço. A multiplicação do “venda, compra e troca” no Facebook é evidente. Mas cuidado. Têm algumas questões a que você deve prestar atenção antes de pagar. Entre as centenas de opções de venda disponibilizadas no Facebook, está o “Brique das Meninas” e o “Tá pra Brique Montenegro”.
Com quase 15 mil integrantes, o Brique das Meninas é movimentado 24 horas. De acordo com Nicole Gomes, de 22 anos, a atual administradora, o objetivo é vender e trocar peças de roupas que não são mais usadas, ou ainda comprar por um preço mais acessível. “Ele mantém esse objetivo, mas também encontramos outros serviços, como tatuadores, artistas, montadores”, enfatiza.
Este é o único grupo da cidade que é composto somente por meninas, com o motivo de se destacar entre os demais, que são mistos. “Queríamos um lugar onde elas pudessem vender suas lingeries ou peças íntimas sem constrangimentos”, explica Nicole. Apesar de possuir um caráter totalmente feminino, ainda têm muitos homens que mandam convite de solicitação e acabam causando polêmica. “Algumas integrantes acham que não pode haver nenhum homem, outras já pensam que os únicos aceitos são aqueles que prestam serviços. Vendedores de perfumes e freteiros, por exemplo”, aponta Nicole.
O nome, que antes era “Brique das Meninas Montenegro”, modificou-se em função da grande demanda de convites masculinos e agora é chamado “Brique das Meninas Montenegro – Homens parem de adicionar”, que serve de alerta. “Agora, só eu administro o Brique, então demoro muito para aceitar ou recusar as solicitações diárias. Ou seja, quanto menos homens solicitarem entrada, mais tempo vou ter para aceitar as meninas da região”, complementa.
A microempresária não sabe se a antiga administradora, Jéssica Machado, pretendia ter tantos membros, mas Nicole garante que a tendência é só aumentar. “Nós gostamos muito do grupo. Algumas meninas passam o dia inteiro vendo e procurando peças para vender”, sublinha.
Quanto aos problemas, Nicole diz que não há o que controlar. Afinal, a maioria das participantes já é adulta. “Todas deveriam saber se comportar”, justifica. “O que eu faço é resolver algum problema entre os membros, casualmente. Até porque não tem como eu ficar do lado de uma ou de outra quando acontece algum desentendimento. As meninas devem se entender com diálogo, se respeitando e se ouvindo”, frisa. As regras, segundo a administradora, são claras e estão fixadas no topo do grupo. “Todas devem segui-las, sem exceções”, finaliza.
dicas
Tem algumas coisas que você deve observar antes de comprar, trocar ou vender nos briques:
– Não coloque seu produto na publicação de outro integrante;
– confira se o preço é mais baixo do que está sendo vendido nas lojas;
– em caso de venda de alimentos, não pegue foto da internet;
– experimente e veja as roupas sempre antes de comprar.
“Tá pra Brique” tem 105 mil membros
Leandro Moiano foi quem criou o grupo “Tá pra Brique Montenegro” há quatro anos. Ele conta que, na época, queria vender um celular e não conseguia. “Eu criei num fim de tarde, aí imprimi um texto para poder chamar a atenção das pessoas sobre o Brique e, nesse mesmo dia, colei em várias paradas de ônibus”, recorda. “Então os convites não pararam mais”, acrescenta.
As “situações chatas” já não acontecem mais. “Eu não tenho como ficar 24 horas por dia monitorando. Mas sempre que acontece algo incomum, alguém me marca na publicação e eu alerto o anunciante. Muitas vezes, é denunciado e bloqueado”, enfatiza Leandro.
Para manter a ideia original de ser um grupo civilizado e benéfico para os mais de 105 mil membros, existem algumas regras que têm de ser cumpridas, impostas pelo próprio Leandro. “As publicações precisam ser objetivas. Apresentar, no topo, todas as informações necessárias do produto. Caso contrário, peço, individualmente, que o vendedor remova o conteúdo”, aponta. “Também é proibida a ofensa e palavras escritas em letra maiúscula, porque parecem xingamentos”, complementa.
Boa opção para economizar
Ritchelli Charlini Stasiaki Branco é doceira. Sua primeira venda foi através do Brique para as Meninas. “Embora eu sempre tenha gostado de fazer doces, nunca havia pensando em negócio. Até que um dia vi alguém pedindo encomendas no Brique. Lembro que era um cento de brigadeiros. Então eu comentei para ela ‘eu faço para você’, ela aceitou e gostou”, explica. “Fui recomendada às outras pessoas. Então, comecei a oferecer outros sabores e a postar fotos no grupo para divulgar”, acrescenta.
Mas quando se trata de doces e salgados, parte do bom senso do anunciante postar suas próprias fotos e da desconfiança do consumidor questionar a procedência. “Vejo minhas colegas pegando fotos na internet e postando como se fosse produção própria. Isso engana o cliente e se torna uma situação chata”, pondera.
Apesar do inconveniente, Ritchelli afirma que é uma ótima opção para fazer negócios por um preço bem mais em conta. “Todo o enxoval da minha filha, que agora tem um ano, eu comprei no Brique. Nesta época em que tanto se fala de crise, é uma opção maravilhosa para economizar”, finaliza.