Brigada Militar presta homenagem a soldados mortos em Novo Hamburgo

HOMENAGENS foram realizadas ontem e vão continuar hoje no horário do sepultamento

“Toda vez que a gente perde um companheiro de farda, em combate, na defesa da sociedade gaúcha, ocorre uma comoção enorme no Estado”. A manifestação é do major Oscar Bessi Filho, diretor da Escola de Formação e Especialização de Soldados (EsFES), de Montenegro, que ontem, quinta-feira, 24, prestou homenagem ao soldado Éverton Kirsch Júnior, de 31 anos, no horário do seu sepultamento em Novo Hamburgo, às 11h. E nesta sexta-feira, 25, será feito o mesmo quando do sepultamento de outro soldado morto pelo mesmo atirador. Rodrigo Weber Volz, de 31 anos estava internado na UTI e faleceu ontem. Ele será enterrado hoje, em Canoas.

Os militares, em Montenegro, assim como em várias cidades do Estado, estão prestando homenagem ao colega, com continência e toque de sirene, como forma de respeito, reconhecimento e gratidão pelos serviços prestados. Mesmo após a partida, o legado de cumprimento da missão, abnegação e proteção à sociedade continua como exemplo.

O major Bessi lamenta que aparentava ser mais um caso de divergência familiar, como tantos outros registrados diariamente. A Brigada Militar foi chamada, por volta de 23h de terça-feira, devido a uma denúncia de maus-tratos a um casal de idosos no bairro Ouro Branco, em Novo Hamburgo, onde o filho estaria impedindo os pais de sair da residência. O inesperado aconteceu porque os policiais foram recebidos a bala por Edson Fernando Crippa, de 45 anos. Além do PM Everton, que tinha sido pai há 45 dias, e do soldado Rodrigo, o atirador ainda matou o próprio pai, Eugênio Crippa, de 74 anos; e o irmão dele, Everton Crippa, de 49 anos. Outro brigadiano, de 26 anos, permanece internado em estado grave. A mãe do atirador e a cunhada dele também seguem em estado grave na UTI. Já uma sargento e um guarda municipal também estão internados. No total são cinco mortos e oito feridos. O atirador foi encontrado morto quando a Brigada invadiu a casa em que estava.

Bessi não lembra de ocorrência com tantos policiais feridos em combate. “Já participei de enfrentamentos em Alvorada, Porto Alegre e em Montenegro. Não lembro de uma situação tão dramática”, conta. Ele diz que falou com os alunos-soldados da EsFES sobre o ocorrido. “Quando decidimos ingressar na carreira policial, fazemos juramento e sabemos que vamos arriscar nossas vidas quase que diariamente”, frisa. Já foram diversos policiais militares e civis que tombaram. Em Montenegro mesmo, soldados como Jeferson Nei Gonçalves Bermann e Elair Azeredo, perderam a vida, anos atrás, no combate ao crime. O mesmo aconteceu com policiais civis e penais. “Temos que estar preparados para a missão que abraçamos. Atentos para o enfrentamento repentino”, ressalta.

Para o comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva (CRPO) Vale do Caí, tenente-coronel Ailton pereira Azevedo, é um momento difícil da instituição, com a perda de dois colegas. “Procuramos ter junto do efetivo uma estrutura e acompanhamento para que se consiga dar as melhores questões de trabalho e atendimento. Para que quando essas circunstâncias aconteçam se possa dar o apoio e suporte necessário”, afirma, destacando a importância do treinamento e capacitação para o enfrentamento;

O tenente-coronel José Luís Krauze Nascimento, comandante do 5º BPM, a perda de policiais militares é muito grave. “É um tipo de ocorrência que atendemos rotineiramente”, diz, sobre desavenças de família. “O policial militar, por mais preparado que esteja, foi surpreendido por uma ocorrência que descambou para uma das situações mais graves já ocorridas no Rio Grande do Sul. Infelizmente se nota um aumento da agressividade e antipatia da população com relação aos atendimentos policiais. Guarnições têm sido hostilizadas e ofendidas, além de resistência, desobediência e ameaça”, lamenta. Krause lembra um caso recente ocorrido em Brochier, onde um indivíduo rasgou uma intimação, quebrou o mastro da bandeira do Rio Grande do Sul na frente da Delegacia e da Brigada Militar, além de danificar a porta da frente do posto da BM. Depois de ser detido e liberado, ameaçou policiais e armado de uma faca foi na casa de um dos soldados fazer ameaças. “Solicitei ao Ministério Público a interdição e encaminhamento do indivíduo para uma avaliação psiquiátrica, o que foi realizado. Aguardamos o resultado e pedimos a prisão preventiva devido as constantes ameaças aos policiais”, conclui.

Últimas Notícias

Destaques