Marias da Paz de Montenegro colocam a mão na massa e fazem sucesso
Não é apenas na novela das 21h, da Rede Globo, “A Dona do Pedaço”, que existem boleiras trabalhando muito para crescer na vida. Se na ficção Maria da Paz sustentou a filha, Josiane, vendendendo bolos e hoje vê a jovem ter vergonha da profissão “boleira”, por aqui, oferecer essas delícias é motivo de orgulho. As “Maria da Paz” montengrinas fazem de tudo para produzir e vender suas delícias.
Marinez Fátima da Silva, 35 anos, nasceu em Liberato Salzano, no Noroeste do Estado, e veio para Montenegro com apenas 7 anos. Chamada de “Mari da Paz”, ela se assemelha muito com a “Dona do Pedaço” e tem uma história e tanto no ramo da confecção de bolos.
Há cerca de três anos Marinez decidiu fazer um bolo simples para o aniversário da filha e se surpreendeu com o resultado após modificar a receita por conta própria. “Todo mundo achou muito lindo, eu não tinha nenhuma técnica, mas achei que ficou realmente bonitinho”, conta. Ela explica que aos poucos aprendeu algumas técnicas com o programa “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga, famoso pela preparação de receitas.
A boleira trabalhava em uma empresa automotiva e destaca que todos notavam que seu talento não era no ramo em que estava seguindo. “Todos me perguntavam o que eu estava fazendo trabalhando lá”, comenta. Ela conta que nunca teve a intenção de fazer bolos para venda e jamais realizou curso de tortas ou confeiteira. Aprendeu pondo, literalmente, a mão na massa.
“A família ia pedindo e eu ia fazendo, fazia pra um e pra outro e quando vi eu estava vivendo disso”, sublinha. Ela então foi demitida do emprego automobilístico e trabalha confeccionando bolos de pote, para casamentos e aniversários de 15 anos há dois anos.
A Mari da Paz de Montenegro conta que começou sem nada, e que isso nunca foi empecilho para seguir fazendo o que ama. “Eu não tinha forno industrial nem nada. Comecei de baixo, com meu fogãozinho e fui indo devagar”, comenta.
Seu sonho é ter uma confeitaria, porém, explica que ainda não é o momento por questões financeiras. Mas se depender de Marinez, esse sonho irá adiante, pois determinação e talento não faltam. Enquanto isso, seu pensamento está em buscar emprego em algum estabelecimento da cidade, já que é autônoma. “Ano que vem vou procurar emprego em alguma padaria daqui. Em casa é meio difícil, não tem horário, então eu estou sempre trabalhando”, pontua. Tudo parece ter se encaminhado para que Marinez seguisse o caminho da confeitaria. Como ela diz, “só pode ter sido o destino”. Há males que vêm para o bem. Além de ter sido demitida do emprego, Mari quebrou a perna e teve que passar dias de cama.
Ela conta que, exausta de ficar em casa sem afazeres, começou a estreitar laços com a vizinha que trabalhava com bisqui e começou a aprender mais. Assim, trabalhou três anos com a massa. Agora que segue o ramo da confeitaria, a boleira se sente a vontade trabalhando com a decoração dos bolos. “A massa com que decoro se assemelha muito ao bisqui, então eu tenho muita facilidade. Parece que a vida estava me preparando para isso”, sublinha.
Fazer o bolo como se fosse para sua família
Tais Cappelari, de 32 anos, é natural de Campo Bom e mora em Montenegro há cerca de dez anos. Ela conheceu a Mari na empresa automobilística e por incrível que pareça, as amigas se uniram pelo amor pelos bolos.
Atualmente, Tais é cozinheira em um restaurante da cidade e faz bolos em casa, assim como Marinez, conforme as encomendas chegam. “Eu não anuncio em briques e nem nada. As pessoas que fazem encomendas souberam por outras pessoas, compram de mim por indicação mesmo”.
Elas têm uma história bem semelhante. Tais também não herdou de ninguém da família o talento e o amor pela confeitaria. A boleira, que também é chamada pelas ruas de “Maria da Paz”, conta que faz tortas há cerca de dois anos, quando decidiu realizar um curso no ramo por curiosidade de confeccionar apenas em casa, para a família. “Esse curso me abriu muitas portas. A partir dele pessoas começaram a fazer encomendas. No dia dos pais desse ano, por exemplo, eu vendi 37 tortas. Ultrapassaria as 50 se eu pudesse aceitar mais pedidos”, sublinha.
Tais preza muito o cuidado na hora da preparação e adverte: “Tenho que fazer coisa boa e de qualidade. Não é porque é pra outras pessoas que vou fazer de qualquer jeito. Meus ingredientes são fresquinhos, faço como se fosse eu quem vai comer”.
As amigas contam que atualmente, alguns fins de semana chegam a ter quase 30 bolos encomendados, com diversos sabores, texturas, cores e formas. Os valores vão de R$30,00 aos R$ 280,00. Quanto ao tempo de preparo, Marinez conta que enquanto alguns de seus bolos ficam prontos em 40 minutos, os mais complexos precisam de até cinco horas para um bom resultado.