Valorizados. Variedade Pareci ganha mercado enquanto amplia opções
Atualmente, 75% da arrecadação do município de Pareci Novo vêm da agricultura. O setor é puxado pela citricultura e diversificado pelo cultivo e vendas de mudas, plantas e flores; mato de Acácia Negra e pelos criadores integrados de frango e suíno. E, neste momento da colheita, a vez é da bergamota Pareci, que é vendida largamente em estados do Sul, Sudeste e Nordeste, inclusive o disputado mercado de São Paulo. E no horizonte dos agricultores há grande potencial expansivo, inclusive com a adesão gradual ao cultivo de laranjas.
Na semana passada, a Prefeitura realizou a Abertura da Safra 2022 da Bergamota Pareci, uma variedade intermediária do ciclo das frutas cítricas e de temporada curta. “Tem de três a quatro semanas para colher ela. Ela fica entre a Caí e a Montenegrina… o período é agora, no mês de julho”, explicou o anfitrião, Jeferson Frank, o Zezé. Em sua propriedade, no Coqueiral, tem 4,5 hectares (ha) com pomares, além de outras três áreas arrendadas de familiares. Com suplementação de nutrientes através de adubação, Zezé mitigou os efeitos da seca e está colhendo frutas de tamanho médio ao graduado, com acidez normal e alto grau de doçura e suculência.
“Apesar de o tempo ter nos judiado; este ano estamos tentado uma safra muito boa”, comemorou. Mas, para os apreciadores de Bergamota, a má notícia é que a agroempresa Produção de Citros Frank está entre aquelas que alcançaram qualidade “tipo exportação” e sequer vende no Rio Grande do Sul. Por sua característica, a Pareci está entre as preferidas da indústria de sucos, tendo alcançado agora um valor de R$ 40,00 por caixa, após passar a competição com a Caí e com a Ponka. A Produção de Citros Frank tem Certificação Fitossanitária, que exige embarque sem cabinho, o que lhe garante entrada em, ao menos, cinco estados.
Laranjas são práticas e lucrativas
Segundo o engenheiro agrônomo da Prefeitura, Douglas Brand, 50% das bergamotas é vendido para outros estados. O município tem aproximadamente 1.100 hectares com pomares de citros, dos quais 900 são cultivados com bergamotas, especialmente Caí, Pareci e Montenegrina. “Somos o segundo maior produtor de bergamotas do Estado”, confirma Fábio Schneider, vice-prefeito e secretário de Agricultura e Meio Ambiente.
E a variedade Pareci deste ano tem ainda aspecto externo (casca e coloração) atraente; justamente o que faz a diferença no mercado. “Isso aí é filé”, disse Brand, apontando para as Pareci que Zezé expôs no evento. E com essa qualidade, o produtor familiar tem garantido o nicho da “fruta de mesa” (consumida in natura).
O setor em Pareci Novo ainda tem capacidade de expansão, especialmente na laranja, que hoje ocupa modestos 200 ha (divididos com o limão). Esta percepção é fomentada pela abertura de empresas de sucos e extração de óleo essencial na cidade nos últimos anos; além das já tradicionais, como a Novo Citros, que há 24 anos produz sucos e geléias orgânicas.
Brand aponta que as áreas com laranjas – Valência, Umbigo Monte Parsano e Do Céu Paulista – têm sido ampliadas, em um movimento natural dos agricultores. “Ela dá menos trabalho. Não precisa fazer raleio e tem menos podas”, explica. A opção pela praticidade é motivada pela escassez de mão-de-obra, fator que pesa em propriedades onde todo o trabalho é feito pela família. Outra vantagem das laranjas de ciclo tardio é pegar a entressafra paulista de novembro e dezembro. Uma venda garantida e lucrativa, com plantas capazes de carregar com até 170 quilos.
Na contramão do êxodo rural
E tudo tem sido positivo em Pareci Novo. A cidade tem observado um fenômeno de jovens ficando na terra e trabalhando lado a lado com os pais e avós. “As pessoas estão querendo ficar na agricultura”, comemora Brand. O engenheiro tem percebido investimentos nas propriedades, com ampliações estruturais e compra de implementos agrícolas, incluindo empresas e agroindústrias.
A Prefeitura tem incentivado essa sucessão na terra através de projetos de fomento, como horas-máquina e contratação de engenheiro agrônomo para assinar o certificado CFO para vendas fora do RS. “E somos um dos mais fortes municípios em termos de comerciantes”, completou Schneider. O vice se referia aos “packing house”, responsáveis por levar a bergamota a outros estados; e aos viveiros, que vendem mudas diversas para agricultores e moradores da região.