Raras nos centros urbanos, as rezadeiras ainda atraem pessoas de vários credos
Mesmo diante do mundo tecnológico e dos constantes avanços da medicina, uma figura muito conhecida ainda atrai pessoas de diferentes idades, classes sociais e credos que buscam paz e proteção espiritual: são as famosas benzedeiras. Embora cada vez mais raras nos grandes centros urbanos, elas ainda são uma espécie de refúgio quando o assunto é a cura pela fé.
Beatriz Oliveira da Silveira, 75, é uma dessas mulheres que dedica parte da vida à prática de ajudar o próximo, independente de quem seja. “Não sou bruxa, feiticeira ou coisa parecida. Sou apenas alguém que procura ajudar quem mais precisa”, disse a benzedeira, conhecida também como “vó Bia”. “Desde muito pequena, sinto e vejo coisas diferentes. Com o tempo, isso só foi aumentando e hoje em dia, quando algumas pessoas me procuram, já sei o que elas buscam, muito antes de falarem”, revela a senhora de olhar claros, cabelos escuros e poucas palavras.
É na humilde casa, rodeada de verde, flores e borboletas, que a vó Bia recebe todos os meses dezenas de pessoas que procuram pelos seus poderes curativos. “Não tem idade, são adultos, crianças, pessoas idosas, homens, mulheres e jovens, todos procuram a força da benzedura para curar um problema, seja espiritual ou físico”, disse a benzedeira. “Além das pessoas que me procuram regularmente, também tem aquelas que os médicos me encaminham, que são casos em que os pacientes foram desenganados pela medicina convencional. Aí o doutor diz ‘vai lá na vó Bia’, e quando chegam aqui a espiritualidade me conduz a ajudá-los, o que muitas vezes ainda tem jeito.”
No caso do pedreiro Mario Uhhes, 43, a situação foi diferente. Com aversão a hospital, ele conta que durante o trabalho sofreu uma lesão na coluna e se recusou a ir ao médico. “Eu não gosto de jeito nenhum, e como estava com muita dor, me falaram da vó Bia e eu resolvi pedi ajuda dela sem ter que passar primeiro no médico”, relembra Mario. “Cheguei aqui durante a tarde com uma dor que parecia que tinha umas ‘pontadas’. À noite, depois da bênção, já não sentia mais nada”, afirma o pedreiro, que nunca tinha ido a uma rezadeira. “Ela me salvou.”
Assim como a vó Bia, a maioria das benzedeiras segue a fé católica, e para poder ajudar os necessitados, elas pedem intercessão de algum santo de devoção ou, até mesmo, conversam diretamente com Deus, em um ato que une fé e altruísmo. Devota de Nossa Senhora de Fátima, a montenegrina guarda com carinho uma imagem da santa de quem ela acredita receber ajuda para atender quem a procura.
Benzedeira e cartomante: questão de dom
Além da benzedura, é na cartomância que Beatriz Oliveira da Silveira também desenvolve um pouco de sua mediunidade. “Eu acredito que seja um dom que vem de família, porque minha mãe conseguia ler as cartas, assim como minhas tias”, explica a montenegrina. “Para mim, ser cartomante é ajudar as pessoas a enxergarem o caminho do bem, da luz e da paz através das cartas” acrescenta.
Quando se trata de cartas, um dos motivos que mais levam as pessoas à casa da vó Bia são os problemas amorosos. “Com certeza esse é o maior problema da humanidade, seja pela falta ou excesso dele, o amor”, dispara a cartomante. “Tem pessoas que chegam aqui em situação que dói o coração. É é triste, porque elas não querem ver outras coisas relacionadas à saúde e à carreira, por exemplo”, lamenta. “É preciso amar com equilíbrio e cuidado, pois o amor e o ódio andam quase juntos, ninguém sabe onde começa e termina cada um.”
É em uma casa humilde, rodeada de verde, flores e borboletas que a vó Bia recebe diariamente diferentes pessoas. “Não tem idade, são adultos, crianças, pessoas idosas, homens, mulheres e jovens, todos procuram a força da benzedura para curar um problema, seja espiritual ou físico”, disse a benzedeira. “Além das pessoas que me procuram regulamente, também tem aquelas que os médicos me encaminham, que são casos em que os pacientes foram desenganados pela medicina convencional, aí o doutor diz ‘vai lá na vó Bia’, e quando chegam aqui a espiritualidade me conduz a ajudá-los, o que muitas vezes tem cura.”.
Benzimento é de coração
O benzimento não pode ser cobrado. Essa é uma premisse levada a serio entre as benzedeiras. Para a vó Bia, a prática trata-se de uma missão a ser cumprida aqui na terra. “Fazer o bem e ajudar o próximo não há preço que pague”, afirma Beatriz. “Não podemos cobrar para fazer algo que Deus nos deu”, enfatiza.