Avicultura em alerta para evitar a Gripe Aviária

Surto. Aumento de casos na América faz brasileiros reforçarem a prevenção

A América do Sul está em alerta devido ao crescimento de casos de Gripe Aviária. Neste cenário, a avicultura do Brasil está na posição preventiva, sem ainda ter registrado contaminações. Aos agricultores restam poucas, mas importantes, medidas de proteção na propriedade.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil está reforçando a prevenção, após países vizinhos registrarem novamente esta doença viral altamente contagiosa, em especial porque afeta aves domésticas e silvestres. O órgão esclarece que o país nunca registrou presença da IAAP – vírus H5N1 (Influenza Aviária de Alta Patogenicidade). Foram notificados focos da doença na Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Chile. Em alguns se limitando a aves silvestres, mas em outros atingindo aves de subsistência ou de produção.

“Essa é a maior epidemia de IAAP ocorrida no mundo, e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais”, informa o Ministério. Risco multiplicado neste período entre novembro a abril, quando acontece a migração de espécies do Hemisfério Norte para o Sul. Diante disso, foram ampliadas ações de vigilância pelo serviço veterinário oficial e órgãos ambientais, e o reforço das medidas de biosseguridade pelos produtores, com o objetivo de mitigar os riscos de ingresso e disseminação no País.

Elas incluem a testagem de amostras coletadas de aves de subsistência criadas perto de sítios de aves migratórias. Através deste é monitorada a circulação viral, permitindo a demonstração de ausência de infecção, apoiando a certificação do Brasil como ‘País Livre da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade’. Neste ano, já foram recebidas 34.205 amostras nos Laboratórios Federais em São Paulo e no Rio Grande do Sul.

Prevenção é responsabilidade de toda a cadeia produtiva
O extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Regional de Lajeado, João Alfredo de Oliveira Sampaio, revelou preocupação, ao lembrar que o Brasil é o maior produtor de aves e ovos do planeta. “Esta questão é muito séria e pode comprometer a economia, pois pode paralisar a exportação”, aponta. O órgão está tratando desta questão com a Divisão de Sanidade Animal, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). A pasta elaborou material de divulgação, com cards e stories em redes sociais e um cartaz para ser afixado em locais públicos. No site da Secretaria (agricultura.rs.gov.br) é possível fazer o download.

A campanha segue orientação do Mapa, que tem reiterado que a prevenção é responsabilidade de todos os atores da cadeia de produção; salvaguardando a sanidade da criação e mitigando os impactos socioeconômicos. “A primeira linha de defesa é a detecção precoce e a notificação oportuna de suspeita da doença”, ressalta o diretor do Departamento de Saúde Animal, Geraldo Marcos de Moraes.

Avicultores estão conscientes
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) também tem orientado a agricultura familiar a respeito do risco eminente. O presidente, Carlos Joel da Silva, aponta aos cuidados primários: observar o vazio sanitário; realizar higienização dos ambientes e evitar a entrada de pessoas de fora nos aviários. Outra observação trivial, mas importante, é observar a presença de aves silvestres, em especial migratórias, nos arvoredos próximos. “A orientação é básica! Cada um fazer a sua parte, como as empresas também devem”, salientou.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Montenegro, Maria Regina da Silveira, consultou alguns avicultores integrados de empresas, que revelam intervalo de 15 até 19 dias de vazio sanitário. Também destacam a importância de evitar visitas externas; trocar os calçados para entrar na granja; realizar a desinfecção de veículos e galpões; e evitar entrada de pássaros silvestres no aviário.

Como identificar e proceder
O Mapa lançou norma técnica de como proceder diante de suspeitas de influenza aviária. A primeira obrigação é notificar, imediatamente, aos Serviços Veterinários Estaduais ou nas Superintendências Federais de Agricultura. A influenza aviária de alta patogenicidade é caracterizada, principalmente, pela alta mortalidade de aves. Podem haver sinais clínicos, tais como andar cambaleante; torcicolo; dificuldade respiratória e diarréia. Os produtores de aves devem reforçar as medidas de biosseguridade das granjas (evitar o contato de aves silvestres e de pessoas alheias ao sistema produtivo).

Em relação às infecções humanas, o Mapa ressalta que podem ser adquiridas principalmente por meio do contato com aves infectadas (vivas ou mortas) ou ambientes contaminados (secreções respiratórias, sangue, fezes e outros fluidos liberados no abate das aves). Já o risco de transmissão às pessoas por meio de alimentos, desde que devidamente preparados e bem cozidos, é muito baixo.

Vazio Sanitário
Intervalo entre a retirada de um lote de aves adultas e colocação de um novo lote de pintos no galpão. O tempo é necessário para que seja realizada higienização correta das instalações. Este vazio quem define são as empresas.

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