Concessão e novos valores iniciaram na quarta-feira, gerando protestos dos motoristas
Os primeiros dias com novos valores nas tarifas da praça de pedágio de Portão têm sido marcados por protestos dos motoristas e grande aumento no movimento do desvio. Além das reclamações, ocorreram filas, já que no início o sistema de cobrança automática com tag eletrônica, esta não estava funcionando. O policiamento foi reforçado pela Polícia Rodoviária Estadual (PRE), em razão dos protestos.
Desde os primeiros minutos de quarta-feira, 1º de fevereiro, passou a vigorar o reajuste de 83%, aprovado na semana anterior em reunião do Conselho Superior da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs). O mesmo dia foi marcado também pelo início da gestão da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG), que passa a administrar as rodovias do bloco 3 através da concessão, substituindo a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), que é do Governo do Estado.
Para automóveis, a tarifa passou de R$ 6,50 para R$ 11,90. Motos passam a pagar R$ 6,00. Os valores vão aumentando de acordo com o número de eixos dos veículos. Carros com reboque pagam R$ 17,90. Para caminhões, ônibus e furgão, a tarifa mais barata é R$ 23,80. Para caminhões, dependendo do número de eixos, pode chegar a R$ 71,40. “É mais um aumento que temos de aguentar”, se queixou o motorista de um caminhão, enquanto aguardava na fila.
Asfalto no desvio
Em protesto contra o aumento de 83% nas tarifas e o fim da isenção para moradores do município, o prefeito de Portão, DelmarHoff, o “Kiko”, confirmou nesta semana que vai asfaltar o desvio do pedágio, em Rincão do Cascalho. O prefeito também informou que ingressou com ação na Justiça, alegando que o fim da isenção é um ato inconstitucional. “É um absurdo o que está acontecendo”, protestou. Kiko informou que será feito o asfaltamento da Rua São Leopoldo até a Rua Otávio Juventil da Rosa. Ainda deve ser feita a licitação da obra, com previsão de asfaltamento até o meio deste ano.
Depois de um ano, o pedágio de Portão deverá ser desativado. Duas novas praças estão previstas na região, no quilômetro 4 da ERS-122 (São Sebastiãodo Caí) e no quilômetro 30 da ERS-240, em Paquete (Capela de Santana junto à divisa com Montenegro). A cobrança deverá ocorrer nos dois sentidos. Lideranças do Caí e Capela ainda lutam, inclusive com ações na Justiça, para tentar impedir a instalação dos novos pedágios. Outra possibilidade é obter a isenção para veículos emplacados no Caí e em Capela. Entretanto, nada está garantido. O Governo do Estado, em contato com a CSG, prometeu apenas analisar as reivindicações.
A CSG deverá administrar e explorar as rodovias por trinta anos, prometendo um investimento de até 3,4 bilhões de reais. A expectativa é de que em seis meses as rodovias já estejam em melhores condições. Entretanto, obras mais relevantes só devem ocorrer a partir de 2024 e 2025. Sobre as tarifas, a única promessa da concessionária é oferecer descontos entre 5% e 20% aos usuários mais frequentes. Neste caso, os motoristas deverão ter tag em seus veículos. Para receber o desconto máximo de 20% o condutor terá de passar pelo menos vinte vezes ao mês na praça.
Nara está lucrando
Quem não está se queixando é dona Nara, de 54 anos. Ela diz que faz sete anos que trabalha com pá e enxada, tapando buracos no trecho de cerca de 300 metros de chão batido do desvio. “Aumentou bastante o movimento aqui. São os dias mais movimentados”, diz.
Nara afirma que recebe alguns trocados. “Dá para sobreviver”, afirma, calculando que tira uma média de cem reais por dia, doados por motoristas que passam pelo desvio, enquanto ela tapa os buracos. Ela disse que só ficou sabendo do aumento de 83% nas tarifas do pedágio quando saía de casa e percebeu o intenso trânsito no desvio. Mas Nara já está preocupada com o que vai acontecer a partir da metade do ano, quando o trecho do desvio deverá estar todo asfaltado e não precisará mais dos seus reparos. “Até lá vou trabalhar aqui. Depois vou ter que dar um jeito na vida”, conclui.