O fim de ano é uma época em que a população produz resíduos acima do normal, principalmente com embalagens de presentes e restos de produtos alimentares. Infelizmente, a cena de excesso de lixo em locais públicos no dia seguinte ao Réveillon se tornou comum. Entretanto, com ações simples e pensamento coletivo, é possível tornar as festas de fim de ano mais sustentáveis e econômicas.
Além de pensar em produzir menos resíduos e economizar dinheiro, as pessoas também devem valorizar o comércio local. A compra de um produto importado pode estar atrelada, na maioria dos casos, ao status ou à economia. Contudo, poucos pensam nas consequências e nos impactos desses produtos, seja em relação aos custos energéticos para seu transporte distante ou em eventual origem em um país onde a legislação e a fiscalização não imponham regras suficientes para que se garantam a observância de cuidados ambientais em sua produção. “Quando pensamos em festas de fim de ano mais sustentáveis, precisamos pensar sempre que isso depende de um tripé, que além do ambientalmente mais sustentável ainda deve contar com questões relativas à viabilidade econômica e à justiça social”, enfatiza o biólogo e ambientalista Rafael Altenhofen.
Em um período de grande procura por presentes, a sugestão é buscar produtos que sejam de origem local ou que se relacionem com modelos de desenvolvimento e de mundo que esperamos viver no futuro. Para a criançada, por exemplo, há brinquedos que, além de confeccionados com produtos mais naturais (como jogos e peças de madeira), ainda estimulam a criatividade, a cooperação, a prática de atividades físicas e a integração com outras pessoas. Produtos artesanais também podem ser boas pedidas.
Um dos momentos mais simbólicos deste período é a ceia de Natal, que pode ter produtos mais naturais e preparados localmente. “A região tem uma tradição em produtos agroecológicos, produzidos pela agricultura familiar, sem o uso de agrotóxicos e conservando o meio ambiente. Temos a feira do produtor rural e lojas especializadas em Montenegro. Uma opção ainda mais sustentável é a de utilizar produtos plantados pela própria família”, ressalta Altenhofen.
Vegetariano, o ambientalista afirma com segurança que é possível preparar uma ceia de Natal sem ou com menos carnes. “A internet está cheia de opções de receitas de ceias, mais simples ou mais elaboradas, com frutas, cereais e derivados, que além de muito saborosas, são mais saudáveis e com preços mais em conta”, frisa. Para quem não abre mão, a carne pode ser um acompanhamento, e não necessariamente a principal atração da ceia.
Outra questão importante levantada por Altenhofen é a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, prática que devemos exercitar diariamente. “Um abraço, um prato de comida ou um presente para um necessitado são formas muito mais eficazes de compartilharmos amor e felicidade do que soltarmos fogos de artifícios para mostrar aos outros nossa alegria. Aliás, além de estarem proibidos, custarem caro e causarem poluição atmosférica, os fogos de artifício ainda prejudicam muito, com seu barulho, a idosos, a pessoas com autismo, animais de estimação e animais silvestres”, relata.
Nessas datas simbólicas que encerram o ano, o importante é a população entender que a celebração, o espírito de amor e de paz são os principais motivos da ceia. Tornar o Natal mais sustentável é um processo que envolve não apenas o cuidado com o planeta, mas com as pessoas e com os sentimentos de cada um. “Mais vale um presente simbólico, um pão e um copo d´água compartilhados em compaixão, união e amor, do que a mais cara bebida servida num cálice de ouro onde não haja amor e união naquela celebração, e onde não se compartilhe com o próximo”, completa o ambientalista.