CERCA de 70 pessoas estiveram na Promotoria pedindo que dique não seja reconstruído
Aproximadamente 70 pessoas atingidas por enchentes em Montenegro, estiveram no final da tarde de quarta-feira, 6, no Ministério Público (MP), protocolando uma denúncia contra uma estrada-dique, no município de Capela de Santana, que estaria impactando no nível das cheias do rio Caí. Giovani Bender, morador do bairro Ferroviário e que organizou a denúncia, diz que foi feito o protocolo na Promotoria Especial dos Crimes Ambientais, com promessa de receber resposta até o final desta semana. “Vamos aguardar a manifestação do MP”, afirma, citando que foi encaminhada por assessores para a promotora de Justiça Rafaela Hias Moreira Huergo. “Pedimos diligências no local para verificar a situação”, completa.
No ano passado, Montenegro e a região sofreram várias enchentes, sendo que a maior de todas, em novembro, atingiu cerca de 9 metros no município, resultando em muitos prejuízos. Para os montenegrinos que assinaram a denúncia no MP, o dique que fica do outro lado do rio, em frente ao Balneário Municipal (Baixio tem sido um dos principais responsáveis pelo agravamento das enchentes. “É uma estrada que foi levantada e transformada em dique para proteger uma lavoura de arroz”, explica, mostrando fotos aéreas, registradas através de drone. “Para a nossa sorte, na grande enchente de novembro do ano passado, o dique não resistiu e se rompeu”, declara. Se não fosse isso, os moradores projetam que a cheia seria ainda maior, com cerca de meio metro a mais de elevação. “Essa era a projeção da CPRM”, diz João Boos.
Para Giovani, é importante que as autoridades tomem alguma atitude, pois as enchentes são cada vez mais frequentes e podem ocasionar uma grande tragédia. “Esperamos que os órgãos responsáveis realizem a fiscalização. E de imediato seja embargada qualquer obra de reconstrução da estrada-dique”, informa, pedindo estudos de impacto ambiental e exigência de licenciamento. A preocupação, segundo ele, é porque o dique já estaria sendo levantado novamente.
Nilton Ramos Garcia, o “Taquari”, diz que a estrada-dique, junto à barranca do rio Caí, em Capela de Santana, já teria sido construída há cerca de 50 anos, justamente para proteger uma plantação. “Foi fechada uma sanga, que foi aterrada. E está represando a água que iria para os banhados e agora vem para o lado da cidade”, declara o morador, que costuma navegar pelo rio e esteve no local. “Estão fazendo um dique ainda mais alto, que vai aumentar as enchentes”, teme.
Outras ações contra o dique já foram ingressadas no Judiciário de Portão, que abrange Capela de Santana. “Foram ingressados outros dois processos em Portão”, lembra João Boos, que foi o autor de uma das ações. “Em 2015 estivemos de lancha no local, quando foi encaminhado um processo para desfazer o dique. Foi desmanchada só uma parte”, recorda, esperando que não seja reconstruído o dique. “Pode ser feita uma ponte ou um canal extravasor para escoar a água”, entende, para evitar o represamento e enchentes ainda maiores.