Atendimento de traumatologia no HM será retomado em um mês

Serviço está suspenso desde o fim do ano passado deixando pacientes na fila

Está bem encaminhado o retorno do atendimento de traumato-ortopedia de média complexidade no Hospital Montenegro (HM). A secretária estadual da saúde, Arita Bergmann, participou de reunião na Câmara de Vereadores de Montenegro na tarde da última quarta-feira, dia 26. Na ocasião, foi encaminhada proposta do Governo do Estado, com a participação de 14 municípios da região, para o repasse de recursos garantindo o serviço que está suspenso no HM desde o fim do ano passado. Desde então os pacientes entram na fila por leitos em hospitais de Esteio e Sapucaia do Sul. Isso tem gerado sofrimento e transtornos, inclusive correndo risco de sequelas. Nas redes sociais um morador de Capela de Santana, que foi vítima de acidente de moto, postou um vídeo mostrando que está internado no HM faz quase um mês, aguardando cirurgia de fêmur. E outros casos são relatados envolvendo pacientes de Montenegro e da região.

O prefeito de Montenegro, Gustavo Zanatta, esteve em Porto Alegre reunido com a secretária Arita Bergmann na última semana. Ela revelou, então, a proposta de implantar um ambulatório de traumato-ortopedia pelo Programa Assistir que poderá abranger o atendimento da região. Na ocasião prometeu vir a Montenegro para tratar do tema, ressaltando a importância de uma solução conjunta, envolvendo prefeitos e o hospital. Também houve a intervenção do deputado Edivilson Brum junto ao vice-governador Gabriel Souza para que se resolvesse o impasse. “Temos que buscar alternativas concretas e ampliar o atendimento de média complexidade no HM, que já teve o serviço. E futuramente buscar também a alta complexidade”, disse Arita, em sua fala inicial na Câmara.

O prefeito Gustavo Zanatta ressaltou o interesse de todos os municípios no retorno do atendimento. “Acredito que vamos conseguir resolver esse problema”, afirmou, citando que a proposta apresentada é do repasse equivalente a 77 centavos por habitante e mais os R$ 70 mil do Estado. Montenegro, por exemplo, vai pagar cerca de 50 mil reais mensais. E as demais cidades proporcionalmente de acordo com a população. Além das Prefeituras, terá o repasse do Estado. O Governo já deve providenciar a mudança no contrato, que incluirá a traumato-ortopedia com atendimentos de urgência e emergência através de consultas e cirurgias. Arita explica que será um ambulatório de especialidade em traumatologia, oferecendo um mínimo de 240 consultas e 30 cirurgias ao mês, número que poderá ser ampliado para atender mais pacientes da região.

Oito prefeitos presentes, mais secretários de saúde de outras duas cidades, se manifestaram ressaltando a importância da volta da traumato no HM. O diretor técnico do hospital, médico Jean Ernandorena, lembrou que a traumatologia era uma tradição no Hospital Montenegro. “É um serviço que está fazendo muita falta”, declarou, sobre a necessidade dos pacientes, parabenizando o empenho dos gestores dos municípios e do Governo do Estado. “Quem vai sair ganhando será a população da região”, completou, confirmando que em breve o serviço deverá ser retomado.

A secretária estadual Arita Bergmann propôs a criação de um grupo de trabalho e o encaminhamento de ofício dos municípios para confirmarem o cofinanciamento. Sugeriu um levantamento de quantos atendimentos de urgência são necessários num primeiro momento. “Quero voltar em Montenegro em 30 dias para assinar o contrato em 26 de maio”, agendou, sob aplausos.
De acordo com o gerente de Contratos e Convênios da Prefeitura de Montenegro, Sílvio Kaél, os prefeitos deverão elaborar projetos de lei, pedindo autorização à sua Câmara de Vereadores, para realizar a despesa. Sobre os R$ 50 mil que serão repassados por Montenegro, Kaél disse que “pode parecer um valor alto, mas, com certeza, o transporte para outras cidades – que inclui servidores, combustível, veículos e sua manutenção – custa mais do que isso”.

Presidente da Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (AMVARC), o prefeito de Barão, Jeferson Biriba, destacou a importância da participação dos municípios. Lembrou que a proposta deve passar por análise dos departamentos jurídicos das Prefeituras, mas acredita que será viabilizada para o repasse dos recursos.

O vereador Sérgio Souza, vice-presidente da Câmara de Montenegro e que representou o legislativo local, aproveitou para pedir também a implantação de um Centro de Oncologia no HM. E já aproveitou para convidar para uma audiência pública, dia 8 de maio, às 15h, também na Câmara, para discutir o tema.

Luis Gustavo Piccinini está há 27 dias internado no HM aguardando por cirurgia de traumato-ortopedia. Em vídeo, relata a agonia e as dores por esperar tanto tempo

Quase um mês esperando e sofrendo
Entre os pacientes que aguardam por cirurgia de traumato-ortopedia, lembrado na reunião na Câmara, está o caso de Luis Gustavo Piccinini, de 31 anos, morador de Capela de Santana. Ele postou um vídeo nas redes sociais, relatando o seu drama, enquanto aguarda por cirurgia de fêmur por quase um mês numa cama do HM. Gustavo e a esposa foram vítimas de acidente de moto em Portão. “Estou a base de morfina. Bem atendido pelas enfermeiras e médicos, mas preciso da cirurgia. Minha esposa ficou vinte dias direto no hospital. Meus filhos, de 4 e 7 anos, foram para Santa Catarina para ficar com os avós por não ter quem cuidar aqui. Ligaram dizendo que estão morrendo de saudade”, disse, em lágrimas. “Peço ao governador e vice os recursos. Tem uma ala inteira do hospital esperando vagas, chorando de dor. Olhem por nós”, completa.

Sem ter como trabalhar e com as contas de aluguel e luz em atraso, o casal depende da ajuda de familiares e amigos. Inclusive foi lançada uma rifa digital – “Vamos ajudar o Gustavo nessa batalha” – e doações por PIX 51 997480040. E a situação não é diferente de outros pacientes que também estão aguardando. A expectativa é de que a volta da média complexidade de traumato-ortopedia no HM pelo menos reduza a fila de espera.

Últimas Notícias

Destaques